sexta-feira, 31 de maio de 2013

Flamengo esquizofrênico

O Flamengo que jogou contra a Ponte Preta na última quarta-feira foi praticamente a antítese completa daquele time que empatou com o Santos três dias antes. Se no jogo passado o time se mostrou compacto, bem distribuído em campo e ligado durante quase todos os noventa minutos, ontem o cenário foi bem diferente. Linhas espaçadas com jogadores distantes entre si e, na frente, um time disperso, com dificuldades nos passes e quase sem nenhuma criatividade, o que foi piorado pela marcação forte e bem postada do time adversário. Em comum, as duas exibições apenas mostraram que a equipe deste ano parece ter uma enorme dificuldade com o objetivo máximo do jogo: Fazer gols, preferencialmente em número maior que o adversário.

Creio que o grande problema aqui não é nem o fato de o time ter jogado mal, o que é perfeitamente possível de acontecer e, se não é agradável deve ser, ao menos, compreendido. Mas é assustador que o time alterne maneiras tão distintas de se portar em campo, como se tivesse uma crise de personalidade. Não é que eles não consigam executar o que foi planejado, eles simplesmente jogam de outra maneira. Contra o Santos, o Flamengo buscava as laterais, trocava passes em velocidade e marcava as triangulações e as diagonais matando os passes em profundidade. Contra a Ponte, o Flamengo afunilava as jogadas, a marcação era feita homem a homem e os volantes e até mesmo os zagueiros tentavam armar as jogadas. No fim das contas, uma dessas situações, acabou resultando no segundo gol, em um contra-ataque após um passe errado do González, depois da linha do meio do campo.

Em suas entrevistas, Jorginho tem sempre enfatizado muito o lado tático da equipe, falando de posicionamento, movimentação e compactação. Tradicionalmente isso é um problema com jogadores brasileiros, que costumam ter dificuldade para guardar posição e marcar por zona ao invés de individualmente. E com um time de baixo custo e, consequentemente, sem grande qualidade, se tornam ainda mais importantes a disciplina tática e o cumprimento do que foi planejado à risca.

Essa pequena sequência antes da Copa das Confederações dá um bom parâmetro do que a falta de treinos pode causar a um grupo de jogadores que ainda não conseguiu assimilar a mudança de mentalidade de jogo. Por esse motivo, é importante que o time treine muito mas jogue também, a intervalos regulares, sendo testado em situações reais dentro de campo. Durante a parada para a competição da Fifa, o Flamengo precisa marcar amistosos, de preferência em gramados bons, contra adversários que ofereçam alguma dificuldade. Caso o time não consiga assimilar a forma de jogar e se posicionar, a sequência de jogos às quartas e domingos tende a ser fatal, especialmente com desfalques e mudança de peças constante. Dorival Junior sofreu com isso ano passado e seria bom que já houvesse um planejamento para que isso não se repita na atual temporada.

Fica, portanto, a dúvida sobre qual Flamengo vai entrar em campo amanhã, fora de casa, contra o Atlético-PR. Saímos no lucro de não enfrenta-los na Arena da Baixada, onde só vencemos uma vez, num jogo que nada valia. Como jogam com o mando de campo e o Flamengo não vem impondo muito respeito aos adversários, espero um jogo com mais espaço para nosso ataque. Se o time entrar na versão organizada e compacta vejo boas chances de vitória mesmo contra mais um adversário tradicionalmente chato. Mas para isso, esse time vai precisar (re)aprender a fazer gols.


abraços a todos e SRN!