segunda-feira, 3 de junho de 2013

Teoria, Prática e Razoabilidade

Buongiorno Buteco! Passada a terceira rodada do Campeonato Brasileiro da Série A em 2013, o Flamengo conquistou dois pontos em nove disputados, tendo marcado dois gols e sofrido quatro. O segundo ponto foi conquistado na base da raça, do abafa e da superação pessoal dos jogadores, após o adversário estar vencendo por dois gols de diferença já na metade do segundo tempo. Na teoria, era para ser um time formado com baixo custo e que passaria sem sustos pelo campeonato (riscos de rebaixamento), porém sem aspirar o título; contudo, e se contarmos o Campeonato Estadual e os confrontos pela Copa do Brasil, além do início do Campeonato Brasileiro, a prática está demonstrando que o time terá dificuldades em se manter na Série A do Campeonato Brasileiro - As laterais têm problemas crônicos de marcação, precisando de auxílio dos pontas/atacantes e volantes para evitar os gols, mais do que o idealmente necessário dentro do esquema tático adotado pelo treinador, o que sobrecarrega fisicamente os pontas e diminui o ímpeto ofensivo da equipe; a zaga oscila entre boas apresentações defensivas e falhas grotescas, seja na marcação, seja em passes errados na saída de bola; os volantes têm desempenho apenas regular e a armação tem sido próxima da nulidade, o que deixa o ataque com dificuldades para finalizar a gol. E o time continua marcando poucos gols, porém passou a sofrê-los, numa combinação nada favorável.

A primeira dúvida, que divido com os estimados amigos do Buteco, é: o problema é apenas técnico ou também é tático? Temos time para jogar no 4-2-3-1 ou deveríamos armar um ferrolho e tentar ganhar os jogos de 1x0? Mas como fazer gols em um esquema mais defensivo se com um mais ofensivo fracassamos? O problema então é de ordem técnica (dos jogadores)? Sem ter a pretensão de esgotar a discussão, vou dar um exemplo de uma partida que assisti com a família da minha irmã em Lisboa, no Estádio João Alvalade, do Sporting, em 2011. O Sporting, num 4-4-2 desentrosado, acabou vencendo o Portimonense, do Algarve, que jogava no 4-2-3-1 e envolveu amplamente os anfitriões em nível tático durante a partida inteira. O resultado da partida até me surpreendeu. Faltava algo aos visitantes que os anfitriões possuíam, contudo: qualidade técnica e individual, o que acabou prevalecendo naquela tarde. O Flamengo de hoje me assusta porque só jogou no nível do Portimonense, que perdeu aquela partida e terminou rebaixado naquela temporada, na primeira rodada contra o Santos. Sequer naquele nível tático conseguiu atuar nas partidas seguintes.

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Durante todos os anos que acompanho o futebol desenvolvi um hábito o qual, até o momento, não encontrei argumentos para abandonar: não discuto com números, com os fatos. Eis alguns relacionados com os principais jogadores da atual equipe do Flamengo: a) o Carlos Eduardo foi utilizado em onze partidas e não convenceu em umazinha sequer; b) o Renato Abreu é o artilheiro do time atrás do Hernane; c) tem havido um longo intervalo, geralmente de 15 (quinze) dias, entre as partidas que se pode dizer que o Renato Abreu realmente jogou bem, enquanto nas outras têm tido atuações burocráticas (jogou bem contra o Fluminense em 14.4.2013, depois somente contra o Campinense na Paraíba, em 1.5.2013; literalmente andou em campo contra o Campinense em Juiz de Fora, contra o Santos em Brasília e Ponte Preta em Campinas, voltando a jogar bem no segundo tempo contra o Atlético/PR em Joinville, em 1.6.2013); d) esse time tem dificuldades para fazer gols e toma mais do que os faz; e) Leonardo Moura vem sendo responsável pelas principais jogadas ofensivas da equipe do Flamengo, mas nenhuma resultou em gol e a equipe não venceu uma partida sequer.

Quais são as perspectivas no horizonte?

Vem aí a janela europeia de transferências. Bem trabalhada, pode ser uma fonte de oportunidades e não precisa destruir o orçamento e nem o planejamento fiscal do clube, que pode inclusive negociar alguns jogadores e reformular o elenco. Ainda não é tarde para admitir o erro; após o fechamento da janela será.

Defendo então uma rigorosa avaliação de custo x beneficio em todos os atletas do elenco, inclusive os que têm melhores salários, já que a Diretoria afirma que não há dinheiro para contratações. Deixo de sugerir nomes, seja para dispensas ou para contratações, por não ter valores em mãos, e esclareço que o meu ideal é elenco forte (repetindo: prefiro o elenco forte e por mim só dispensaria dragas como Wallace e Ramon); mas, se for necessário, que sejam efetuadas dispensas para a vinda de jogadores de melhor nível em um realinhamento de gastos com salários. O Flamengo deve vir em primeiro lugar e não me parece adequado brincar de roleta russa com o rebaixamento. 

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Que direito tem Renato Abreu de, ao receber vaias, retardar uma partida, reclamar da torcida, e, como se tudo isso não bastasse, passar a avaliar o comportamento dos torcedores, insinuando qual se comportou como a torcida do Flamengo "que ele conhece"? Em tempos de início do projeto Sócio-Torcedor, essa conduta é totalmente inadmissível é incompatível com a condição de líder do elenco, assim como a postura de tirar a camisa logo após a marcação de um gol, com o clube tendo acabado de celebrar um contrato multi-milionário com um patrocinador. Ao assim se comportar, o atleta, ídolo e referência no elenco atual torna-se uma fonte de conflitos e desavenças.

Com a palavra, a Diretoria.

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Humildemente, de torcedor para torcedor, convido todos a uma reflexão a respeito das vaias e o que elas desencadeiam, independentemente de ser censurável o comportamento do atleta no episódio recente, já mencionado. Não seria a postura da brava torcida de Joinville a mais adequada, impulsionando corajosamente o time em busca do empate?

Minhas homenagens à torcida do Flamengo no Sul do País.

Bom dia e SRN a todos.