segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Para Quebrar o Padrão

Buongiorno, Buteco! E o Flamengo venceu um dos jogos mais importantes do ano ontem. Primeiro, porque afastou o time cinco pontos da temida ZR; segundo, porque enfrentou um adversário direto na luta contra o rebaixamento; terceiro, porque, projetando a tabela e os jogos nos quais há maior probabilidade de conquista dos três pontos, seriam três pontos simplesmente "irrecuperáveis" acaso não conquistados. Talvez tenha sido o último adversário "teoricamente fraco" que o Flamengo enfrentou nesse campeonato. É certo que o Vasco da Gama encabeça a ZR e será no nosso adversário no próximo domingo, mas todos sabemos como os clássicos costumam ser equilibrados e nivelados, ainda que exista diferença técnica entre as equipes. Enfim, o Flamengo não poderia deixar de vencer o Criciúma, adversário contra o qual, no final das contas, marcou sete gols e tomou um nesse campeonato. Mas será que os números dizem tudo?

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Apesar do placar dilatado, a partida não foi tão fácil e simples como o resultado sugere, até porque a defesa, antes do primeiro gol, andou dando uns sustos na torcida. E os sustos, a rigor, continuaram durante todo o jogo, lembrando a partida contra o Atlético/PR. A diferença é que o adversário de ontem somou apenas 25 pontos no campeonato até agora, permitindo o Flamengo marcar quatro gols, e o Atlético/PR acachapantes 42. Fiquei até surpreso ao constatar que é possível existir uma defesa pior do que a do Flamengo na bola aérea. É exatamente a do Criciúma. Tivesse o Flamengo continuado com onze e articulado um pouco mais as jogadas, o placar teria sido ainda mais elástico.

Gostei da escalação do meio escalado pelo Jayme. Talvez houvesse optado por Carlos Eduardo ao invés de André Santos, mas a escalação de três volantes foi sábia, na medida em que o número de situações perigosas criadas pelo Criciúma mostrou que, se o time é ruim com Amaral ou Cáceres, é ainda pior sem a proteção que ambos dão à insegura zaga. Acho que os mais participativos e por isso melhores do time foram Luiz Antonio e Paulinho; não porque foram brilhantes, mas ao menos carregaram o time para frente, o que já não fez Elias, que, apesar do providencial quarto gol, simplesmente andou em campo. Leonardo Moura, veterano de trinta e cinco anos de idade, visivelmente se poupou em campo, completando sua trigésima oitava partida no ano. Evitarei lembrar mais uma vez a falta que faz um reserva para a posição.

De outra parte, João Paulo fez péssima partida, tendo de forma inexplicável desistido do lance no qual Lins, do Criciúma, ficou cara a cara com Felipe, que por sua vez se precipitou totalmente ao cometer o pênalti e deixar o Flamengo com dez em campo. Ao meu ver foram os piores do time. Outro aspecto negativo foi o preparo físico. A impressão que tenho é que o grupo sente muito os jogos da Copa do Brasil e as sucessivas trocas de comissões técnicas (e portanto de preparadores físicos) comprometeram esse importante e vital setor do Departamento de Futebol na temporada em curso.

No final, a impressão é que o time, além de competência para se aproveitar do péssimo dia do sistema defensivo do Criciúma, teve bastante sorte. Tudo deu certo, na medida certa, algo raro de se ver  até aqui durante o ano.

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Quarta-feira o Flamengo irá a Curitiba enfrentar o Coritiba no Major Couto Pereira. Nas últimas nove partidas lá disputadas, nove derrotas, com cinco gols marcados e vinte e três sofridos. O último gol marcado foi na derrota de 2x3 em 2005, pelo Campeonato Brasileiro. É interessante observar que essa estatística desfavorável não existia antes dessa sequência assombrosa. Na década de 90, mesmo sem ter times brilhantes, o Flamengo jogou quatro vezes no Couto Pereira contra o Coritiba, tendo vencido duas e empatado as outras duas. A última vitória do Coritiba no Couto Pereira sobre o Flamengo, antes do primeiro jogo da sequência de nove derrotas, havia sido em 1974. Logo, apenas apenas a história recente do confronto em Curitiba é desfavorável ao Flamengo.

É hora de quebrar o padrão atual ou, se preferirem, retomar o padrão anterior. Se no primeiro turno o Coritiba estava disputando as primeiras posições e apresentando um futebol organizado e competitivo dentro de campo, hoje está apenas um ponto na frente do Flamengo, com o mesmo número de vitórias e apenas uma derrota a menos, contabilizando ainda dez empates e pior saldo de gols.

É claro que futebol não se resume a números e estatísticas, mas se há um jogo ideal para quebrar essa sequência horrorosa que se iniciou e estabeleceu na década passada é o da próxima quarta-feira. O Flamengo ainda não venceu duas vezes consecutivas no ano. É preciso motivação e coragem, além da raça e do espírito rubro-negros para superar esse desafio.

O amigo do Buteco acredita?

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A sequência do Flamengo, após o Coritiba, será Vasco da Gama no Mané Garrincha, e Internacional, Botafogo e Bahia, no Maracanã.

A Diretoria precisa entender o momento, esforçar-se para quitar as dívidas relativas aos direitos de imagem atrasados e aproveitar a oportunidade para terminar o ano de forma tranquila, até porque as últimas rodadas, após a partida contra o Goiás, no Maracanã, serão contra São Paulo (f), Grêmio (f), Corinthians (c), Vitória (f) e Cruzeiro (c).

É sempre bom não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje.

Bom dia e SRN a todos.