segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa das Copas e o Flamengo

Buongiorno, Buteco! Estamos de volta à rotina e ao Campeonato Brasileiro. "A Copa das Copas", que acabou sendo mesmo uma ótima Copa do Mundo dentro de campo, terminou. Foi possível constatar que o plano tático, hoje, é conjugado em igualdade de importância com o físico e o técnico. Semana passada falei a respeito de minhas memórias da Copa do Mundo de 1982, mas gostaria de explicar a vocês que um dos fatores que mais me leva a ter saudades daquela seleção é que foi a última a jogar um futebol de primeiríssima linha e que tinha na troca de passes e na criatividade ofensiva suas maiores armas. É bem verdade que, no plano tático, apesar da sofisticação ofensiva, o setor defensivo foi relegado a segundo plano. Atitude típica da autoconfiança em excesso que advinha do encanto que aquela equipe proporcionava. Faltou alguma dose de pragmatismo e "pé-no-chão"; faltou humildade. Contudo, como infelizmente é típico da cultura brasileira, a derrota levou à condenação e à surpreendente execração de um estilo de jogar futebol que era característico do nosso futebol, e invejado no mundo inteiro. Não houve meio termo ou uma tentativa de aperfeiçoamento do que era excelente, mas deu errado. Começou-se então um processo de importação do que pior havia na Europa, embrutecendo e emburrecendo o futebol brasileiro.

Houve, claro, algumas lacunas ou exceções nesse processo. Cito algumas: os times do São Paulo comandados por Cilinho e Telê Santana nas décadas de 80 e 90; a rápida passagem de Telê pelo Flamengo; o Bahia de Evaristo Macedo, campeão brasileiro com um futebol de altíssima qualidade em 1988; os trabalhos de Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras e no Corinthians na década de 90, até chegarmos na exceção que confirma a regra, que seria Cuca (a despeito da instabilidade emocional) no cenário atual dos treinadores brasileiros. Em nível de Seleção Brasileira, citaria a seleção de 1998 comandada por Zagallo como uma pausa nesse processo, uma seleção que, a despeito de não ser brilhante, era inegavelmente ofensiva.

Na "Copa das Copas",  assistimos equipes do mundo inteiro jogar um futebol muito mais parecido com o da Seleção de 1982, embora bem mais veloz e menos plástico. Jogaram, porém, ofensivamente, com muitas trocas de passe e uma busca frequente pelo gol. Seja no estilo "tik-tak", seja no estilo da Alemanha, vem da Europa o futebol mais técnico e ofensivo do que o praticado dentro do Brasil e na seleção Brasileira. E ele se mostra sólido, como disse, agregando as partes tática e física no mais alto nível de competitividade.

A mídia começa, agora, após o 1x7, após a humilhação, a tardiamente fazer ponderações e reflexões que, aqui no Buteco, fazemos diariamente há muitos anos. De qualquer modo, parece-me evidente que o futebol brasileiro precisa se reinventar e evoluir em um plano que jamais foi objeto de estudo e trabalho com um mínimo de profundidade: o campo tático. O jogador brasileiro, que adora a improvisação, terá que amadurecer e compreender a importância do coletivo, inclusive para facilitar os que têm maior capacidade técnica a se sobressaírem, tal como fazem Thomas Müller na seleção da Alemanha e Lionel Messi no Barcelona, apenas para citar dois exemplos.

Acho que é hora de um choque cultural, na Seleção Brasileira e no Flamengo (esperaria o início do ano que vem e, em princípio, iria com Ney até o final do ano). E como estou falando em choque cultural mesmo, eu traria profissionais europeus, de preferência do vitorioso e criterioso futebol alemão. E não me limitaria ao treinador, mas estenderia o critério a diretores remunerados também. @s amig@s do Buteco concordam, insistiriam em treinadores e diretores brasileiros ou adotariam uma postura mais cautelosa, optando por mudanças paulatinas?

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Ontem foi como na época do Flamengo de Zico, quando pegava um bom time muito fechado. Lembrei-me de 1982, quando o Grêmio entrou fechado como a Argentina ontem e saiu na frente, obrigando Zico a empatar no último lance do jogo. Venceu o time mais ofensivo, mais técnico, mais habilidoso, mais tático; venceu o time que não teve medo de atacar por noventa minutos.

Finalmente os Deuses do Futebol permitiram que o futebol ofensivo prevalecesse em uma Copa do Mundo. Que esse título da Alemanha marque uma nova era.

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Adotando uma sugestão do nosso estimado amigo Jean Carlo, pensei na minha seleção da Copa: Howard (USA), Lahm (Alemanha), Koscielny (França), Halliche (Argélia) e Mena (Chile); Mascherano (Argentina), Kroos (Alemanha) e James Rodriguez (Colômbia); Thomas Müller (Alemanha), Lukaku (Bélgica) e Robben (Holanda).

E a seleção dos piores? Não sei se consigo completá-la, mas a defesa teria Akinfeev (Rússia), Daniel Alves (Brasil), David Luiz (Brasil), Thiago Silva (Brasil) e André Almeida (Portugal). O meio campo eu deixo por conta de vocês, e o ataque seria comandado pelo Fred (Brasil).

E os amigos do Buteco? Quais seriam suas seleções dos melhores e dos piores?

SRN a tod@s.