segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Maratona e o Elenco

Buongiorno, Buteco! Após uma sequência de sete pontos em uma semana (Atlético/MG, Portuguesa e Fluminense), que chegou a animar, o Flamengo empacou com dois empates, um fora de casa, outro contra o São Paulo, habitante do Z4, ambos os jogos com futebol sofrível e apresentando as mesmas dificuldades do início do campeonato: pane criativa, pouquíssimas e péssimas finalizações, além de muitos erros de passe. Sim, o time tem e continua com padrão tático, e, aliás, o que esse time tem de melhor é o padrão tático, mas para defini-lo reporto-me a um comentário de ontem do amigo Márcio Ballem, que o faz de forma perfeita: "Correr eles sabem, mas dominar uma bola, acertar um chute a bola ou uma sequência de passes, é uma grande dificuldade." Um suplício, eu diria. Podemos, é claro, argumentar que não há um time com grande performance técnica no campeonato, bem como que há outros times com nível técnico parecido, mas tal constatação não resolve os problemas do time e nem tampouco o fazer somar pontos ou ao menos uns golzinhos. Hoje, é puro sofrimento assistir a uma partida do Flamengo.

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O elenco, a partir de agora, enfrentará um outro desafio: as quartas-de final da Copa do Brasil, que certamente aumentarão a intensidade do desgaste já existente por conta dos jogos no meio e nos finais de semana; contudo, como se trata de outra competição e que se aproxima das fases mais decisivas, os jogos tendem a ser mais disputados, tensos e, portanto, exigirão ainda mais dos jogadores. Qual será o reflexo da disputa das duas competições no desempenho do time no Campeonato Brasileiro? É nesse ponto que a tão discutida má montagem do elenco do Flamengo se mostra evidente. Um bom exemplo é a situação da lateral direita. Com a contusão de Leonardo Moura, o qual, pela idade, já havia, até aqui, disputado uma quantidade enorme de jogos na temporada, algo obviamente distante do ideal e que prenunciava a contusão que hoje vitima nosso único lateral direito, não há um reserva para Mano Menezes escalar, o que o obriga a improvisações como a de Luiz Antonio na posição. E Luiz Antonio vinha sendo um importante jogador no meio de campo nas partidas em que o Flamengo apresentou melhores dinâmica e desempenho em campo. Logo, improvisá-lo na lateral direita significa tornar o elenco menos forte no meio de campo. E o elenco, que já tem poucas opções, passa a ter menos ainda quando os jogadores que podem dar consistência ao time ou oferecer uma boa alternativa para substituições precisam ser improvisados em posições que não são as suas originais. O Flamengo não se pode dar ao luxo desse tipo de prática, não com o elenco que tem. E o pouco que o Flamengo tem é a diferença entre três pontos suados e o acúmulo de empates que não o permite chegar a uma situação confortável.

Outros exemplos claros da falta de alternativas do elenco são a insistência de Mano com Gabriel, em evidente má fase, e a invariável utilização de Paulinho para fazer a primeira substituição no segundo tempo. Ressalvo que Paulinho em alguns jogos foi importante, até decisivo, e em outros não, algo totalmente normal, já que é apenas um jogador disciplinado taticamente, mas distante de ter qualidades para ter a responsabilidade de mudar um jogo ou para ser decisivo. Dentro desse contexto das limitações do elenco, porém, é bastante claro que a situação da lateral direita é totalmente insustentável. Não é minimamente razoável, aceitável, admissível ou tolerável que os responsáveis pelo Departamento de Futebol do Flamengo permitam que o elenco continue sem um reserva. Um lateral direito que possa ser contratado para impedir as toscas improvisações e ajudar o time deixar de somar pontos importantes por questão de detalhes certamente existe nesse imenso país. Ontem pareceu-me não ter sido pênalti de Luiz Antonio em Lucas Evangelista, mas a falta de noção do jogador na execução das funções defensivas da posição é tão clara que é razoável temer pela repetição do episódio e que o desfecho não seja uma salvadora defesa de Felipe, e não apenas por Luiz Antonio, que aliás não jogará contra o Grêmio por ter tomado o terceiro cartão amarelo, mas por qualquer um que, improvisadamente, venha a ocupar aquela posição.

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Um primeiro tempo com bem mais posse de bola e domínio territorial, porém sem efetividade, e o alívio de um gol sofrido em jogada de bola aérea ter sido anulado; um segundo tempo péssimo, no qual o adversário, cheio de brio, foi amplamente superior e criou várias chances claras de gol, desperdiçadas muito provavelmente devido à enorme pressão que sofre para sair da ZR. É frustrante escapar de uma derrota para um time que frequenta a ZR e preocupante ser menos objetivo do que esse time. Mano também decepcionou nas substituições. Tal como ocorreu contra a Portuguesa e contra o Goiás, demorou muito para substituir, principalmente Gabriel, que está em má-fase, o que expõe o jogador a um nível cada vez maior de intolerância e impaciência da torcida. E, como já dito, será que Paulinho precisa, necessariamente, ser sempre a primeira alternativa?

Mesmo nos seus piores momentos, Mano me deixa tranquilo, pois na entrevista coletiva após a partida, sereno e reflexivo, reconheceu que sua substituição teve efeito exatamente oposto ao esperado. Bem melhor do que os professores que distorcem a realidade para tentar explicar o inexplicável. Definitivamente, treinador não é o nosso problema.

A semana promete muitas emoções com dois adversários bastante qualificados: o Cruzeiro e o Grêmio. O primeiro, pela Copa do Brasil, fora-de-casa, é o dono do ataque mais positivo e do melhor saldo de gols do Brasileiro; o segundo, no Mané Garrincha, em Brasília, é um time em franca ascensão no campeonato, e quem pôde conferir o seu desempenho contra o Vasco da Gama, que faz uma campanha errática, do mesmo nível da campanha do Flamengo, certamente percebeu que não teremos vida fácil.

O amigo do Buteco tem a palavra: como o time se sairá nessas duas partidas? Vale a pena trazer um lateral direito, ainda que da Série B ou da Série C?

Bom dia e SRN a todos.