segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Estressando a Relação

Buongiorno, Buteco! Nelson Rodrigues chamava a a dupla Fla-Flu de "Os Irmãos Karamazov" do futebol, em alusão ao romance de Dostoiévsky, que contava a vida de uma conturbada família russa no Século XIX. A verdade é que essa relação sempre foi muito tensa. O Departamento de Futebol (vejam bem, não o clube, já que o Clube de Regatas do Flamengo é mais antigo do que o Fluminense Football Club) do Flamengo foi criado a partir de uma dissidência do Fluminense e a rivalidade nasceu ferrenha desde o primeiro Fla-Flu, vencido pelo Fluminense. Sempre foi um clássico caracterizado por confrontos ofensivos, com ambas as equipes jogando sem medo, e por isso mesmo não raro terminando com muitos gols. Costumo sempre dizer por aqui que é o meu clássico favorito. Nada pode ser maior do que o Fla-Flu, nem mais sobrenatural.

A partida de ontem me trouxe à memória as lamúrias em relação à derrota para o Bahia no Campeonato Brasileiro de 1996, lamúrias essas sem sentido, já que, graças a uma vergonhosa virada de mesa, o Fluminense disputou o Campeonato Brasileiro de 1997 da Série A. Pois ontem o Flamengo novamente deu sua contribuição para o seu "irmão Karamazov" ser desqualificado para a Série A, e com direito a gol nos acréscimos e time misto. Não poderia ter sido mais delicioso e ao mesmo tempo mais perverso. 2013, de forma surpreendente, vem trazendo alegrias que jamais imaginaríamos experimentar com o Mais Querido.

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Sem cinco titulares, sendo eles os mais experientes do time, a vitória no clássico representa um feito notável. A atuação esteve longe de ser deslumbrante, mas foi taticamente aceitável. Se faltou à equipe mista que entrou em campo ser mais aguda e incisiva nas conclusões a gol, ponto no qual o adversário talvez tenha até sido superior, o sistema defensivo, basicamente protegido apenas pelo ótimo Amaral, portou-se bem frente ao ataque do Fluminense, liderado pelo bom Rafael Sóbis e pelo veloz Biro-Biro. Destaco Frauches, que mais uma vez, improvisado, foi muito bem e deu conta do recado. Wallace, seguro como de costume, com a faixa de capitão, liderou a segura dupla de zaga com González e Paulo Victor fez boas defesas no gol.

Do meio para frente faltou criatividade, especialmente a Carlos Eduardo e Gabriel. Luiz Antonio fez uma partida razoável, ao meu ver, mas o melhor no sistema ofensivo foi Rafinha, autor de passes decisivos, um deles que deixou Hernane na cara do gol, na pequena área, numa oportunidade inacreditavelmente desperdiçada. Só poderia ter sido mesmo por via de Rafinha o contra-ataque e o cruzamento que resultaram no gol da vitória, marcado nos acréscimos.

O saldo é positivo e não apenas pelos três pontos, mas pelos oito abertos em relação à ZR e por estarmos agora muito próximos de atingir a pontuação necessária para garantir a permanência na Série A em 2014. E nessas circunstâncias, especialmente em um jogo que estava com cara de 0x0, um gol marcado nos acréscimos é uma dádiva. Quem sabe contra o Goiás a zona de segurança não possa ser alcançada já no sábado que vem, com a mesma equipe que jogou ontem?

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Quarta-feira é dia de garantir a vaga na final da Copa do Brasil. É dia da equipe mais desacreditada nos últimos anos (inclusive por mim, reconheço) chegar a final da edição mais difícil da Copa do Brasil dos últimos anos, já que também foi disputada por equipes que estavam na Copa Libertadores da América. Agora, o Céu é o limite para esse time do Flamengo.

Qual é a estratégia adequada? Contra-ataques? Abafa? Cozinhar o jogo com a posse de bola?

Espero ler a opinião de cada amigo do Buteco a respeito, mas por mim o time partiria para cima, avassalador, e faria o placar já no primeiro tempo.

Bom dia e SRN a tod@s.