quarta-feira, 30 de abril de 2014

Vale a pena trocar se for para ousar


O que o amigo do Buteco sentiria se o seu time, nos últimos 12 jogos, tivesse ganhado apenas um sobre o valoroso Independiente Del Valle? Um sentimento bom não seria, com certeza. Mas os botafoguenses estão esbanjando sorrisos de orelha a orelha, com cara de pimpão e ainda otimistas. Para o goleiro Jefferson, "o Bota pode brigar no topo" e o ex-presidente do clube, Carlos Augusto Montenegro, mostra-se otimista, "pois o clube tem elenco, qualidade, bom banco de reservas, um grupo que pode fazer um bom Campeonato Brasileiro...".

Que brasileiro, vivo ou morto, não saberia dessa tenebrosa estatística e respectivas constatações através de robustas manchetes nos jornais e nos pasquins esportivos tupiniquins, se fosse o caso do Flamengo o autor de tamanha proeza?

A indignação, mãe das reações, passa ao largo de General Severiano, eis a diferença para o Flamengo, último Campeão da Copa do Brasil e do Estadual do Rio de Janeiro, onde, atualmente, as labaredas começam a lamber as sandálias do treinador Jayme de Almeida, face o time não apresentar no Brasileirão uma performance compatível com a sua grandeza;

Jayme é o tipo de pessoa que me faz bem saber que existe no universo do gênero humano, pois passa um agradável sentimento de que ainda vale a pena viver nesse mundo completamente conturbado pela inversão de valores que vai tomando conta das sociedades, porém, como treinador do Flamengo tem pisado na bola nos últimos meses graças às diversas incoerências praticadas, tanto na escalação do time como nas substituições feitas e também nas não realizadas;

O meia Carlos Eduardo teve um ano de oportunidades, ao longo do qual atuou mal as 49 vezes que vestiu o manto sagrado. Uma insistência reveladora por quem se espera um renascimento súbito ou um milagre do então beato Padre Anchieta, que precisava realizá-lo para dar consistência ao seu processo de santificação pelo Vaticano;

Já o meia Mugni entrou bem em um jogo perdido, nas montanhas, pela Libertadores contra o Bolívar, quase empatou a partida, e foi sacado do time no compromisso seguinte. Voltou a jogar bem contra a Cabofriense, pelas semifinais do Cariocão, fez dois gols, mas foi novamente barrado para o jogo contra o Emelec em Guayaquil. Se não bastasse, esquentou o banco contra o Corinthians, agora pelo Brasileirão, para que o lateral esquerdo André Santos atuasse improvisadamente em sua posição;

Embora tenha havido muitos treinamentos ao longo da última semana, a defesa continua mal posicionada e levando gols bobos em cobranças de escanteios, o que leva à conclusão sobre a ineficácia dos preparativos. O meio de campo apresenta bom rendimento virtual nos percentuais relativos à posse de bola, com toques para os lados e para trás, sem qualquer objetividade e quando é tentado um passe de 20 metros, invariavelmente a bola cai nas mãos do gandula de plantão ou, o que é pior, nos pés dos adversários para a armação de mortíferos contra-ataques. Por falar em ataque, vou "passar", pois este não tem existido nos últimos jogos;

Quem teve quase 20 treinadores no século que mal se iniciou não entra com facilidade no oba-oba que um novo técnico resolverá os problemas do time rubro-negro a curto prazo, principalmente num país onde todos eles são "Jaymes", uns um pouco mais, outros muito menos, mas torço para que a diretoria do Flamengo saia da mesmice e ouse na contratação de uma equipe de estrangeiros para comandar todas as divisões do clube a médio/longo prazos, dos mirins aos profissionais. De preferência hermanos da escola de bola no chão do goleiro ao centro-avante, do toque com precisão na vertical e avessos aos bicões para o alto e chutões aleatórios para frente;

E seja o que Zico quiser!

SRN!