segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Conta do Chá

Buongiorno, Buteco! Ontem o elenco do Flamengo, não o time, mas o elenco deu uma demonstração cabal de que tem a conta do chá para fazer uma campanha que permita o clube figurar entre os vinte que disputarão a Série A de 2014. O adversário vinha de uma sequência de nada menos do que sete derrotas consecutivas nas quais marcara três míseros gols e sofrera dezesseis. Nessas partidas, um mísero gol foi marcado em casa. E o Flamengo quase, por muito pouco mesmo não perdeu para esse adversário, a Ponte Preta. O título desse post quase foi "Síndrome de Citrato de Sildenafila". Felizmente não foi o caso. A conta do chá do Flamengo é do chá de boldo. Quem já precisou tomar e já tomou sabe o quanto é ruim e amargo, embora funcione. A torcida do Flamengo passa por um processo de prova e purificação. Só pode ser, pois nos últimos anos, incluindo o atual, o que tem testemunhado o seu time praticar dentro de campo é algo diferente do que se possa definir como futebol.

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De tanto escrever, toda a segunda-feira, a respeito desse time, de tanto assisti-lo jogar e tendo a oportunidade de vê-lo atuar por cinco vezes aqui em Brasília na sequência de sete partidas que fez por aqui, levando ainda em consideração a projeção atual, que é de disputar o segundo turno do Campeonato Brasileiro/2013 no Maracanã, acredito que tenha uma formação titular suficiente para vencer as partidas dentro de casa e até mesmo algumas fora ou, quando menos, conquistar alguns pontos importantes. Como já escrevi em algumas segundas-feiras neste mesmo espaço, o grande problema tem sido as contusões de jogadores mais experientes e importantes, como Elias, Leonardo Moura, Chicão e Marcelo Moreno. Enfim, acredito que Felipe (Paulo Victor), Leonardo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Cáceres, Luiz Antonio, Elias e Gabriel (porque não há outro); Carlos Eduardo (Rafinha) e Marcelo Moreno (Hernane) formem um time que, tendo uma sequência de jogos, é capaz de somar uma quantidade maior de pontos e provavelmente distanciar o time da temida ZR. O problema tem sido o treinador conseguir colocar esse time em campo por uma sequência de jogos.

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Quanto a Mano Menezes, tenho sustentado que treinador está longe de ser o nosso problema e que a Diretoria precisa bancá-lo, pois é do tipo que aparece a cada década e meia no Flamengo, e também que, se fosse outro, provavelmente estaríamos na ZR tentando subir de posições, tal como ocorre hoje com o São Paulo. Continuo com a mesma opinião. Algumas críticas são feitas quanto a opções do Mano. Às vezes concordo com elas, mas muitas vezes não. A questão é que, por coerência, quando olho para o elenco, dificilmente encontro respaldo para sustentar uma crítica mais contundente, como esse ou aquele jogador, se tivesse entrado... Como se tivéssemos no elenco alguém várias opções as quais bastaria trocar de posição para, num passe de mágica, resolver todos os nossos problemas dentro de campo. Um exemplo claro é a queda de rendimento do Gabriel; outro é a bola que Rafinha deixou de jogar em relação ao começo do ano. Somente agora Rafinha começa a dar algum sinal de recuperação, mas ainda tímido, muito distante do que o levou a ser apontado como promessa, a deixar o excelente Dedé a ver navios. Precisamos levar em conta que o treinador não entra em campo.

Por outro lado, com algumas ressalvas dignas de destaque, como no jogo contra o Santos no Maracanã, penso que, quando Mano se distancia da formação e do esquema tático que até o momento deram todas as evidências de que são o "porto seguro" do Flamengo nesse campeonato, em geral aumenta muito, e desnecessariamente, o grau de risco. Entretanto, se em algumas partidas, como contra o Santos, tal decisão claramente se deveu a uma opção de ordem tática, contra a Ponte Preta, em Campinas, Mano até tentou, mas o infortúnio o impediu de levar adiante o seu plano: escalou Diego Silva, volante, o que significou manter-se fiel ao desenho tático que mencionei; mas com a contusão prematura de Diego Santos, aos 15 minutos de partida, e como Wallim Vasconcellos, vice-presidente de futebol do Flamengo, insiste em manter o elenco sem um reserva para a lateral direita, mais uma vez Mano precisou sacrificar o esquema tático e se ver mais uma vez ainda mais limitado em suas pouquíssimas opções para escalar o time e resolver seus problemas. Lá se foi então o bom Luiz Antonio, meio campo, o único prata-da-casa que nos últimos anos se firmou, improvisado para a lateral direita...

Reparem que foi Luiz Antonio, como poderia ter sido o Paulinho, que aliás começou a partida como lateral direito, onde jogou outras partidas, assim como atacante pela ponta direita, pela ponta esquerda, volante, meia, mas ontem terminou o jogo como centroavante (!), tudo porque o jovem Samir, mais uma vez se precipitando, após falha de André Santos, foi expulso e deixou o time com dez. Claro, pode-se criticar Mano por ter substituído Hernane, mas Paulinho é um jogador que se sacrifica pelo time e, no sufoco que o Flamengo então passava, certamente voltaria para marcar, algo que Hernane dificilmente faria. Tomar decisões como essa fazem parte da difícil missão que é dirigir o Flamengo com o elenco que é posto a disposição do treinador hoje em dia. Teria sido pior, muito pior, uma derrota. Acho que Mano não tomou a decisão errada. Ao mesmo tempo, pode-se questionar se Paulinho não renderia melhor se fosse utilizado em um número menor de posições. Contudo, Mano poderia contra-argumentar e nos perguntar se tem no elenco jogadores a disposição que lhe permitam não utilizar Paulinho em tantas posições. Xeque-mate?

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Prezados amigos do Buteco, eis a sequência do Flamengo no campeonato: Atlético/PR (c), Náutico (f), Criciúma (c) e Coritiba (f). Em tese, não seria absurdo cogitar de 9 (nove) pontos nos próximos três jogos. Sendo coerente com tudo o que já escrevi até aqui, contudo, só tenho uma coisa a dizer: acendam suas velas e rezem para que Leonardo Moura, Chicão e Elias se curem de suas contusões musculares. Do contrário, tendo que recorrer às "peças de reposição" do elenco, infelizmente correremos o risco de fazer uma visita à Zona do Rebaixamento.

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Hoje, excepcionalmente, não estamos servindo cerveja nem chopp, mas o chá de boldo é de graça. Podem se servir a vontade.

Bom dia e SRN a todos.