quarta-feira, 1 de maio de 2013

Maracanã: bateria sem mestre



O majestoso Maracanã, templo do futebol, foi reinaugurado andando de muletas, numa festa capenga sem a presença do seu melhor solista, Zico, num gesto de falta de educação e consideração dos organizadores do evento que se tornou mambembe em virtude da ausência do maior goleador do estádio, jogador de escol e cidadão exemplar, convidado poucas horas antes de a bola rolar, quando já não dispunha de tempo suficiente para adiar ou cancelar compromissos assumidos off-Rio. Nenhuma surpresa, afinal vivemos num país que trata a sua história como lixo não-reciclável. Fiquei até mesmo admirado por não terem trocado seu nome para "Sumidouro", o que seria mais apropriado aos momentos que vivemos aqui sob o Equador;

Pior para a festa, menos brilhante que ficou sem a presença marcante do Galo, que edifica o solo, no caso a grama, que pisa. Pior para o evento reduzido que foi ao brilhareco do Ronaldo Nazário, o qual conta com pouca ou nenhuma identificação com aquele lugar que nada lhe diz em termos de sua carreira. Pior para todos que foram privados na reabertura do monumento mundial da presença daquele que deixou um rastro de felicidades marcado em seu chão e suas redes;

Quanto ao novo estádio repaginado, muitos torcedores reticentes às mudanças manifestam contrariedade com a extinção do antigo Maracanã que, independente da realização, em breve, da Copa do Mundo, não havia como nem porque mantê-lo no lastimável estado técnico em que se encontrava, com sua estrutura cada mais vez comprometida e com reflexos na segurança de todos que o frequentavam. Para que as arquibancadas não desabassem sobre as cadeiras azuis, nos anos 90, foram instalados 60 pilares metálicos a fim de sustentá-las, já que a ferragem da laje apresentava diversos pontos de corrosão provocados pela ação do tempo e da urina dos seus mal-educados usuários . Isso é apenas uma amostra do seu estado geral à época, que tendia para a falência estrutural, deixando margem para três alternativas: implosão, desabamento (sobre nossas cabeças?) ou a reforma com a incorporação do benefícios oferecidos pela incomensurável revolução tecnológica ocorrida entre a sua construção e os dias de hoje, ou seja, 65 anos, além da aplicação dos novos conceitos de arquitetura e engenharia em benefício de todos seus frequentadores;

Se no Maracanã a festa foi chinfrin, em João Pessoa o Flamengo foi recebido com manifestações sinceras e emocionadas de sua torcida, que lotou o aeroporto para recepcionar os rubro-negros que jogam, hoje à noite, a partida de ida contra o Campinense pela 2ª fase da Copa do Brasil. Se não ganharmos por mais de dois gols de diferença esse difícil jogo em Campina Grande, há grandes possibilidades de a próxima partida ser realizada no Maracanã, segundo a mídia, como um evento-teste do próprio, quando teremos, aí sim, a sua verdadeira volta à vida do futebol com a presença do seu maior, sagrado e consagrado campeão ao contrário dos ídolos de barro que encabeçaram o triste evento de sábado passado;

E os companheiros do Buteco o que preferem, que seja resolvida a classificação no dia de hoje ou deixar para fazê-lo no templo tomado por uns 60 mil torcedores, revivendo os velhos e bons tempos? Na 1ª hipótese, o time ficará sem disputar um jogo valendo três pontos durante 25 dias, até o embate contra o Santos pelo Brasileirão. Na segunda, a corda continuará sob tensão até o dia 15, mantendo o foco na preparação e, depois, esticada para a estreia no Campeonato nacional em Brasília;

De minha parte, embora esteja com saudades de um jogo do Flamengo no "Maraca", não quero "dar sorte para o azar" numa competição tão importante, então, vou torcer pela classificação na partida de hoje.

SRN!