segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Elias: Até Quando Esperar?

Buongiorno, Buteco! A temporada de 2013 se encerrou e estamos em plena época de transferências, mas o Flamengo, ao meu ver, começa a se mexer bem e, ao que parece, começa a reforçar o seu elenco com dois bons nomes: Éverton e Leo, do Atlético/PR, seu rival derrotado na final da Copa do Brasil. O revés é o imbróglio envolvendo Luiz Antonio, pois, ainda que o clube venha a se sagrar vencedor na reclamação trabalhista movida pelo jogador, o ambiente no clube, para que ele prossiga, parece ter ficado insustentável. Já a incógnita fica por conta do jogador que mais se destacou no ano ao lado de Hernane Brocador (minha opinião): Elias. Como venho sustentando nos comentários durante os debates com os amigos do Buteco, reconheço que Elias, durante a temporada, oscilou entre atuações primorosas, dinâmicas, e outras apagadas, burocráticas. A questão é que Elias tem duas qualidades que, ao meu ver, tornaram-no uma peça-chave, cuja substituição é muito difícil, no time do Flamengo: é um líder e é absolutamente decisivo. Essas qualidades, é bom que se diga, manifestaram-se tanto nas partidas em que brilhou, como também nas que teve atuações opacas. 

Por outro lado, quando falo decisivo, não me refiro uma ou outra partida, mas ao fato de que impediu derrotas marcando dois, três gols em um clássico, gols que marcaram a classificação contra o campeão brasileiro ou mesmo na finalíssima da Copa do Brasil, partida em que praticamente não foi notado. Não foram gols esporádicos ou mesmo meras coincidências; caracterizaram um padrão de qualidade. E se somarmos essa característica ao fato de que exerce uma liderança entre os companheiros, não é difícil concluir que é uma referência dentro do time. Um líder. Uma liderança moral e técnica. Pergunto então: é fácil substituir um jogador com essas qualidades?

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A resposta é obviamente negativa. O futebol é fascinante por ser absolutamente imprevisível. Muitas vezes monta-se times que, "no papel", seriam verdadeiros esquadrões ou seleções, mas na prática se tornam equipes fracas, sem padrão e alma. Já outras, aparentemente um catado de jogadores limitados, "dão liga" e jogam como aquele time concebido para ser o esquadrão deveria jogar. A rigor, não seriam os casos de Internacional e Flamengo em 2013? Mas há também jogadores que simplesmente não "encaixam" em determinados times (não necessariamente o clube) ou camisas que simplesmente "não caem bem" em alguns atletas; já a outros basta vestir a camisa de um determinado clube para o encanto se fazer e a magia fluir em campo. Vi isso ocorrer com Petkovic e o Manto Sagrado, por exemplo.

Quem explica? O mais importante, penso, é não ignorar o fato. Com Elias e a camisa do Flamengo as coisas parecem acontecer. Se ele é ou não torcedor de outro time, a mim pouco importa; se ele é volante ou joga na posição "x" ou "y", menos ainda. Preconceitos ou ideias pré-concebidas só atrapalham nessa hora. Com Elias o Flamengo fica mais próximo do sonho de reconquistar a Libertadores. Fato.

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Para ter Elias, o Flamengo precisa pagar o que o Sporting pede, uma fábula para os padrões brasileiros. Por ter 28 (vinte e oito) anos e já ter fracassado em times de médio porte na Europa, como o próprio Sporting e o Atlético de Madrid, Elias não tem mais mercado em times de grande e médio porte na Europa; porém, em times pequenos da própria Europa, assim como em outros mercados como o Mundo Árabe ou o Japão, por exemplo, ainda tem, e pelo preço que o Sporting deseja, o qual, para os padrões do mercado europeu, estabelecidos em euro, é absolutamente palpável.

É preciso ter em conta que, mesmo que o Sporting reduza o preço, ainda sim ficará caro para qualquer time brasileiro e cada vez mais barato e alcançável para times europeus, árabes ou asiáticos. O impasse, então, é natural: Elias não quer jogar nesses mercados e os investidores, assim como o Sporting, não querem ter prejuízo. A solução talvez demore. Até quando o Flamengo pode esperar?

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Penso que a Diretoria do Flamengo deve levar em conta a importância do Elias e fazer o maior esforço possível para tê-lo em definitivo; ao mesmo tempo, deve ter a consciência de que o prolongamento da batalha entre Elias e o Sporting no tempo não aumentará as chances do Flamengo de contar com o atleta. Por outro lado, a tarefa de substituí-lo é complexa e envolve múltiplos aspectos, que vão desde trazer outro atleta que pode até ter características parecidas, mas que certamente não terá a mesma ascendência sobre o restante do elenco e muito provavelmente não repetirá o mesmo desempenho, em nível de efetividade, como também o estudo do mercado e o aproveitamento das oportunidades, que ficarão mais escassas à medida em que o tempo passar. Envolve ainda a vital decisão de investir ou não o dinheiro, ou parte do dinheiro, que seria utilizado na contratação de Elias em um jogador de outra posição, como por exemplo um meia, o que pode significar investir em um patamar mais elevado do que o programado para essa específica posição. Nesse caso, a decisão pode acarretar até mesmo uma mudança tática, com a escalação de volantes mais estáticos e marcadores, por exemplo.

O Flamengo fala em investir no mercado sul-americano, especialmente o argentino, o mais qualificado tecnicamente, conforme já admitido expressamente pela Diretoria. O histórico do Flamengo em contratações no setor revela alguns acertos, mas também vários insucessos. Parece óbvio que é preciso fazer uma reavaliação dos critérios e métodos utilizados nas contratações dos estrangeiros, o que demanda estudo, que por sua vez exige um mínimo de tempo. Eu sugeriria, a título de exemplo, que o Flamengo se concentrasse dessa vez em jogadores com passagens pela seleção argentina e/ou em times grandes do futebol argentino, ao invés de jogadores descartados pelo próprio circuito "hermano" ou que viessem de times sem expressão. E quando me refiro a "se concentrasse" é não apenas assistir a um DVD, como também colher todas as informações possíveis a respeito do atleta, que vão desde o perfil psicológico, passando por histórico médico e chegando a detalhes a respeito de sua passagem por clubes anteriores.

Mas a regra vale também para o mercado nacional. E o Flamengo, obviamente, só pegará o refugo, nacional ou internacional, acaso espere por Elias e não consiga se acertar com o Sporting. Como se vê, a decisão não é fácil, porém deve ser definida sem demora, sob pena do time sofrer prejuízo na pré-temporada e não entrar preparado na Libertadores.

Boa sorte à Diretoria e a todos nós!

Bom dia e SRN a tod@s.