segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Segurança dos Números

Uma vitória fora de casa, afinal. Alívio imediato. Muito irá se dizer a respeito da sua importância, enaltecendo a quebra do tabu nos jogos fora do Rio (vitória e gol marcado), o segundo triunfo seguido sobre o Coritiba no Couto Pereira depois de uma década de seguidas derrotas, voltando ao padrão dos anos 80 e 90; o salto na tabela e o décimo quarto lugar. Mas a tais argumentos, verdadeiros, e que têm sua relevância, podem ser contrapostos os dois míseros pontos que separam o time da ZR, o fato de termos a quarta defesa mais vazada do campeonato e o terceiro pior ataque, dividindo a posição com outros dois concorrentes. Daí Luxemburgo, que vive um período de clarividência e simplicidade o qual espero ver perdurar por longos anos, cravar com a serenidade dos sábios: "não aconteceu nada." A guerra do Flamengo continua a mesma. Ontem vencemos apenas uma batalha.

Contudo, frisando antes que estatísticas podem comportar diversas interpretações, vejo nos números o início da formação de um padrão que transmite segurança, e aqui não me refiro apenas aos 75% (setenta e cinco por cento) de aproveitamento do Luxemburgo, mas ao fato de que o Flamengo completa quatro jogos (Botafogo, Chapecoense, Sport e Coritiba) tomando um único gol (bobo, "culpa do sol", em Chapecó), o que representa uma completa inversão do padrão anterior: oito gols em quatro jogos (Figueirense, Cruzeiro, Atlético/PR e Internacional), fora a sequência de vitórias - três em quatro jogos, para uma derrota.

Não é preciso ser um profissional da estatística para antever uma até certo ponto cômoda fuga do "centro gravitacional" da ZR a médio ou mesmo a curto prazo. O tratamento que a Diretoria dará à Copa do Brasil, além da sorte que o Flamengo terá em relação às contusões, porém, serão fatores decisivos para determinar a velocidade que esse processo terá, podendo eventualmente retardá-lo.

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Em campo, é visível a melhor compactação defensiva do time. Salvo pelas entradas de Eduardo da Silva e Canteros, o elenco é o mesmo, prova de que muito provavelmente problemas de relacionamento interno entre os atletas interferiram negativamente no trabalho do Departamento de Futebol. Não, esse elenco não é, nem de longe, ideal para a disputa do título do Campeonato Brasileiro; sigo reiterando, contudo, como um mantra, que tampouco é elenco para ser rebaixado.

Enquanto teve Canteros e Eduardo com mais fôlego, o Flamengo contra-atacou com perigo e teve as três chances de gol mais claras da partida. Pena que Éverton e Alecsandro desperdiçaram, cada qual, uma oportunidade cara-a-cara com o goleiro adversário. Mas foi em uma "esticada" do argentino, que parece ser sua jogada forte, que Éverton concluiu bem e abriu o placar. Contudo, o primeiro tempo não foi exatamente fácil, pois nem mesmo a formação "tropa-de-elite" de Luxemburgo foi compacta o suficiente para impedir os avanços com perigo do ataque do Coritiba pelo nosso setor direito defensivo. Leonardo Moura, em uma tarde infeliz, foi nulo na marcação e inoperante no apoio. E enquanto foi auxiliado pelo fraco e inseguro Recife, o Flamengo passou seus piores momentos na partida, tomando um forte "abafa" do Coritiba, que sempre atacava com perigo pelo setor esquerdo do seu ataque e direito da nossa defesa.

A entrada de Lucas Mugni no segundo tempo, no lugar de Eduardo da Silva, neutralizou essa única jogada do Coritiba na partida. Embora Mugni, como o restante do time, tenha jogado abaixo do nível da crítica nos aspectos técnico e ofensivo, a verdade é que o Coritiba se limitou a ter a posse de bola e domínio territorial sem criar qualquer jogada de perigo, enquanto o Flamengo, de sua parte, perdeu completamente sua capacidade de contra-atacar. Foi um segundo tempo muito duro para se assistir, pelo baixo nível técnico da partida, porém sem qualquer emoção para ambos os lados.

Destaco positivamente o miolo da zaga, com Marcelo e Wallace, e Márcio Araújo, excelente na marcação. Meus destaques negativos vão para Leonardo Moura, Recife e Arthur Pato (ridículo).

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Começa na próxima quarta-feira começa a sequência de jogos no meio de semana. Acho possível a conquista de quatro ou talvez cinco vitórias seguidas se o time vencer o Atlético/MG, haja vista que as partidas contra Criciúma e Vitória, embora fora de casa, representarão confrontos diretos contra equipes do nível do próprio Coritiba. Mas para atingir essa meta, será preciso manter a consistência defensiva, e para tanto o Flamengo precisa acertar o lado direito da defesa. Leonardo Moura completou o seu vigésimo sétimo jogo na temporada e dá nítidos sinais de esgotamento físico. A primeira pergunta então é se já dá para lançar o Léo na lateral direita em seu lugar. Outra dúvida que me ocorre é em relação a Eduardo da Silva: melhor utilizá-lo pegando a defesa adversária cansada ou desde o início, dando chance maior para o time largar na frente do placar? Lembro que, por sua condição física, se escalado como ontem há uma evidente repercussão no setor defensivo, algo que a escalação do Paulinho evitaria, por sua notória aplicação tática. O que vocês fariam em relação ao setor direito do time (lateral e meia/ponta)?

Terceira pergunta: Márcio Araújo ganhou a posição para jogar com Cáceres, Canteros e Éverton no meio de campo ou preferem uma formação mais ofensiva, com dois volantes?

Última pergunta: quem escalariam no lugar de Alecsandro na quarta-feira?

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Elton deve chegar hoje. Se é verdade que não empolga, é melhor não fazermos julgamentos antecipados e precipitados, pois, ao que parece, é genuinamente rubro-negro e está com vontade de dar certo na Gávea. Que seja bem vindo então e sua passagem pelo clube seja marcada pelo sucesso e muitos gols.

Bom dia e SRN a tod@s.