sexta-feira, 11 de julho de 2014

Caminhos


O fim do mundial de futebol não vai nem nos dar tempo de recolher os cacos do futebol brasileiro. No meio da próxima semana, o apertado calendário já vai nos enfiar goela abaixo o retorno do campeonato brasileiro, com jogos no meio da semana no maravilhoso horário das 22h. Saem as partidas emocionantes com poucas faltas, times bem armados, variações táticas e estádios cheios. Retornam as faltas em profusão, acréscimos de 1 minuto no primeiro tempo e 3 no segundo, laterais que não sabem cruzar, estádios às moscas e entrevistas enfadonhas dos professores ao final dos jogos explicando sua genialidade.

O triste quadro apresentado, que parece ainda mais triste depois do festival de bons jogos que a copa nos trouxe, para nós, Flamengos, ainda tem como cereja do bolo a 19ª colocação na tabela. É chegada a hora de sabermos na prática os resultados do trabalho desenvolvido no clube durante o recesso. Será que finalmente veremos um time do Flamengo em 2014?

A volta do campeonato, tão pouco tempo depois do inquestionável massacre sofrido pela Seleção Brasileira na copa do mundo, nos impõe obrigatoriamente uma reflexão sobre o que está sendo feito do nosso futebol. Infelizmente, isso não quer dizer que alguma coisa efetivamente será feita, mas uma derrota como a que ocorreu em Belo Horizonte não pode nem deve ser ignorada. Precisamos entender não o que houve em campo naquela tarde terrível, mas qual foi o caminho que nos levou àquele vexame.

É certo que a teimosia de um treinador ultrapassado, a falta de apoio das arquibancadas e o nível altíssimo do time adversário são alguns dos motivos mais visíveis para o desastre mas não passam de detalhes menores. Me atrevo a dizer sem medo que a falta de qualidade no futebol que veremos pelo resto do ano, a partir da próxima quarta-feira, está intimamente ligada ao que aconteceu no Mineirão.

O caminho a ser seguido daqui por diante é incerto. A iniciativa do bom senso no campeonato de 2013 parece ter perdido força. Os manda-chuvas do futebol não têm interesse em mudanças profundas nem reconhecem o tamanho do estrago feito. Pior, não conseguem admitir a defasagem técnica e tática do futebol que jogamos aqui. Se fiam na velha “qualidade do jogador brasileiro” e nos “talentos que surgem em toda parte”. Novamente nós, torcedores do Mais Querido, conhecemos muito bem os efeitos desastrosos de dirigentes que acham que a grandeza de um time é eterna e que não demanda trabalho sério. Sofremos na pele durante anos, e ainda vamos sofrer mais um tempo, o resultado da falta de seriedade e comprometimento fora de campo e seu impacto dentro dele. E estamos aprendendo a duras penas como é difícil ver o crescimento dos rivais enquanto estamos pagando nossos pecados.

Para o futebol brasileiro também não vai haver saída fácil. O estrago é enorme e a arrogância de dirigentes, técnicos, jogadores, torcedores e jornalistas é quase tão grande e tão danosa quanto. Somente a união de todos os atores envolvidos vai trazer uma solução e não deve ser no curto prazo. Exemplos existem, para serem estudados, não necessariamente copiados, na Inglaterra, Alemanha e até na Itália. É apenas uma questão de encontrarmos e trilharmos nosso caminho de volta as vitórias, com paciência e determinação.

A derrota de 50 e as lições que aprendemos com ela nos levaram a 3 triunfos em 4 copas.

Onde o vexame de 2014 nos levará?

abraços a todos e SRN!