Antes de mais nada, gostaria de falar da grata
surpresa que tive ao ver o gramado do Eduardo Guinle, que eu havia criticado na
quarta pela manhã num comentário na coluna do Mouta. Muito, mas muito acima do
esperado e, apesar da grama aparentemente alta, num nível excelente para os
padrões do nosso triste estadual. Quem dera tivéssemos gramados bons como o de
Friburgo em Bangu, Macaé, Resende, Volta Redonda, Cabo Frio...
Sobre o time, gostaria de abordar o setor que foi
mais mexido na mudança de temporada, o meio de campo, para falar de uma questão
que considero muito importante que é o planejamento de toda a temporada. Nesse
momento, o Flamengo conta com uma daquelas situações de calmaria em que a
torcida está ao lado das decisões da diretoria, inclusive quanto a usar os
reservas no estadual para garantir uma melhor pré-temporada e,
consequentemente, um bom rendimento físico do time ao longo do ano. O grande
problema é que o primeiro jogo da Libertadores é daqui a duas semanas...
O time que venceu a Copa do Brasil, apresentava uma
configuração de meio bastante interessante em que se notavam claramente duas
linhas de marcação com algumas variações. Nos jogos contra o Goiás e o
Atlético-PR fora de casa, por exemplo, Amaral se posicionou entre as duas
linhas quando o time se defendia variando para o 4-1-4-1. A variação que
considero mais interessante, porém, ocorria quando o time se defendia no
Maracanã, já preparado para sair em velocidade no contra-ataque. Desde a surra
no Botafogo, Paulinho fechava o lado esquerdo, Luiz Antonio o lado direito,
Elias e Amaral no meio com o Brocador recuando e deixando o sonolento Carlos
Eduardo mais a frente, com a missão de prender e girar a bola caso essa não
chegasse imediatamente ao Paulinho.
A troca de Elias por Elano e de Luiz Antonio por
Muralha até o momento desarticulou essa linha defensiva. Na partida da última
quarta foi possível ver o novo camisa 7 do Flamengo várias vezes fora de
posição, mesmo no início da partida, avançando para marcar a saída de bola e
deixando um buraco no posicionamento. O fato de Elano se posicionar pela
esquerda também é um fator de preocupação pela falta de poder de marcação do
André Santos, deixando naquela ala um espaço perigoso.
É claro que não dá para exigir que, com apenas dois
jogos na temporada, o time já volte a apresentar a eficiência que conseguiu nas
partidas de mata-mata da copa do Brasil. Aquele time apresentava além da boa
consistência tática, uma intensidade de jogo que não deve aparecer nos certames
do estadual, especialmente nos jogos sob intenso calor. Ocorre que em 12 dias
teremos o jogo que deve ser o mais difícil da fase de classificação da
Libertadores e o time está mostrando que precisa treinar.
Segundo foi dito desde a classificação para a
Libertadores, o estadual seria deixado de lado e usado apenas como preparação
para a competição mais importante. No entanto, o time jogou sábado, viajou na
terça, jogou na quarta e jogará novamente sábado, não dispondo de tempo para treinar
e acertar o posicionamento dos novos jogadores por exemplo. Sei que há o dilema
entre a necessidade de treinos e a de adquirir rapidamente o ritmo de jogo, mas
fica a pergunta no ar: Se os preparadores físicos, técnicos e jogadores falam
tanto da importância da pré-temporada para o bom rendimento do time ao longo do
ano, por que não estão aproveitando a oportunidade agora de usar o time B (ou
C) que vinha dando conta do recado e planejar não apenas o jogo com o Leon, mas
toda a temporada com mais cuidado?
abraços a todos e SRN!