sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Foi ou não foi?

Com o passar dos anos, avaliar a arbitragem passou a ser quase injusto. O avanço da tecnologia e a quantidade de câmeras ao redor do campo entregam erros, por vezes imperceptíveis aos olhos humanos dos árbitros. O grande problema, é que esses erros podem estragar investimentos da ordem de milhões de reais, euros ou dólares.

Depois de muita resistência da International Board, a Copa do Mundo nos trouxe uma pequena inovação que já faz muita diferença, simplesmente por informar ao árbitro se a bola entrou ou não em um determinado lance. Ainda que não tenha existido nenhum lance realmente polêmico nessa edição – talvez até por conta do uso do recurso - o mundial é pródigo nesse tipo de dúvida. Vale lembrar que até hoje não se sabe com certeza se o gol inglês que desempatou a final da copa de 66 entrou ou não no gol, por exemplo.
 
Um dos argumentos contra o uso dos recursos eletrônicos é poder manter o futebol popular, garantindo que o jogo possa ser sempre disputado com as mesmas regras, independentemente da quantidade de recursos disponível. Sob esse aspecto, realmente não seria viável termos a tal Tecnologia da Linha de Gol na segunda divisão do campeonato da Fferj, por exemplo. Mas o Tênis, que costuma servir de referência no uso da tecnologia e não é um esporte exatamente popular, até pouco tempo atrás não tinha os mesmos recursos de tecnologia disponíveis sequer para os quatro torneios principais. Mas por outro lado, será que o futebol perderia em popularidade se o jogo for um pouco diferente nos principais campeonatos?
 
Ora, se pararmos para pensar, além dos protocolos dos eventos FIFA e UEFA, existem já algumas diferenças significativas do ponto de vista técnico, começando pela qualidade dos gramados - a própria Seleção Brasileira já enfrentou o Zaire num campo pior que os do Aterro do Flamengo. Podemos elencar ainda iluminações precárias, estádios “acanhados” e arbitragens de diferentes níveis técnicos, por exemplo.
 
Aqui no Brasil, já foram tentadas diversas inovações utilizando recursos apenas humanos para melhorar a qualidade da arbitragem, sendo a última dela a inclusão dos tais auxiliares de linha de fundo. Infelizmente, foi um erro a favor do Flamengo que ajudou a desqualificar fortemente a iniciativa quando um gol legítimo contra nós não foi validado num clássico estadual. Ao mesmo tempo, a figura dos auxiliares extras ainda tem suas funções pouco claras, não se sabendo exatamente se ou o que eles podem marcar para que suas funções não se confundam com a dos bandeirinhas. E um outro problema clássico, apontado por vários comentaristas de arbitragem, é a não profissionalização dos árbitros, que não permite que eles estudem mais o jogo e se preparem melhor. Críticas que se somam aos problemas de organização da arbitragem tais como falta de definição de critérios, sorteios, escalas, etc. e que se integram ao cenário caótico da organização institucional do futebol brasileiro.
 
O fato é que toda semana, em qualquer campeonato do mundo, tem pelo menos uma torcida reclamando de algum lance ou levantando teorias da conspiração, normalmente contra o seu time. Nós mesmos já vivenciamos situações estranhíssimas como o campeonato de 2011 que passamos inteiros sem nenhum pênalti marcado a nosso favor. Coincidência? Não sei. Mas fiquei muito satisfeito ao ver o Luxemburgo dizendo que tem passado orientações aos jogadores sobre as novas determinações de bola na mão ou mão na bola que resultaram em diversos lances de penalidades máximas em jogos nossos, contra e a favor. Mostra que o cara está focado, e atento ao que está acontecendo no campeonato e isso, no cenário nacional, já faz muita diferença, como prova a nossa evolução na tabela.

abraços a todos e SRN!