terça-feira, 11 de março de 2014

Liderança e Clareza


O Flamengo deve se posicionar e demonstrar sua vontade perante a “comunidade esportiva”, até porque os sinais internos de sua estruturação são bem visíveis, já existe um caminho trilhado, um rumo. Onde o clube quer chegar? Como quer chegar? Nós torcedores até temos uma visão implícita sobre isso, mas nada é tão óbvio. A diretoria rubro-negra deve se mostrar de forma objetiva (como já vem fazendo inclusive, contra ataques de setores da imprensa) e conquistar naturalmente uma liderança no cenário atual pela força da instituição, seu gigantismo.

A maior torcida do Brasil impõe o protagonismo do Flamengo e o uso de seu peso politico poderia modificar o status que o prejudica. Tudo leva a crer que o posicionamento sob certos aspectos já está se alterando, como no caso das eleições da FERJ. Mas porque agora, as pressas? Por quê não, antes? Vão postular candidatura e lançar candidato? Enfim, demorou demais. Não há tempo hábil para esse tipo de reivindicação, mesmo com a boa nota oficial emitida em companhia de Fluminense e Vasco.

Os clubes podem e devem negociar as cotas de TV em separado da federação, como ocorreu no campeonato brasileiro. Lá até achei errado, pois segregou e o todo poderia ganhar mais, inclusive. No caso dos estaduais, só temos a perder. Outro aspecto é sobre a disputa dentro da própria federação e o formato dos campeonatos. Ninguém fala de discussão. O arbitral me parece arbitrário e NENHUM grande reclamou de nada. Depois ainda se descobriu que Flamengo e Vasco tinham perdido 2 milhões de reais de seu direito para distribuição, em prol dos pequenos. Nada contra eles, mas sem consulta não dá. Pior se for por omissão ou falta de atenção.

Os estádios não podem de jeito algum ficar vazios, e esse fenômeno, já foi visto em outro tipo de entretenimento, os cinemas. Já fui à favor de estádios para 150 mil torcedores, mas ocorre que a realidade não condiz mais com esse patamar, na verdade, nunca foi condizente, exceto em jogos decisivos. No Brasil de hoje, penso que os estádios devem comportar públicos menores, pois para os jogos grandes e os clássicos, na preservação do patrimônio, temos o Maracanã. Gávea para 25 mil pessoas já!

Com estádios menores e publico realmente interessado, partícipe dos espetáculos e com atratividade, a jornada é mais prazerosa e muito melhor do que em um estádio grande e vazio. Tudo isso toca no valor do ingresso e na diversão familiar, por um valor justo, já que uma ida ao cinema custa 20 reais, teatro 60 reais e um ingresso de futebol 100 reais, aproximadamente. 

A “teoria dos cinemas” é a seguinte: Antes as salas de cinemas eram grandes e nas ruas, hoje são pequenas, com exibições diversificadas, em shoppings, como na oferta de futebol. Não estamos na Inglaterra ou na Alemanha, infelizmente, e o produto é ruim, no geral. MUITO mal tratado. Compreendo que não se pratica isso e a economia brasileira evoluiu, porém ainda não comporta estes números.

As vezes falta paciência aos sócios e ao torcedor do futebol e acho que seja também pela falta de uma política clara, objetiva, transparente, mas não aberta, entendem? Ninguém aqui quer o clube aberto, como uma empresa não se abre, mas suas políticas são claras. O exemplo pode estar em casa, na vice-presidência olímpica, onde todos os seus planos explícitos (não as negociações).

Podem com algumas medidas, indicar o caminho para o restante, talvez a VP olímpica seja a porta de entrada das mudanças. Lá há opinião e vontade, e nisso os olímpicos estão bem resolvidos, com trabalho explícito e divulgado em entrevistas (Ninho da Nação e GarrafãoRN, por exemplo e em outros veículos) e a torcida sabe como o clube vai seguir. As bandeiras são encampadas pela torcida, que vê, projeta e reconhece o trabalho.

Como exemplo, tem o anúncio que vai ser muito comemorado e já foi compartilhado da disputa do Final Four (a final da “a Libertadores do basquete”), que pode ser aqui no Rio (deve e vai!), assim como a captação por recursos em leis de incentivo, a  busca incessante pela sustentabilidade e autossuficiência e como isso se dará. Todos sabemos. Falta um pouco para os outros setores até para que cheguem novos investidores.

Outro exemplo é o Internacional, que deixa claro o que quer, onde quer chegar e como chegar. Seu associado pode até discutir o que não achar conveniente, mas sabe do que se trata. Lá existe um congresso (simpósio, não sei exatamente) onde o clube apresenta seu plano plurianual de gestão e marketing. O relacionamento é o mais próximo possivel de seu torcedor, e talvez por isso, seja o programa associativo mais bem sucedido do Brasil. Veja um exemplo do Inter no relacionamento com seu sócio:
http://www.internacional.com.br/pagina.php?modulo=8&setor=224&secao=&subsecao=

Nosso protagonismo não precisa ser forçado, só precisamos de clareza e independência, com liderança e planejamento, para dentro e para fora do clube. O interesse pelas competições (o estadual e qualquer outra) deve que ser estimulado pelos clubes, que são os promotores dos jogos, por tanto, deveriam tomar conta de todo o evento. Flamengo deve “sair da toca” neste momento, já que sua reestruturação interna já tem um caminho. Talvez o problema seja  não se comunicar melhor.

Deve se construir um plano diretor para o clube social, se posicionar abertamente sobre a mudança do estatuto (mais ainda), falar sobre planejamento e os caminhos que o clube quer percorrer, pleitear com firmeza mudanças na FERJ, brigar por sua casa na Gávea. Reitero, estádio vazio é ruim pra todo mundo. É feio e desvaloriza o produto, matando a galinha dos ovos de ouro, o próprio clube. A vontade da mudança deve partir da direção do Flamengo, o grande prejudicado, que precisa sim de um protagonismo natural, mas sem culpar aos outros.