Refletindo sobre o que o
Flamengo apresentou até aqui nessa temporada, não parecem surgir muitas dúvidas
de que existem sérios problemas no departamento de futebol. Extrapolando,
parece também em boa parte do tempo que, no geral, a condução da área mais
importante da existência rubro-negra não acompanha a qualidade mostrada na
condução administrativa, financeira, etc. Apesar dos dois títulos ganhos,
continuamos convivendo com derrotas que acreditávamos ter sido definitivamente
enterradas no passado quando a ex-presidente foi derrotada nas urnas em
dezembro de 2012. A eliminação da Libertadores, a derrota acachapante num
clássico estadual e o absurdo – e até hoje não explicado – caso André Santos,
lembram vez por outra aos rubro-negros que o clube ainda está longe de voltar a
ser a potência esportiva que deseja.
Em tempos de austeridade,
qualquer discussão um pouco mais séria sobre os problemas do Flamengo, acaba
indo parar nas limitações financeiras do clube. Gostemos ou não, elas não
surgiram ontem e, infelizmente, ainda vão nos atormentar por alguns anos. Mas
discordo que elas devam servir como escudo para críticas ao desempenho do time.
Basta lembrar que o elenco de 2013 era inferior ao deste ano mas ainda assim o
Rubro-Negro conseguiu formar um time competitivo e alcançar uma conquista
nacional. Para enriquecer a compreensão sobre o impacto que as contas do clube
têm no desempenho em campo, recomendo alguns links interessantes.
O primeiro é uma análise comparando
as receitas e os gastos com futebol de Flamengo, Corinthians e São Paulo,
mostrando a evolução na receita rubro-negra e como apesar de investirem muito
mais em contratações, os paulistas não conquistaram sequer uma vaga na
Libertadores na última temporada. O segundo e o terceiro, são análises feitas
sobre as demonstrações financeiras do flamengo mostrando a evolução das contas
do clube e o cenário em que nos encontramos atualmente. Apesar de ficar
evidente que o Flamengo não dispões de musculatura financeira para investir em
estrutura física ou mesmo de pessoal, podemos ver que o departamento de futebol
dispõe de uma quantidade de recursos superior a boa parte dos clubes
brasileiros e bem superior também ao que o próprio clube dispunha na temporada passada.
Com isso em mente e
olhando novamente para dentro do campo, voltamos a ter a impressão de que há
algo errado no futebol do Flamengo em 2014. Se considerarmos as avaliações
feitas da montagem do elenco no início do ano, tudo parecia andar bem dentro do
possível, com pelo menos duas opções consideradas pelo menos razoáveis em cada
posição e algumas apostas condizentes com a política geral do clube desde o ano
passado. É claro, faltava o meia, o craque, mas considerando a falta de
dinheiro, os resultados do ano anterior e o cenário do futebol nacional onde poucos
times têm esse jogador, não era um absurdo montar um elenco sem isso. E vários
analistas consideraram boa também a mescla feita entre garotos e jogadores mais
experientes. Segundo diversas opiniões, o Flamengo não tinha time para ser
campeão, mas montou um bom plantel para a temporada.
Só que dentro de campo a
coisa não engrenou e agora parece estar indo ladeira abaixo com uma sequência
já enorme de jogos sem vencer. Nos canais esportivos, muitos dos mesmos
comentaristas agora criticam a montagem do elenco, as improvisações do Jayme e
a falta de opções para o meio e as laterais. Lesões em sequência, suspensões e
diversos problemas ao longo do semestre eliminaram qualquer resquício de
organização, entrosamento e movimentação do time. De fato, ninguém hoje sabe a
escalação titular do Flamengo e, talvez, nem o treinador.
Apesar de não achar o
Wallim preparado para assumir o cargo e ter diversas críticas ao departamento,
tenho a impressão de que não tenho muita base para apontar um culpado pelo
fraco desempenho do Flamengo no comando do departamento de futebol. Avaliando o
que houve nesta temporada até aqui, entendo que o problema maior está nos
níveis intermediários, na preparação técnica e na física, que vêm deixando
bastante a desejar. Especialmente pelo que (não) vejo em campo, tendo a jogar a
responsabilidade para o Jayme mesmo, que não conseguiu utilizar bem o elenco de
que dispunha, e até agora não tem um time armado.
Os meios de semana livres
nessa fase inicial e a pausa durante a copa vão dar ao Flamengo o tempo
necessário para treinar e se reorganizar. Ao mesmo tempo, jogos contra
adversários fortes, que mostraram futebol superior ao do Flamengo podem tornar
o ambiente explosivo como sempre acontece no clube. Fazer bom uso dessa
oportunidade pode ser a última chance do Mais Querido de encontrar o caminho
para fazer uma boa temporada em 2014.
abraços a todos e SRN!