Jayme de Almeida era só preocupação com a falta de tempo para descansar seus esgotados jogadores para a partida de domingo passado contra o Fluminense, considerando que a situação ficaria bem pior para a decisão da vaga para a final da Copa do Brasil, no dia de hoje, caso os utilizasse no eterno clássico. Em consequência, resolveu poupar meio time naquela partida;
Nas Laranjeiras, Vanderlei Luxemburgo teve toda a semana para treinar e preparar o seu time que, desesperadamente, precisava ganhar o Fla x Flu para se distanciar das vizinhanças da Zona de Rebaixamento;
O "Flamengo metade cansado" venceu o "Fluminense inteiro descansado", empurrando-o para a soleira da porta do "G-4 do mal";
Indo até General Severiano, via-se um Oswaldo de Oliveira radiante de satisfação por, finalmente, dispor de uma semana cheia para "trabalhar várias situações de jogo", conforme suas próprias palavras, com a finalidade de vencer o estropiado Goiás, que vinha de uma desgastante partida perdida para o Flamengo, na quarta-feira passada, e que se deu ao luxo de jogar com seu time titular visando uma vitória para aproximar-se do "G-4 do bem", embora tivesse que fazer, na noite de hoje, a partida de volta contra o mesmo Flamengo, quando já entrará perdendo por 2 a 1, aqui em RJ city, no caldeirão rubro-negro;
O "Goiás inteiro cansado" venceu o "Botafogo inteiro descansado";
Os dois times que não tiveram míseros minutos para treinar nos intervalos dos jogos ganharam daqueles que passaram os ideais sete dias de descanso para uma equipe de futebol durante a temporada, um verdadeiro manjar dos deuses nesses tempos de vacas magras em termos de datas disponíveis entre um jogo e outro;
Confesso não me importar muito com o despreparo dos rivais. Parodiando Vinícius de Moraes, afirmo que a mim o Flamengo me basta, mas não desejo me limitar a jogar pedras no telhado dos outros quando o meu teto rubro-negro também é de vidro. Quem não se lembra das sequências de 10 dias entre uma partida e outra, nos últimos tempos, inclusive este ano, após as quais a nossa equipe voltava à campo em condições técnicas piores do que saía, ensejando o bordão "Quanto mais treina pior fica"? E como agravante, treinada por gente supostamente competente, com grife, como Vanderlei Luxemburgo, Dorival Júnior e Mano Menezes;
Longe de mim desprezar uma atividade que tanto prestigio, a preparação para toda e qualquer atividade que envolva o "serumano", porém, não deixa de ser uma questão interessante a ser discutida, pois a que tipos de treinamentos os técnicos tupiniquins submetem seus atletas, que não repercutem no jogo oficial o que foi exaustivamente ensaiado nos campos de treinos?
Aprendi a gostar do Flamengo movido pelo estresse de atuar domingo, quarta e domingo, já que na corda estendida reside a fonte de energia do meu time. O exemplo mais notável foi o massacre sobre os arrogantes ingleses do Liverpool, na conquista do Mundial, depois de apenas seis dias sagrar-se Campeão Estadual sobre o Vasco da Gama, coroando com chave de ouro uma série de três partidas naquelas finais, com direito a, entre uma decisão e outra, uma no Maracanã no domingo à tarde e outra em Tóquio no sábado à noite seguinte, um desgastante voo de quase 40 horas de duração, com uma escala de 5 horas no aeroporto de Los Angeles;
E nesse ritmo frenético, mais uma vez incorporado no espírito flamengo de ser, chega o Mais-Querido para mais uma noite de festa em nossa favela, no velho estádio. Nada está vencido de antemão e espantemos a zebra com humildade e vibração, mas a pajelança tem que ser rubro-negra. Nós a merecemos, pois o futebol é mais bonito quando a vitória tem as cores do Flamengo.
SRN!
