segunda-feira, 15 de abril de 2013

Paz de Espírito

Buongiorno, Buteco! Um primeiro tempo para tranquilizar a Nação Rubro-Negra. Time bem postado em campo, com o esquema da Taça Guanabara aprimorado, ao meu ver, pois Gabriel e Renato Abreu alternaram-se na função de armar o jogo e movimentaram-se por todos os setores, encostando nos laterais e nos atacantes, ambos dando belíssimos passes em profundidade. Elias guardou sua posição e, salvo alguns vacilos nos quais parecia estar com a cabeça em outro lugar, conseguiu, com Amaral, deixar a zaga mais protegida, tendo ainda, em alguns lances, destacado-se, como na Taça Guanabara, com a velocíssima saída de bola em direção ao ataque.  A zaga, aliás, foi escalada com a formação que melhor se saiu ano passado. Leonardo Moura, por sua vez, deu um baile em Carlinhos e fez um exuberante primeiro tempo. Hernane, mais fixo, fez boa apresentação e por pouco não marca mais de um gol. Rafinha não estava num bom dia, mas, provando que tem estrela e é um jogador diferente, mesmo mal protagonizou o lance do pênalti e incomodou a defesa do Fluminense, sempre levando muitas faltas. Ampla superioridade rubro-negra, que poderia ter resultado em um placar ainda mais elástico. É claro que o Fluminense sofre um desgaste decorrente da dificílima Libertadores da América e claro que talvez não encarasse o jogo com tanto ímpeto, mas o Flamengo do primeiro tempo foi um time e não um bando.

Um segundo tempo para assustar qualquer torcedor. Não pelos jogadores, mas pela atuação do nosso treinador. Jorginho esteve "irreconhecível" no primeiro tempo, exatamente porque fez o simples, organizou o time, que jogou de forma concatenada, compacta e harmônica. Contudo, Gabriel, o melhor em campo no primeiro tempo, e que porém jogava gripado, sentiu o desgaste, e Renato Abreu, que pela idade não poderia ajudar a fechar o lado esquerdo, estava mais centralizado e avançado, o que levou Wellington Nem a ameaçar Ramón com mais frequência do que seu antecessor já havia feito no primeiro tempo. Veio então a surpresa: João Paulo no lugar de Gabriel e o completo desmanche do meio de campo. O adversário cresceu, fez um gol e teve um impedimento mal anulado que poderia perfeitamente ter resultado no segundo gol e na complicação total da partida. Difícil de entender. O time só foi melhorar com a entrada de Cléber Santana no lugar de Hernane, que jogava bem. O time, porém, nitidamente perdeu poder de fogo nas conclusões e desperdiçou muitos contra-ataques no final da partida.

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O Flamengo precisa de paz de espírito para trabalhar, mas receio que talvez seja difícil o grupo confiar plenamente em um treinador que implementa ideias tão exóticas no decorrer das partidas. Felipe, um boleiro mal educado, sem dúvida, questionou abertamente Jorginho durante a parada técnica, dizendo-lhe o óbvio: que o time precisava de reforçar o meio de campo e não a lateral esquerda. As câmeras captaram. Pior do que os assinantes assistirem é o grupo se perguntar o porquê de uma decisão tão esdrúxula e começar a refletir a respeito disso. Jorginho precisa entender que não vai mudar o mundo e nem a natureza dos boleiros. Precisa é se impor e não será na base das experiências de "Professor Pardal" que o fará.

A substituição óbvia era Rodolfo no lugar de Gabriel, que parecia sentir o desgaste, e depois o certo seria colocar Cléber Santana no lugar de Renato Abreu, que após seu segundo gol muito pouco conseguiu contribuir, devido ao cansaço. São reservas com características muito próximas aos que jogaram como titulares ontem e por isso mesmo tenderiam a recuperar o controle do jogo dentro do formato tático que havia dado certo. Jorginho complicou o que estava funcionando de forma simples.

O jogo de ontem era um amistoso de luxo. No Brasileiro e na Copa do Brasil, vacilos como esse podem custar bem caro.

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O saldo positivo da partida é que parece ter sido encontrado o esquema tático que melhor se encaixa a esse elenco. A melhor escalação será obtida com o tempo. Hoje, acho que Renato Abreu, pela boa atuação de ontem, merece começar contra o Remo, mas prefiro-o entrando no segundo tempo, sabendo que a falta de fôlego não lhe permite manter o mesmo ritmo a partida inteira, levando-o a começar a dosar o ritmo já na primeira etapa. Cléber Santana pode perfeitamente cumprir essa função tática, no elenco atual. E tem ainda o Rodolfo, que vem atuando bem. João Paulo, ao meu ver, é um lateral mais equilibrado que Ramón, especialmente no setor defensivo. Ontem mais uma vez esse fato foi evidenciado, salvo melhor juízo.

Algumas mudanças no elenco determinarão as posições dos reforços. Ibson, que não vinha jogando como volante, e o aproveitamento do Renato Abreu em posição mais avançada mostra que temos apenas Amaral, Elias e Cáceres na posição, até porque Luiz Antonio vem sendo aproveitado na lateral direita, como ontem. Não há opções no elenco para atacantes abertos pelos lados, além de Rafinha, e Hernane é o único centroavante, fora alguns juniores. Se Alex Silva sair, outro zagueiro terá que ser contratado, e o gol do Fluminense mostra que Leonardo Moura vem apresentando as mesmas dificuldades na defesa, talvez pela idade. Um meia poderia ser útil, mas desde que fosse superior a Cléber Santana, Rodolfo e Gabriel. Portanto, não pode ser qualquer um.

Os reforços ainda são necessários. Tivemos mérito ontem, mas o Fluminense tinha desfalques e sentiu a maratona de jogos. O Brasileiro será competitivo. O elenco atual não basta.

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Gabriel. Atuação de craque, destaque do time em um Fla-Flu, jogando com personalidade, cobrando todas as faltas, passe de cinema para o primeiro gol, e tudo isso mesmo gripado. Habemus camisa 10? Com a palavra, vocês, amigos do Buteco!

Bom dia e SRN a todos.