segunda-feira, 24 de março de 2014

Objetivos e Estratégias

Buongiorno, Buteco! Numa semana em que o Flamengo não terá compromissos pela Taça Libertadores da América, escolhi a figura ao lado, que traz um psicodélico e impossível tabuleiro com três "exércitos" para representar as eternas dificuldades que qualquer clube sul-americano possui para administrar a disputa de suas competições nacionais simultaneamente com as internacionais, dados os incompatíveis calendários. Em um ano de Copa do Mundo, o Flamengo novamente enfrenta a mesma dificuldade. Para alguns, a tranquilidade com que o elenco conquistou a Taça Guanabara, abalada pontual e isoladamente pela goleada sofrida para o Fluminense (0x3), representa prova do sucesso do Departamento de Futebol na administração dessas competições; penso, porém, que os resultados apresentados até aqui na fase de grupos da Taça Libertadores da América e o desempenho qualitativo do time dizem exatamente o contrário.

Qual é o meio de campo titular do Flamengo na Taça Libertadores da América? O torcedor sabe escalá-lo de cor, na ponta da língua? Apesar do elenco ser mais completo e dar mais alternativas do que no ano passado, as perguntas até agora não têm resposta. É bem verdade que Elias não pôde ser contratado em definitivo e Luiz Antonio não pôde ser inscrito na Libertadores pelos motivos que estamos cansados de saber, assim como Márcio Araújo, mas o desempenho apresentado pelo Flamengo nos quatro jogos disputados até aqui é justificável? Se o time estivesse jogando bem e os resultados não acontecendo, o nível de preocupação talvez fosse menor, mas se o time não tem convencido e os resultados não têm aparecido, o que podemos pensar?

Futebol de qualidade tampouco tem sido exibido no Campeonato Estadual, mas é forçoso reconhecer que, ao menos nessa competição, os resultados são mais do que satisfatórios. Nas próximas quarta-feira, sábado e quarta-feira seguinte, dois jogos contra a Cabofriense, pelas semifinais da Taça Guanabara, e um jogo em Guaiaquil contra o Emelec pela quinta rodada da fase de grupos da Libertadores da América. Como dosar o elenco nessas competições é a grande questão e vários aspectos devem ser ponderados para a melhor decisão ser tomada: apesar do placar na partida de ontem, as duas partidas das semifinais tendem a ser mais desgastantes e disputadas, além de que o desgaste da viajem até Guaiaquil é mais do que esperado. Por outro lado, o Flamengo é um time que pouco treina em níveis tático e técnico, apesar de jamais faltarem os rachões que tanto agradam o elenco e já se tornaram uma tradição. Não me surpreenderei se um dia se tornarem também uma atração turística dentro do clube.

Considerando todos esses fatores, bem como o de que, no esdrúxulo campeonato estadual desse ano, a vantagem de dois empates é rigorosamente literal, haja vista que uma vitória para cada time, nas duas partidas, independentemente dos placares e saldo de gols, levará inevitavelmente à disputa por pênaltis, eu escalaria o time titular na próxima quarta-feira em busca da vantagem do empate, até porque o Flamengo precisa encontrar essa formação ideal para os próximos dois jogos da Libertadores, e aproveitaria os demais dias para treinamentos táticos e técnicos (ok, Jayme?), escalando uma equipe de suplentes para a segunda partida. Mas não descartaria utilizar os titulares em todas as partidas, se parto da premissa que ainda não temos um time titular confiável. Situações de jogo também podem ser um ótimo treinamento. O que eu gostaria mesmo é que o time treinasse mais tática e técnica e tivesse menos rachões.

***

A seriedade da atual Diretoria não pode ser colocada em questionamento e, mesmo correndo o risco de soar um tanto clichê, sempre me recordo do contexto no qual foi eleita e de como o clube estava nas décadas anteriores para lembrar de sua importância e de meu desejo de que passem longos anos à frente do clube. Jayme se encaixou na filosofia da Diretoria como talvez nenhum outro treinador pudesse ter feito. E mais: Jayme transmite credibilidade. Pode-se concordar ou discordar de algumas de suas opções ou decisões, mas como não confiar em sua absoluta seriedade? Bem, mas para avançar em relação a 2013, quero crer que ser íntegro, dedicado e sério não basta. No Flamengo em transformação, o treinador não pode cometer o erro de ter aquela velha opinião formada a respeito de tudo, no que evidentemente devem ser incluídos os conceitos táticos e sua própria forma de trabalhar.

O Jayme de 2014, ao meu ver, está mais próximo do que temos visto nos enfadonhos e modorrentos demais treinadores brasileiros na última década e no início da atual do que de qualquer vestígio de inovação ou modernidade. Rachões, poucos treinos táticos e técnicos, indefinição tática e na escalação titular. Algo parece faltar nesses três primeiros meses de temporada.

***

Não sei se podemos dizer que a posição de meia, em especial o "10 clássico", está em extinção ou em perigo de o ser, mas definitivamente não é fácil para um jogador com características tais se adaptar ao ritmo e concorrer com os "volantes modernos" e sua aplicação tática no futebol atual. No futebol brasileiro, nos quais os treinadores têm verdadeiro fascínio por esse tipo de jogador (os volantes), tal dificuldade há de se apresentar de forma mais natural ainda. Logo, entendo as dificuldades que Lucas Mugni encontra para se adaptar ao futebol brasileiro e mesmo, jovem como é, firmar-se como jogador de destaque na posição. Em alguns momentos percebo inclusive alguma dificuldade em entrar no ritmo do jogo e se posicionar adequadamente. Mas vejo franca evolução e maior efetividade em suas jogadas, incluindo as duas que protagonizou em La Paz e o gol que marcou ontem no Maracanã.

Outra dificuldade, porém, e um tanto estranha, que Lucas Mugni tem enfrentado, e que tenho percebido, é a dificuldade em receber passes de seus companheiros mesmo quando se desloca corretamente e fica livre para receber a bola. Na partida de ontem quase aconteceram bizarras trombadas entre ele e jogadores que, ao invés de lhe passarem a bola, correram em sua direção. "Quem se desloca recebe e quem pede tem preferência", ensinava Gentil Cardoso ainda na metade do século passado. Ontem, estranhamente, esse ditado valeu muito mais para seu sucessor na partida, Mattheus, inclusive quando não tinha condições de receber passe algum, do que para ele, enquanto esteve em campo.

Espero, com toda sinceridade, estar equivocado e vendo coisas, mas tenho certeza de que um elenco "focado" e vencedor tem outros tipos de preocupações e atitudes.

***

Gostaria de saber d@s estimad@s anuig@s do Buteco como usariam o elenco nas duas partidas contra a Cabofriense pela Taça Guanabara, de preferência com as escalações!

Bom dia e SRN a tod@s.