terça-feira, 30 de abril de 2013

Evolução em (no) Campo




Tenho me sentido muito ranzinza, critico ao extremo a muito do que acontece ou da forma que tem ocorrido em relação a copa do mundo, mas a maior evolução é exatamente a do campo. Não ao jogo em si, que está difícil acontecer num curto espaço pela seleção e pelos clubes do país, em especial ao Flamengo (espero estar completamente enganado), mas ao gramado. Os novos gramados farão evoluir ao futebol brasileiro, com um estilo mais veloz, como é jogado na Europa, isso é fundamental, não me refiro a técnica e tática, sim a velocidade da bola, da partida em si. Lembro sempre dos antigos dizendo, que “quem corre é a bola”, e a bola vai correr, rolar com mais velocidade, o aspecto não percebido por boa parte dos clubes brasileiros, porque os Centros de treinamento também terão que mudar, se adaptar, e não tenho lido, nem visto nada nesse sentido.

No Brasil costumava-se, de modo geral, utilizar o tipo de grama mais grossa e alta, que se convencionou hoje como “grama-de-jardim”, por resistir mais ao pisoteio, a mudanças de climas e a pragas. Ela era habitualmente cortada entre 25mm e 30mm, deixando o campo mais “pesado” principalmente com chuva forte, uma drenagem mais lenta. Existem alguns estádios em que se jogava com a grama bem alta como Mineirão e o “temido” Serra Dourada, onde se dizia jogar quase no “mato”. A grama convencionada (em geral) ao menos até o inicio da década passada tem as folhas mais largas, formando uma “especie de colchão mais denso”, que amortecia a bola, com maior atrito, menos velocidade.

Atualmente se corta a grama bem baixa, nada parecido com o golfe (3mm) ou com o tênis (5mm), mas para os padrões do futebol muito diferentes de antigamente, inclusive com uma melhoria estética e prática, pela menor retenção de água de irrigação ou chuva na folha, com 15mm a 18mm de altura e mais fina. No caso do Engenhão depois do tratamento com maquinário importado da Europa, bola “correu” e os jogos em geral ficaram mais movimentados, por um gramado mais uniforme, sem buracos ou areia, possibilitando ainda a irrigação antes dos jogos para intensificar ainda a velocidade e reduzir a “dureza” do campo e os quiques, para que role a pelota.

Um aspecto bem importante no cuidado com o campo é a execução de shows e espetáculos, deve-se pensar no aspecto técnico da principal receita destes novos estádios, o campo bom, em plenas condições de uso. Na inauguração do Novo Maracanã fiquei nervoso quando vi muitas pessoas no gramado, o dia inteiro com equipes de TV, repórteres, crianças batendo bola antes do jogo. Deve-se ter respeito com o campo, coisa que no Brasil não se consegue ter, e pior, isso deveria partir da organização do evento e do dono do estádio, mas é visto como causa menor. Em Wembley o gramado é o mesmo de 100 anos, não se pisa no campo de tênis, descalço, de meia, com sapato, bananeira, etc. só com autorização expressa. Isso deveria ser pensado e executado no Brasil, já que os custos de manutenção com este patrimônio não são pequenos.

Não sou especialista, muito, mas muito longe disso (e quem for, caso tenha dito besteira me corrija prontamente), mas o tipo de gramado é fundamental para o jogo praticado. Um dos aspectos quase imperceptíveis no futebol do Neymar ou do Rafinha, Elias ou Hernane é o tipo do gramado. Com um jogo “consagradamente” mais cadenciado no Brasil, quando se joga contra atletas acostumados com maior velocidade da bola, movimenta-se mais e os nossos sofrecom a velocidade das disputas. Se todos os clubes e estádios tivessem uma grama que possibilite maior rapidez, os atletas se acostumariamuito mais com um jogo veloz, de maior intensidade e talvez seja esse nosso problema. Esse especto querendo ou não trava ao aspecto tático, de intensidade do jogo, precisamos de intensidade nos jogos do Brasil, pedimos sempre maior intensidade ao Flamengo.

Existem diversas espécies, tipos, variedades de grama, e também, de sombreamento e drenagem que podem influenciar diretamente aos jogos e espero que os melhores sejam escolhidos e mantidos, para um jogo mais veloz como nos grandes centros do futebol mundial. Que o Flamengo abra seus olhos e os faça no CT para que nossos atletas estejam mais habituados desde a base até os “veteranos”, isso é de importância fundamental porque não se pode fazer um bom e moderno trabalho em futebol sem se pensar nos gramados. É como um cantor com microfone dando choques ou marceneiro com serrote torto. Dá para se executar o trabalho, mas ele não vai ser como deveria e sem as condições que o consumidor merece, e nisso, o futebol deve prestar a atenção, com a qualidade do espetáculo e dos gramados que podem fazer toda a diferença atlética, física, psicológica e porque não estética.

FLAMENGHIEUBIQUE!



P.S.: Quem quiser mais informações sobre tipos de grama e mudança de atitude e do campo em si recomendo estes links:










P.S.2: Sobre o padrão FIFA de gramados artificiais - http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/marketing/qualityprogramme/news/newsid=1659246/index.html