segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Jayme e a Estratégia

Buongiorno, Buteco! Confesso que esperava uma partida bem dura contra a Portuguesa. O jogo ao qual compareci no primeiro turno do campeonato aqui em Brasília mostrou um adversário pobre tecnicamente, mas que, para compensar essa deficiência, é implacável na marcação, em todos os setores do campo, rápido no contra-ataque e que pressiona por via da marcação até conseguir a posse de bola durante o jogo inteiro, incansavelmente. A combinação dessas características e do fato de disputar apenas uma competição no momento permitiram, em um campeonato de nível técnico baixíssimo, no qual, até quatro rodadas atrás (e estamos na 32ª), a partir do sexto colocado todos os times lutavam para não cair, permitiu à Portuguesa fazer uma das melhores campanhas do segundo turno até aqui, permitindo-lhe inclusive se afastar da ZR. Jogo duro à vista, portanto, e Jayme tinha um dilema a resolver: escalar novamente um time reserva/misto ou os titulares? Na rodada anterior, a estratégia de poupar deu certo na Copa do Brasil, com o time voando em campo e aniquilando brutalmente o Botafogo; porém, não deu certo no Brasileiro, permitindo a aproximação da ZR.

É complicada a função de treinador. Qualquer que fosse a opção tomada, haveria bons argumentos, como também espaço para "descerem a lenha". Desde sábado, aqui no Buteco, houve ótimos debates com excelentes argumentos de ambos os lados. No noticiário da semana, idas e vindas da imprensa a formação que iria a campo. E Jayme tinha que se decidir.

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Esse time do Flamengo joga melhor na base do abafa e, com Jayme, aprendeu também a jogar em velocidade nos contra-ataques. Ao mesmo tempo, como todos sabem, tem dificuldades para cadenciar o jogo e trabalhar a bola com qualidade no meio de campo. Enfrentando um adversário que marca forte com seus dez jogadores de linha pressionando o tempo inteiro, seria natural que seu jogo não fluísse no toque de bola, que já não é a especialidade do time, especialmente porque, apesar do mando de campo ser da Portuguesa, a partida disputada em Fortaleza trouxe toda a torcida para o lado do Flamengo, o que lhe "obrigou" a tomar a iniciativa da partida. Mas como jogar na base do abafa no calor infernal que fazia em Fortaleza, as 16:00h?

Observem que nada mudaria se o time houvesse sido escalado com reservas: o calor teria sido o mesmo, o abafa teria sido da mesma forma inviável, o Flamengo teria que tomar a iniciativa do jogo, e a Portuguesa não teria dado chances para os contra-ataques. Chegar ao gol na base do toque de bola não seria uma tarefa fácil.

É nesse ponto que pondero aos amig@s o quanto era difícil a posição do Jayme, independentemente do time que escolhesse para entrar em campo. O quadro seria esse, com time titular, misto ou reserva. E o jogo era perigoso. Diante desse quadro, acho que Jayme avaliou os riscos, o que aconteceu na semana anterior e optou por uma solução intermediária: escalou os titulares, mas pediu-lhes que se poupassem durante o jogo, especialmente enquanto o sol e o calor estivessem castigando com mais rigor.

Acertou? Errou? Realmente, os reservas teriam poupado os titulares do desgaste dessa partida; ao mesmo tempo, se optasse por uma escalação como a do domingo anterior, acho que as chances de derrota seriam maiores. E quem poderia prever os resultados da rodada? Colocando-me na posição do Jayme, acho que teria feito algo parecido. Talvez tivesse poupado o Leonardo Moura e provavelmente não teria escalado o Elias tão adiantado. No final das contas, porém, eu concordo com o conterrâneo Jamilton: acho que o time se poupou, até porque foi no final da partida que começou a correr e pressionar o adversário. Acho possível também que a experiência dos jogadores lhes fez dosar as energias e permitirá jogar de forma competitiva contra o Goiás. 

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Enquanto o calor castigou e a Portuguesa teve fôlego para marcar, o jogo foi bem truncado e difícil para o Flamengo. Houve um pênalti não marcado em Hernane no primeiro tempo, mas a Portuguesa armou os contra-ataques mais perigosos. No início do segundo tempo, a situação piorou e a Portuguesa, além de atacar, bloqueava os contra-ataques do Flamengo. Subitamente, talvez por sentir o cansaço, o fio virou e o Flamengo reagiu. E a partir de então tomou conta do jogo. Logo em seguida Jayme fez duas substituições, com Diego Silva entrando para ajudar Amaral na marcação e Rafinha para tornar o time mais agressivo. Funcionou e a partir daí praticamente só deu Flamengo, com a ressalva de algumas faltas bobas perto da área, numa das quais André Santos também cometeu pênalti, e num contra-ataque no qual Felipe fez grande defesa.

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Compreendo a estratégia do Jayme, de utilizar um time mais experiente, que por isso tentou como pôde se poupar e cozinhar o jogo em campo; não entendo a demora em fazer substituições e mais uma vez o time deixar o campo sem fazer as três.

Ontem, Jayme poderia inclusive ter utilizado alguns dos titulares apenas no segundo tempo, pois, se a estratégia era cozinhar o jogo enquanto fazia muito calor, alguns titulares não precisariam ter começado o jogo.

A questão é que o nosso treinador parece não só ser avesso a substituições, como ter ojeriza a fazer três delas.

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Quarta-feira o Flamengo visitará um Goiás consciente de que precisa fazer o placar no Serra Dourada se quiser ter chances de se classificar para a final. Em tese, é um jogo com um perfil totalmente oposto ao de ontem, no qual o Flamengo poderá utilizar uma de suas armas mais eficazes com Jayme de Almeida: o contra-ataque.

Ao mesmo tempo em que confio no time, indago aos estimados amig@s do Buteco que formação escolheriam: com a volta de Carlos Eduardo, passando André Santos para a lateral esquerda? Tirariam Luiz Antonio do time ou simplesmente manteriam a formação de ontem?

Bom dia e SRN a tod@s.