terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Calendário: Racionalização, Oportunidade, Bom Senso


Com o inicio das competições, o calendário é a pauta. Os campeonatos estaduais se iniciaram com apenas uma semana após ao término das férias dos jogadores. Uma “quebra” da pré-temporada, uma vergonha (mais uma delas) que a “vanguardista CBF” (e suas federações estaduais) propõe, impõe. A "novidade Bom Senso FC”, que luta por, entre outras coisas, por um calendário melhor, se propõe a discutir o futuro do futebol brasileiro. Os jogadores, maiores interessados em um calendário mais racional, devem sim, se organizar, se manifestar, para que toda a cadeia produtiva do futebol seja beneficiada.

Os clubes votam nas federações estaduais, que por sua vez, votam nas eleições na CBF, junto com os clubes da série A do Brasileirão, que também votam na eleição da confederação. Estes (os clubes) deveriam aproveitar o momento de instabilidade e construir uma liga, sua liga, mesmo que não haja condição política para tal. Um exemplo recente é a criação do NBB, uma ruptura.

Se houver preparação e diálogo, mesmo com pressão, pode-se ao menos criar condições para uma transição para uma liga, num futuro próximo. “A liga” organizaria o Campeonato Brasileiro, principal produto do futebol nacional, deixando a organização da Copa do Brasil para a CBF, que continuaria cuidando da seleção brasileira, seu principal produto. Sonho... Alguns clubes (muitos para meu gosto) estão satisfeitos com o status quo, pena.

Acho que não vale neste post, falar sobre direitos de TV, porque é a TV quem paga pelo espetáculo, deve ser parte ouvida, e também, aproveitar o movimento dos atletas, uma novidade no Brasil para mudar o calendário. Bom pra ela também, já que os protagonistas do futebol brasileiro, os jogadores, se mostraram mais bem preparados para o debate do que as federações estaduais e a própria CBF.

Jogadores de todos os níveis, deveriam se preparar para se apoderar de seu lugar, tomando conta do esporte e “negócio futebol”, se fazendo representar, ouvir, principalmente ex-atletas, já que não estão atrelados diretamente ao desempenho em campo. De cara, podem e devem pressionar a seus próprios clubes, que deveriam se posicionar, neste momento de vácuo de poder, evidente desde a saída de Ricardo Teixeira. Teria (poderia, deveria) que ser um movimento conjunto, pensado, articulado em prol do futebol, parte importante de nossa cultura nacional, identidade. Está enraizado.

Com um calendário racional, clubes de menor investimento teriam a possibilidade de jogar o ano inteiro, ampliando a geração de empregos formais e informais no mundo do futebol, no "negócio", entretenimento, espetáculo. Minha proposta para este momento é simplificar, e mesmo que pareça controversa, é uma adequação algo que se propõe “moderno e tradicional”, sem matar a cultura local e o surgimento de novos atletas.

Nenhum campeonato pode ser desinteressante para os clubes grandes e hoje os estaduais são chatos (quem lê minhas colunas sabe que sou contra os estaduais como são, prefiro aos regionais, serei flexível), principalmente para seus torcedores, consumidores. Eles teriam seu inicio em Fevereiro e seu término na primeira semana (ou data) de Junho, sendo concomitantemente à Copa do Brasil e ao Campeonato Brasileiro, que se iniciaria em Março. Mais enxuto e objetivo (estadual), teria uma fase inicial, com os clubes de menor investimento, sendo disputada no ano anterior. O ideal é que a CBF e as federações estaduais criassem um padrão para isso. No caso do RJ:

- 16 clubes pequenos, 4 avançam e enfrentam os grandes na fase final

- Fase final: 8 clubes, 2 grupos de 4 equipes, 12 datas

- Guanabara: Confrontos dentro do grupo, 3 rodadas. Os dois primeiros dos grupos se enfrentam em semifinais, jogo único. Vencedor joga decisão em jogo único. 5 Datas.

- Taça Rio: Grupos se enfrentam, 4 rodadas. Os dois melhores de cada grupo jogam semifinais em jogo único e final em jogo único. 6 Datas.

- Decisão: Ganhou dois turnos, leva direto ou os vencedores dos turnos fazem a finalíssima em partida única.

Para classificar para a fase final, 16 clubes de menor investimento do estado, disputariam um torneio no segundo semestre do ano anterior, com 30 ou mais datas. Estaria criado um grande calendário profissional e resolvido o problema dos clubes que pequenos, que fazem atualmente apenas 15 partidas por ano. Os outros 12 clubes, não classificados, jogariam um torneio de pontos corridos, valendo taça para o campeão e o rebaixamento para os dois últimos. Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo ficariam mais “folgados” e manteriam suas tradições.

Outra grande mudança seria a criação de uma “Super Copa do Brasil”. Grande e nacional. Uma primeira fase regionalizada, com oportunidade de partidas e prêmios para os times de pequeno investimento, que somente a partir da segunda fase poderiam enfrentar os grandes.

De 2015 em diante, o país seria redividido em 8 sub-regiões geográficas do país (dois grupos de cada região): Noroeste (AC, AM, RR, RO), Norte (PA, TO, AP + MA), Nordeste (PI, CE, RN, PB), Leste (PE, AL, SE, BA), Centro (GO, MT, MS, DF, ES) Centro-Sul (MG + PR), Sul (SC, RS) e Sudeste (RJ-SP). No total 118 equipes, com 78 classificadas pelos estaduais e 40 pelas séries A e B disputariam a competição. As 6 equipes da taça libertadores juntariam-se posteriormente. Fórmula:

Primeira Fase
78 clubes, triangular, o melhor se classifica > 26 clubes (4 jogos, 6 datas).
Segunda Fase
26 clubes da 1ª fase + 34 clubes das Séries A e B Brasileirão. Triangular, passam 20 (60 equipes, 4 jogos, 6 datas).
Terceira fase
20 clubes em mata-mata, passam 10 (2 datas).
Oitavas de Final
10 clubes da 3ª fase + 6 clubes da taça Libertadores. 16 clubes (2 datas).
Quartas de final
8 clubes, passam 4 (2 datas).
Semifinais
4 clubes, passam 2 (2 datas).
Finalíssima
Cidade previamente escolhida, uma partida.

Isto posto, haveria um sorteio para o triangular, com os clubes de cada sub-região se enfrentando, prioritariamente dentro de sua sub-região. Na primeira fase, a distribuição das vagas se daria de acordo com o ranqueamento da federação estadual + classificação por campeonatos estaduais. Todos os estados teriam no mínimo 2 vagas na Copa do Brasil. A disputa mais regionalizada possível, tenta garantir o maior número de estados na segunda fase, onde entram os grandes clubes.

Este aspecto demandaria esforço do clube pequeno para disputar jogos com os grandes clubes, sem descaracterizar o caráter nacional da competição, jogando inclusive na casa do clube maior. Uma copa melhor organizada com "etapas mensais". A 2ª fase (com os maiores clubes) se iniciaria em Março e terminaria em Maio, a 3ª fase seria disputada em Julho, as Oitavas de final em Agosto, Quartas em Setembro, Semifinais em Outubro e a Finalíssima no primeiro domingo de Novembro, sem rodada do Campeonato Brasileiro.

A decisão em partida única, como ocorre na Champions League, faria da final itinerante. Para 2015, decisão em Brasília. De 2016 em diante, o estádio da finalíssima seria decidido por candidatura, dentro de alguns pré-requisitos, dentre os quais um estado (federação estadual) não podendo se candidatar nos próximos 4 anos, um rodízio. Seria ótimo para o turismo interno.

Dentro dos critérios técnicos e garantias financeiras da cidade e das condições do estádio, estaria a obrigatoriedade de se dividir os ingressos igualmente para os clubes e com parcelas de ingressos específicas para patrocinadores. Tradições também podem ser criadas e gosto de pensar a possibilidade de um Flamengo x Grêmio decidindo na Fonte Nova ou no Mineirão, por exemplo, um “Superbowl” do futebol brasileiro...

O principal de toda a construção do calendário é o número menor de partidas e um maior equilíbrio, com o alongamento para os clubes de menor investimento. Assim, no mínimo 49 jogos (7 do estadual, 38 do Brasileiro + 4 da Copa do Brasil) e no máximo 77 partidas (12 do estadual, 38 do Brasileiro + 9 da Copa do Brasil + 16 da Libertadores + 2 Mundial), mas só se vencer tudo o que disputar. Atualmente são no mínimo 55 jogos (15 do estadual, 38 do Brasileiro + 2 da Copa do Brasil) e no máximo 83 (19 do estadual, 38 do Brasileiro + 8 da Copa do Brasil + 16 da Libertadores + 2 Mundial). Simplificando (calendário para os grandes):

Janeiro – Pré-temporada (4 semanas)
Fevereiro/Junho – Estadual
Março/Outubro – Nova Copa do Brasil
Março/Novembro – Brasileirão
Dezembro – Férias (4 semanas)








Como pede o Bom Senso FC, com no máximo 7 partidas (datas) por mês para cada equipe, há descanso e planejamento para que se melhore o espetáculo. Logicamente também há maleabilidade para equipes que disputem a Taça Libertadores. A mudança fortaleceria ao campeonato de maior valor, o Brasileirão, o melhor produto do futebol do nosso país, preservando ainda as rivalidades regionais, além de garantir a sobrevivência dos clubes pequenos, que jogariam o ano inteiro (não apenas 4 meses), sem sacrifício dos grandes, como ocorre hoje, nos deficitários e penosos campeonatos estaduais.

FLAMENGHIEUBIQUE!