terça-feira, 27 de agosto de 2013

Conselho pro Futebol


Como diz o dito popular: "se conselho fosse bom, não se dava, se vendia". Aqui o trocadilho, não tão bom se faz presente. Já se passaram 9 meses e o futebol do Flamengo continua sendo administrado do mesmo jeito que em diretorias anteriores, ao menos em sua estrutura, pouco mudou. O presidente do clube, agora conselho executivo e o Vice-presidente de futebol tem toda a responsabilidade sobre si, além do diretor profissional que sempre existiu. De longe ao menos é o que parece sobre a estrutura ou a falta dela por enquanto (parte). Outras áreas do clube avançaram muito, mas a impressão que se tem é que no departamento de futebol há continuidade de padrões (não os éticos e morais, os funcionais).

Na estrutura antiga, as responsabilidades recaem sobre o presidente do clube, VP de futebol e do diretor remunerado. Não que eles não tenham responsabilidade, inclusive eles devem assumir (tem feito), mas com esta forma de condução se exige a presença de um “homem-forte”, um "salvador da pátria", um para-raios personalista que sirva de escudo nas crises. Nada mais obsoleto do que isso! Principalmente quando a crise é eterna, como a pressão dentro do Flamengo. Surgem criticas, as vezes excessivas, sobre o trabalho de Wallim e Pelaipe porque não existem anteparos, assim como não existe auxilio direto e especializado (talvez por culpa deles próprios, não sei), além da má comunicação que é um outro problema no clube (acho que está melhorando, é preciso tempo também). 

Tentarei relacionar o que penso sobre como deva ser um departamento de futebol, (des)pretensiosamente listando o que seria necessário:

Futebol Profissional
  • Presidente, Vice-presidente de Futebol, CEO do clube ("presidente profissional", remunerado)
  • Conselho diretivo do futebol (conselheiros + VP + Diretor-executivo)
  • Diretor-executivo
  • Gerente, Supervisor, assessoria, especialista em logística, especialistas em Marketing (para trabalhar especificamente no futebol e agilizar alguns processos e campanhas das equipes);
  • Comissão Técnica: Diretor técnico (Treinador), dois auxiliares técnicos, treinador de goleiros, um treinador de ataque e finalização, um treinador de defesa e posicionamento, cinco observadores técnicos (scouts);
  • Comissão Médica: fisioterapeutas, médicos (cardiologista, ortopedista, dentista, nutricionista, psicólogo), dois enfermeiros, assistente social;
  • Comissão Atlética: três preparadores físicos, fisiologista, dois especialistas em biomecânica, podólogos;
  • Comissão de Alto nível: especialistas em tecnologias (tipos de treinamento, gravação e edição de jogos e treinos, etc.), cinegrafista, especialistas em estatística, especialista em TI e especialistas em softwares, dois ou três “hostess esportivos” (profissionais especializados em ambientação de novos atletas no clube, na cidade. Por exemplo ajudar com escola para filhos, professor de língua portuguesa, quase um secretário ou uma equipe para facilitar a vida do novo atleta fora de campo);

Categorias de Base do futebol
  • Diretor-geral, cinco assessores (um para cada equipe, sub-21, sub-18, sub-16, sub-14, sub-12), Gerente Administrativo, Gerente Técnico, Coordenador técnico geral, Coordenador do Departamento Médico da Base, especialista em infraestrutura, especialista em biomecânica para toda a base, podólogo, olheiros;
  • Um profissional para cada equipe: supervisor, treinador, auxiliar técnico, preparador físico, preparador de goleiros, treinador de ataque e finalização, um treinador de defesa e posicionamento, médico, enfermeiro, fisioterapeuta, fisiologista, massagista, roupeiro;

Futsal, Futebol de areia e Escolinhas (dentro do clube, não as franqueadas)
  • Como na categoria de base do futebol, um profissional para cada equipe: supervisor, treinador, auxiliar técnico, preparador físico, preparador de goleiros, médico, enfermeiro, fisioterapeuta, massagista, roupeiro;
  • Detalhe a ser ressaltado até o sub-16 integração total das três modalidades de futebol, que treinariam juntas para uma melhor formação técnica dos atletas.

O modelo que acho mais viável e bem vencedor é o do Bayern de Munique que tem uma comissão de ex-atletas comandando o futebol do clube, acima do treinador. Isso demonstra na prática que o clube é maior do que qualquer profissional, ainda mais com a rotatividade de treinadores cultural no Brasil. Para implementar este modelo aqui ainda me questiono se temos ex-atletas capacitados para tal serviço. Para mim não. As exceções são Zico e Leonardo. Quem mais estaria capacitado, treinado para analisar e avalizar contratações no “Monneyball rubro-negro”? Teríamos de contratar ou treinar ex-jogadores relevantes da História do clube que pudessem executar esta função.

Penso em cinco exemplos com jogadores com passagens marcantes e vitoriosas pelo clube: Fábio Luciano, Petkovic, Gamarra, Djalminha e Adílio. Vejam as características de cada um e como poderiam se encaixar em um projeto destes, caso estejam dispostos. Seriam chamados apenas para a montagem de elencos e para a seleção de possíveis grandes contratações, mas com treinamento dado pelo clube em áreas que não estão acostumados como estatística, análise de vídeos e com um estágio em grandes clubes e escolas europeias de futebol. Não seria um “trabalho diário”, mas situações especiais num primeiro momento, o que poderia no longo prazo se fixar e trabalhar mais efetivamente para o Flamengo junto com os olheiros e scouts para as categorias de base e o time profissional. Assim faz o Bayern, atual campeão europeu com Rumennig, Paul Breitner, Beckenbauer... O estudo e aprimoramento seria fundamental, já que a experiência boleira do Brasil eles já tem.


Hoje o futebol exige outros (muitos) profissionais ou pessoas mais qualificadas e um colegiado ajudaria nas decisões e nas possíveis responsabilizações, inclusive. A profissionalização dos clubes de futebol será forçadaquem não profissionalizar ficará para trás. O futebol, carro-chefe, deve ter uma estrutura diferente do restante do clube e se der certo, que seja implementada em outras áreas. O Flamengo tem o porte de uma multinacional do esporte e deveria ser tratado como tal, com mais cuidado com todos os interessados, principalmente seus sócios e sua torcida.

FLAMENGHIEUBIQUE!