segunda-feira, 19 de maio de 2014

Muito Trabalho Pela Frente

Buongiorno, Buteco! Em sua primeira passagem pelo Flamengo, Ney Franco apostou em jogadores desconhecidos do Ipatinga/MG, o que acabou por se tornar uma marca negativa do seu trabalho. Ontem, em sua estreia, seja por qual motivo, a sua opção recaiu nitidamente pelos atletas mais experientes do elenco; entretanto, ao colocar em campo jogadores com condições físicas precárias, como o veterano Leonardo Moura e o notívago André Santos, ao lado de outros que retornavam de longos períodos de inatividade por força de contusões, casos de Éverton e Hernane (Elano entrou no lugar de Hernane já no final da primeira etapa) acabou por tornar o Flamengo lento, desentrosado e espaçado em campo. Acabou por complicar mais ainda o que já estava ruim. O esquema de dois centroavantes não deu certo. Além de Hernane e Alecsandro acabarem isolados no ataque, no primeiro tempo a equipe não teve articulação no meio porque Éverton não apareceu e Paulinho não tem qualquer característica para exercer a função. Os erros de passe levaram Felipe e a defesa a buscar os chutões e a ligação direta para tentar o ataque e não demorou para o São Paulo, com seu meio lento e sua linha de quatro controlar as ações. Independentemente da formação e da escalação escolhidas pelo treinador, porém, é bom frisar que não se justifica o erro infantil de marcação da zaga que permitiu o passe de Oswaldo para Ganso abrir o placar

No segundo tempo notou-se logo no início alguma diferença de postura do time, que pareceu mais disposto e ligado. Éverton apareceu para o jogo, protagonizando lances importantes. Inicialmente, a formação teve Paulinho na direita, Elano no meio e Éverton na esquerda. Posteriormente, Mugni substituiu Luiz Antonio e Negueba entrou no lugar de Éverton. Elano então recuou para a posição de segundo volante, Mugni jogou centralizado, Negueba foi para a direita e Paulinho para a esquerda. Faltou entrosamento, o time pareceu nervoso e sentir as vaias da torcida, que não perdoou. Apesar de pressionar bastante e o São Paulo só chegar ao ataque de forma esporádica, o Flamengo pouco criou na etapa final, que teve muitos passes errados e um nível técnico bastante fraco de ambas as equipes. O segundo gol do São Paulo veio em um contra-ataque isolado nos acréscimos da arbitragem. O certo é que o pouco que o Flamengo produziu de positivo veio após Ney haver abandonado a formação com dois centroavantes.

Como o próprio Ney afirmou, seu trabalho poderá ser efetivamente avaliado no decorrer dos jogos após a volta do Campeonato Brasileiro, uma vez encerrada a Copa do Mundo/2014. Até lá, e principalmente nessas cinco rodadas antes da interrupção, com jogos no meio de semana, nosso novo treinador terá pouco espaço para inovar e muito dependerá da boa vontade e capacidade dos atletas de assimilar suas orientações. Ney e sua nova Comissão Técnica têm um grande desafio e muito trabalho pela frente.

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Vídeos do adversário, um funcionário especializado em estatísticas dos times e de cada atleta, palestras para os atletas, vários treinos táticos e técnicos a longo da semana, inclusive na véspera da partida, e focando os pontos fracos do time. Diferenças já notadas em alguns dias de trabalho de Ney Franco. O próprio Ney Franco, em sua primeira passagem, assim como Caio Júnior, Vanderlei Luxemburgo e Dorival Júnior tentaram implementar uma metodologia de treinos táticos e técnicos em período integral, inclusive pela manhã bem cedo, porém com o passar do tempo cederam à tradicional "boleiragem" da Gávea. Problemas extracampo, como atrasos de salários e premiações foram decisivos para retirar desses treinadores a autoridade moral para impor suas filosofias de trabalho. O Flamengo, porém, vive hoje uma outra realidade no Departamento de Futebol, permitindo em tese que finalmente um treinador implemente um regime "sério" de treinamentos ao grupo de atletas profissionais de futebol.

Esse é o maior desafio de Ney Franco e da atual Diretoria. A demissão de Jayme terá sido em vão se o novo e atual treinador não for amplamente respaldado. Será preciso sobretudo coragem para enfrentar possíveis boleiros adeptos dos vícios tradicionais, ainda que eventuais demissões sacrifiquem maiores ambições no campeonato. Um passo atrás pode significar muitos a frente a médio prazo.


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Ao contrário de Ney, não vejo esse elenco com a mínima condição de disputar o título, mas tampouco embarcarei no discurso fácil do elenco fraco para explicar a péssima qualidade do futebol apresentado pelo Flamengo na Libertadores e no Campeonato Brasileiro até aqui ou endossarei a tese de que é elenco para rebaixamento. Não posso deixar de concordar com os que dizem que o elenco precisa de reforços, primordialmente dois laterais, um primeiro volante, um meia e um atacante que jogue pelos lados, mas a desordem tática e o despreparo físico do time têm como principal causa não a qualidade do elenco ou a carência desta ou daquela posição e sim o que (não) foi feito em nível de preparação tática, técnica e física até aqui em 2014.

Não acho e ninguém me convencerá que todas as equipes que estão à frente do Flamengo no campeonato têm elencos mais fortes. Aliás, contrate-se quem quiser, mas a verdade, na minha opinião, é que, por melhores que fossem os jogadores, pouco teriam acrescentado acaso submetidos à mesma carga, sobretudo qualitativa, de treinos que os demais jogadores do elenco neste primeiro semestre.

Por isso afirmo que no momento se mostra tão ou mais importante do que reforçar o elenco  trabalhar o que não foi feito nesse primeiro semestre pela Comissão Técnica anterior, sem prejuízo dos reforços cuja necessidade, repito, não estou aqui a negar. A rigor, são medidas que se complementam e ouso dizer que os reforços não renderão se o novo treinador e sua comissão técnica não mudarem radicalmente a filosofia de trabalho no Departamento de Futebol.

Para ser bem claro: se a política churrasqueira dos rachões continuar, reforço algum moverá o Flamengo da posição em que se encontra.

Portanto, cabeça fria será fundamental daqui por diante. O conjunto de medidas dirá o que o Flamengo fará no Campeonato Brasileiro após a Copa do Mundo: fugirá do rebaixamento ou disputará algo nas primeiras posições da tabela.

Como é de praxe, consulto @s amig@s do Buteco a respeito de quais posições reforçariam no elenco e possíveis nomes, além do que pensam a respeito do assunto.

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A propósito de reforços, são cada vez mais intensos os rumores de que o Flamengo se interessa por Robinho. Acho-o muito superior à média de jogadores que atuam no futebol brasileiro atualmente. É um jogador extremamente técnico e que sabe concluir a gol (artilheiro). Tem um cartel de títulos importantes no Brasil, sempre como protagonista decisivo, e um vice-campeonato de Libertadores. Sob o ponto de vista profissional (comportamento), não o vejo como um "boleiro" ou "baladeiro" do "naipe" de Adriano Imperador, Ronaldinho Gaúcho ou mesmo de Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos. Também não chega a ser boquirroto como Emerson Sheik. Os pontos negativos: é um jogador bastante caro e, dado o valor do investimento, está muito longe de ser um líder ou uma "referência", parecendo sofrer daquela tal "Síndrome de Peter Pan" (recusa-se a amadurecer, comportando-se como um adolescente de trinta anos de idade), e não se sabe exatamente em qual posição joga - é uma espécie de segundo atacante, mas eu não criaria maiores expectativas quanto a sua aplicação tática aqui no Brasil, em especial porque completará 31 (trinta e um) anos em janeiro. Entretanto, seria muito provável que, no Brasil, viesse a ser um jogador decisivo.

Você, amig@ do Buteco, Diretor (a) do Flamengo, investiria em Robinho ou preferiria outra alternativa, sendo ou não com outro tipo de relação custo x benefício?

Bom dia e SRN a tod@s.