sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Além das fronteiras

Na busca por um fim de ano mais tranquilo que o último, a vitória em Santa Catarina foi fundamental. A essa altura, tudo que nos resta nesse campeonato brasileiro é conseguir rapidamente a garantia da permanência na série A para voltar todas as atenções para a copa do Brasil. E com isso em mente, mais do que jogar bem, interessa mesmo é ganhar os jogos.

O time fez até uma boa partida dentro das suas limitações, com bastante intensidade no começo do jogo até abrir o placar. Apesar do baixo nível técnico, foi interessante observar o duelo entre os treinadores. Atacado pelos rubro-negros em ambas as laterais, o treinador catarinense modificou o panorama do jogo mexendo no time ainda no primeiro tempo. Luxemburgo demorou a responder, mas conseguiu neutralizar a cartada do oponente na parte final da partida quando o Flamengo encurralou o time da casa e martelou até conseguir o empate em um gol de Nixon, que certamente é mais útil do que o Artur.

Quase ao mesmo tempo, em Phoenix, nos Estados Unidos, o Flamengo dava início a um dos mais importantes projetos para o futuro do clube. As partidas disputadas pela pré-temporada da NBA são o início de fato do processo de expansão da marca do clube para fora do território brasileiro. Uma das promessas de campanha da atual administração, a expansão internacional da marca Flamengo era, supostamente, uma das vantagens alardeadas pela nova fornecedora na época do fechamento do contrato com o clube. Considerado um dos “Big 5” da marca alemã, ao lado dos europeus Real Madrid, Milan, Bayern e Chelsea, o Mais Querido teria seus produtos expostos com o mesmo destaque dos outros quatro nas lojas da marca ao redor do mundo.

A simples exposição do manto sagrado em lojas ao redor do mundo é, porém, muito pouco para ser considerada uma expansão internacional. É fundamental, também tornar a camisa rubro-negra conhecida internacionalmente, algo que até ontem ainda não havia sido feito. E o caminho mais óbvio é, certamente, levar equipes rubro-negras para disputar jogos, torneios ou mesmo realizar a pré-temporada em outros países. Nesta temporada mesmo, vários dos grandes europeus foram aos Estados Unidos, mercado onde o futebol mais cresce no mundo, e fizeram amistosos que poderiam ser perfeitamente decisões importantes de copas continentais.

A busca por novos mercados não é uma novidade sequer para os clubes brasileiros. Ao longo de muitas décadas do século passado eram comuns as excursões dos clubes brasileiros para torneios de verão europeus e até, eventualmente, visitas de clubes de lá ao nosso território. Impossibilitadas por nosso insano calendário futebolístico, eram excelentes oportunidades para os clubes brasileiros, não apenas divulgarem suas marcas e camisas no velho continente, mas também para o velho e bom intercâmbio técnico. O livro Soccernomics traz boas informações sobre os benefícios da mistura de estilos, do aprendizado resultante dos confrontos e dos inúmeros benefícios levado ao futebol europeu. É sempre bom lembrar que temos como bons exemplos um técnico espanhol campeão na Alemanha, um italiano e um argentino campeões na Espanha e um chileno campeão na Inglaterra. Enquanto isso, nosso futebol, fechado em si mesmo, continua taticamente estagnado, com os clubes sendo sobrepujados taticamente por times da Bolívia e do Equador, mesmo jogando em casa.

Nesse momento, o Flamengo está tendo uma oportunidade maravilhosa de conhecer outros mercados e ser por eles conhecido. A competente equipe técnico-administrativa dos esportes olímpicos rubro-negros, ao entrar em contato com esse novo paradigma de profissionalismo, precisará repassar esse conhecimento ao resto do clube, especialmente ao futebol. Indo um pouco mais além, é preciso saber explorar ao máximo o aprendizado técnico/tático, para que o convite possa ser repetido anualmente e até expandido para outros esportes em que o Flamengo alcance destaque.


abraços a todos e SRN!