sexta-feira, 25 de julho de 2014

Reviravoltas


Destreinador, losango maldito, insubstituível e manager foram algumas das palavras que vieram a mente após o anúncio da mudança do treinador do Flamengo. Seguidas de um enorme desânimo, especialmente após ter lido e assistido declarações do presidente Bandeira e do Ximenes falando sobre a importância de manter o trabalho e seguir com as convicções. Acima de tudo uma sensação enorme de que a diretoria estava finalmente cedendo às pressões dos antigos caciques, simbolizada na tal carta que dois deles divulgaram em diversos portais esportivos, pedindo a saída do Ney Franco e nomeação imediata de um VP de futebol experiente.

A resposta dos mandatários rubro-negros foi agressiva e arriscada, ainda que tenha sido realmente por falta de opção. Trouxeram para treinar um time um nome que chama a atenção dos críticos para si, ajudando a aliviar a pressão tanto sobre o elenco quanto a diretoria. Vanderlei tem a seu favor ainda o fato de ser um bom treinador de futebol, com um currículo vitorioso e ser um cara que tende a funcionar bem quando seus poderes são restritos ao comando técnico do time. Além disso é cascudo, sabe aguentar a pressão e conhece muito bem o Flamengo.

Mas a lista de contras que envolve o nome do treinador também não é pequena. É adepto de elencos caros, não trabalha bem com jovens jogadores e costuma ser apegado a teimosias táticas, como o tal meio de campo em losando que marcou sua última passagem pelo Flamengo. Há ainda todos os boatos que cercam sua trajetória desde o fatídico período na seleção, mas para mim, existe um motivo maior do que todos para ficar incomodado com a contratação de Luxemburgo. Aparantemente, foi a mesma tática usada pela diretoria anterior, tão criticada por muitos de nós por agir de forma amadora ao “terceirizar” o departamento de futebol para um cara que entende do assunto. É difícil de engolir que a diretoria que se elegeu com a bandeira do profissionalismo, da transparência e da modernização das práticas dentro do Flamengo acabe agindo exatamente da mesma maneira, escolhendo Luxemburgo como escudo das críticas.

Aqui pausa para uma ressalva importante: Não estou afirmando que foi por esse motivo que Vanderlei tenha sido escolhido como técnico do Flamengo, da mesma maneira que não posso afirmar que a presidente anterior tenha feito com esse intuito. É apenas a impressão que ficou a meu ver e a mesma que muitos amigos rubro-negros compartilharam comigo nestes últimos dois dias.

O desânimo bate quando se olha para o que não foi feito em quase 18 meses da gestão Bandeira de Mello. O Flamengo continua sem ter a definição clara da hierarquia e das atribuições no futebol, desde o VP ou do “conselho gestor” até os níveis operacionais. O que faz o gerente? Qual a diferença deste para o diretor? E os dirigentes amadores? Mesmo sem tempo para estarem presentes, têm ingerência nas decisões operacionais? Será que mudou alguma coisa no futebol do Flamengo desta gestão para as anteriores?

Sinceramente, eu não consigo perceber até aqui nenhum trabalho consistente, que possa nos levar a um caminho tranquilo ao longo dos campeonatos que disputamos. Lembrando que títulos são importantes, mas que a torcida, ao comprar a idéia em 2012 mostrou que aceitaria um período de vacas magras, desde que o time jogasse com dignidade. Declarações desastradas dos dirigentes, prometendo reforços de peso, mudaram as expectativas da torcida e aumentaram ainda mais a pressão num momento em que tudo que o Flamengo precisa é de calmaria e tranquilidade. Sem isso, não haverá clima para trabalhar na parte administrativa onde o clube ainda pena e muito pela falta de recursos.

O jogo contra o Botafogo será decisivo, provavelmente com estádio cheio. O time está sentindo a pressão e vai treinar na gávea no sábado pela manhã. Acredito em uma vitória simplesmente porque o Flamengo se alimenta de crises e vai entrar para jogar o clássico numa situação de vida ou morte. Vamos ver se a experiência do Luxemburgo, somada às estreias de Canteros e Eduardo Silva vão conseguir fazer o time começar a sair do sufoco.

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P.S. O Flamengo começou 2013 com o técnico de 2012, trocou por um “estudioso do futebol” que acumulou derrotas antes da parada para a copa das confederações. Em seguida, optou por um medalhão renomado e acabou a temporada ficando com seu auxiliar. Em 2014, começamos a temporada com o técnico de 2013, trocamos por um estudioso do futebol que também acumulou derrotas e também foi substituído por um técnico renomado. Será que vamos acabar a temporada com o Deivid no comando do time?

Desculpem. Não resisti à piada infeliz.

abraços a todos e SRN!