terça-feira, 11 de junho de 2013

Comunique-se!


Não sei como anda internamente o trabalho na pasta de Comunicação, não acho que é culpa só dela, pelo contrário, nem estou aqui para criticá-la ou persegui-la, por capricho, mas  é externamente onde o Flamengo dos azuis a meu ver é mais fragil neste momento. Também tenho a consciência e a sensibilidade de saber que são apenas seis meses incompletos. Quando todas as baterias estão voltadas para o Marketing e o “carismático, performático e polêmico” BAP (é o estilo dele, não é defeito de modo algum) vejo que a comunicação tem falhado. Vou ficar (e focar) em quatro aspectos, que podem até nem ser os mais importantes, mas são os que mais visíveis para mim: A comunicação com a torcida (diretamente o programa de sócio torcedor), a relação com a imprensa, a situação estrutural (estádio, CT e Gávea “física”) e a falta de comunicação da situação real do clube.

A relação com a torcida anda estremecida não somente pelo desempenho em campo, até existe paciência, que não víamos muito em momentos de crise técnica (falta de resultados), o ano é mediano para fraco, mas é preciso aproximar o departamento de futebol e o clube do "torcedor comum" (essa expressão existe, de fato?). Havia, e ainda há, uma imensa demanda reprimida dos torcedores em “consumir Flamengo”, que ficou comprovada nas vendas do novo uniforme e na adesão inicial ao Programa de Sócio Torcedor. Só que houve “imposição quase arrogante” em um primeiro momento para adesão direta, que traria dinheiro para o futebol, o carro-chefe (mesmo assim já são mais de 25.000 Sócios Torcedores). Com os parcos benefícios uma torcida carente iria aderir, logicamente, como fez, até por confiar na nova diretoria, mas não se pode “obrigar ninguém a nada”, a torcida não é obrigada a doar nada a ninguém, sem que receba benefícios. "Doa quem pode ou quem quer". Não sou cego e percebo que lá estão profissionais, que devem ter números, coisa que nem sempre tenho, e eles sabem da realidade dos torcedores/consumidores (ou deveriam saber, é tudo muito recente). O problema do ST não é só do marketing, já se gasta muito mais em produtos e serviços com/para do que com um ST “sem benefícios”, penso ser um problema de comunicação do clube, ao menos com os interessados diretos.

Um outro problema observado é a relação com a imprensa, para mim é falha. Esse é um aspecto da maior sensibilidade e não depende apenas dos administradores da instituição e da marca, depende também da vontade, dos interesses de quem veicula a imagem do clube (a imprensa não tem facilitado o serviço do clube, nem é seu papel). Essa é uma relação sensível que toca em um aspecto cultural, no status quo, mexe com vaidades, com dinheiro, com muita coisa que politicamente pode ajudar ou atrapalhar a instituição e as pessoas de diversos modos, financeiramente, inclusive. Existem pontos positivos, como um inicio o de veiculação exclusiva do site do clube, por exemplo, que infelizmente ainda não consegue evitar os infindáveis vazamentos de notícias, essa é uma bandeira, sem trocadilho, de campanha que vem sendo combatida com ações (ponto pros azuis). Só o tempo e o trabalho amenizarão a situação. O visível das ações (só não enxerga quem não quer) é que não surgem mais notícias de não pagamento, crimes ou do clube em setores jornalísticos desinteressantes para a instituição. Para um Flamengo forte só interessam as editorias de esporte, economia e cultura (eventualmente, por que não?). O não “combate” a notícias mentirosas e danosas a imagem do clube, a pouca utilização do “bateu-levou” e das notas oficiais para o fortalecimento do site como canal oficial, são uma fragilidade que deve ser combatida. Esse trabalho foi muito bem feito enquanto Chapa Azul, nas campanhas, poderia ser mais utilizado como instituição, mas sem uso político, somente em defesa do clube, como a do ultimo sábado sobre a "demissão de Pelaipe"(não quer dizer muito, mas esfria os ânimos exaltados da "Flatwitter" e da "não-Flapress"). Toda vez que tentarem manchar a imagem do Flamengo (imagem = dinheiro) o clube deveria emitir uma nota oficial desmentindo o fato, até o momento em que se cessasse esta “ferida” aberta nos últimos 20, 25 anos.

É de extrema necessidade que o clube tenha clareza em seus movimentos, não que abra o jogo e diga o que fará, mas sobre assuntos fundamentais com a torcida, deve-se demonstrar o que será executado. Tenho perguntas que incomodam (a mim ao menos), qual será o tratamento? Por exemplo a questão da “casa nova” ou de onde o Flamengo pretende mandar seus jogos nos próximos anos, não existe planejamento sem isso e a torcida fica impaciente. Como o clube já negocia com o Maracanã, estão fechadas as portas para outras propostas? O clube quer um estádio novo? Entraria (aceitaria) em algum projeto interessante? Abriria licitação para propostas? Tem projetos para a Gávea, estádio e CT? O que pretende? Entre outras ações. A Gávea física só diz respeito aos sócios, objetivamente, porém com uma comunicação bem feita, melhor, ocasionaria a adesão de novos sócios de longe e das redondezas, o que seria excelente para o clube social. Ou não?

A situação criada após a demissão de Jorginho foi uma demonstração clara dos interesses da imprensa, agentes políticos (de dentro e de fora) para com o Flamengo. É claro para quem vê de longe percebe que esse novo Flamengo é capaz de um desgaste político considerável com as correntes presentes e que apoiaram  (integraram) gestões anteriores (obvio) e até internamente (apoios, não sólidos ou grupos não próximos), mas não se pode dar brecha para que a imprensa, que “vende Flamengo e sobrevive dele”. Por mais desgaste que exista deve se explicar o que aconteceu dentro do clube, porque a torcida merece esse tipo de satisfação, pois vive dele, apaixonadamente, sente, vive o clube. Sabemos que a situação financeira não é nada boa, mas por quê? Como chegou a este ponto? A auditoria foi um alivio, sabemos que as coisas vão entrar nos eixos, esperamos balanços mais objetivos e gestões transparentes, mas não foi para isso e por isso que os azuis foram eleitos? Que se abra a caixa-preta! Que se demonstre o que foi executado em gestões anteriores. De vez! Chegou a hora de "delegar" a responsabilidade pelo momento. Mostre, responsabilize, puna, no popular, "mate a cobra e mostre o pau"!

No futebol, há a percepção de um isolamento de Paulo Pelaipe e ao mesmo tempo um excesso de poder. pode parecer contraditório, mas não é, porque ele tem força par executar seu trabalho, mas nãos e sabe se tem verba e autonomia suficiente (em relação a contratações e punições). Não acredito que isso seja totalmente verdade, mas é o que parece de longe, com as informações que chegam do clube, pela imprensa “oficial” e a “Fla-twitter”. Porque o Flamengo ainda não tem o necessário “filtro” das informações? Porque ainda não consegue combater o “descaminho” delas? Qual o trabalho do scout contratado? Pelaipe tem mesmo poderes ilimitados? Se tem poderes ilimitados, o orçamento é limitado? Quem controla a situação? Quem contrata? Quais são as metas? Existem muitas outras perguntas sem resposta e boa parte delas nem devem ser repassadas para o público, mas gostaríamos de saber. O problema da comunicação no Flamengo (interna e externa) tem ocasionado confusão, não reclamo de transparência, sei que o tempo foi muito pouco para transformações tão profundas, faço apenas um alerta.

Chegou a hora de rever os rumos, são executivos, sabem que o feedback está negativo, assim como os resultados no futebol (onde é mais visível à torcida como um todo, não necessariamente a mim). As mudanças e decisões terão de ser certeiras. Hora de tirar laranjas podres e trazer quem faça a diferença positivamente (para o futebol e todo o clube). Com transparência a nação carrega o time, o clube, como provado também no basquete e os azuis melhoram o todo com o trabalho que está sendo diário, difícil, imagino eu. Que os azuis não considerem fogo amigo, até porque estou "fora do clube", não sou sócio (com vontade de ser, muita), mas apoiei a jornada e confio na diretoria atual, mas não posso fechar os olhos para o que considero errado ou acho ser. Assim posso ajudar, mesmo com considerações do clube que provem a mim e a parte a torcida que não temos razão e estamos errados, porque o contraponto traz no mínimo à reflexão. Digo isso sempre, quem acompanha as bobagens que escrevo sabe disso. E, mesmo sem precisar provar nada a ninguém, muito menos a diretoria e ao Flamengo, clube que dedico grandíssima parte dos meus dias, pensando, torcendo, escrevendo, declaro que hoje, sou um sócio torcedor, acabei de me tornar um. Vamos Flamengo!

FLAMENGHIEUBIQUE!