quarta-feira, 27 de março de 2013

Umas & outras



Um exercício hipotético de imaginação: depende do meu voto a escolha do novo treinador do Flamengo. Certamente, não seria o ex-auxiliar de Dunga, quando um truculento auxiliou outro mais dotado nesse tipo de ação, ao longo de quase 4 anos, vencendo tudo que não interessava, mas perdendo o principal e ganhando a seguir o caminho da rua. Logo, eu teria meu voto perdido, porém, para quem já deu o seu apoio a Celso Roth, Rogério Lourenço, Silas, Júlio César Leal e outro professores formados na escola do "vamos lá", "quanto mais volantes melhor", "o gol é apenas um detalhe" e outras "coisitas" mais, uma vez batido o martelo por quem de direito e com Jorginho defendendo as cores rubro-negras, passo a estar com ele e a torcer por ele, assim como os azuis ganharam o meu apoio de torcedor antes e depois que assumiram o Flamengo em 03 de janeiro passado, o que não significa, absolutamente, um gesto acrítico. A crítica sempre existirá aos malfeitos seja de quem for, até aos que levam a minha assinatura, e que aprendamos com elas os suficientemente inteligentes para adotar a necessária mudança de rota, se for o caso;

Em "Quando a Bola Era Redonda", uma publicação sobre o futebol brasileiro, de Ivan Soter, ed. Folha Seca, 1998, o autor faz uma elegia à bola quando ela era a verdadeira protagonista desse apaixonante esporte. Dele extraio a seguinte pérola bem apropriada ao futebol praticado pelo Flamengo no último sábado, apenas para ficar na partida de estreia do nosso atual treinador: "Não que a bola atual seja quadrada, mas nós a enxergávamos. Hoje, ela passa rápida, às vezes parece oval. Deixou de ser protagonista. É verdade que nos pés de uma cabeça de bagre ela é quadrada mesmo. O importante agora é a velocidade. Ela tem que ir ligeirinho de um para outro. Felizmente há craques que nos deixam vê-la por instantes, mas eles têm que escondê-la. Zidane, Riquelme e Ronaldinho Gaúcho são os mestres em tirá-las de nossas vistas. A vislumbramos de relance, protegida entre as pernas dessas feras";

Com a devida vênia discordo do Soter, depois de ver pela enésima vez o mesmo filme contra o extremamente fraco time do Boavista, da Região dos Lagos do Rio de Janeiro, pois para vários jogadores da zona de pensamento do campo a bola atual está cada vez mais quadrada, precisando de três, às vezes quatro toques nela para amansá-la e depois disso passá-la erradamente a um companheiro a 10 ou 15 metros de si, tal a ruindade dos mesmos que a chamam respeitosamente de senhora, embora a maltratem quase sempre. Foi o que se viu naquele jogo de futebol, se é que pode chamar aquele mambembe espetáculo assim;

O Flamengo, bizarramente escalado com três volantes no meio de campo, que a todas manobras do adversário destruíram e, uma vez de posse da "quadrada", não sabiam o que fazer com ela além de um burocrático passe para os lados, já que de nada adiantava enfiá-la em profundidade nos pés dos adversários ou pela linha de fundo. Ou pouco ou muito, nunca no ponto futuro certo, pois erravam sistemática e cansativamente. Segundo o site http://programacao.esporteinterativo.com.br/futebol-br/serie-a/flamengo", "o time trocou 433 passes naqueles 94' de jogo, mas só acertou o gol duas vezes". Conclui-se, primariamente, que a posse de bola foi valorizada com passes laterais e a ocorrência de um percentual próximo do zero em finalizações, mesmo tendo ocorrido 21 escanteios ofensivos, provando a nulidade da supremacia na partida;

Sabe-se lá os porquês de, tendo a disponibilidade de vários garotos da base ávidos por entrarem e se firmarem no time titular, o estreante treinador preferiu o trio predador formado por Amaral, Elias e Íbson, que ainda não aprenderam, depois de vários anos de ofício, a exexcutar um simples passe de alguns metros de distância. Medo de perder o jogo é a primeira hipótese que me ocorre, ao melhor estilo estabelecido na premissa "primeiro defender para não levar gols, depois atacar para fazê-los". Mas como pressionar o gol adversário se aquela que "era redonda" chega quadrada e dividida para os atacantes finalizarem? Principalmente Hernane, que vive pegando em suas arestas na cara do goleiro ou de canela para empurrá-la para os fundos da rede, quando então é chamado de Hernunes numa maldade com o nosso artilheiro das decisões;

Para não dizerem que não falei de flores nesse início de outono, ontem foi dado o derradeiro passo para o Flamengo viver administrativamente em paz com a defenestração do Conselho Fiscal dos aliados da ex-presidente. Que os novos detentores daquele importante poder exerçam a indispensável tarefa de fiscalizar e alertar à direção executiva do clube a respeito de possíveis atos danosos ao mesmo na atual gestão, num clima de independência e harmonia;

Tão interessante quanto a eleição dos novos ocupantes do CF foi o lançamento do programa Sócio-Torcedor, o qual visa permitir a participação da torcida nos rumos do Mais-Querido. "Antes tarde do nunca", já declamava o filósofo popular, muito embora o ST tenha recebido uma saraivada de críticas por parte dos torcedores, não deixa de ser um avanço o seu tardio lançamento, fazendo-o existir de fato e de direito, o que permite aperfeiçoá-lo naquilo que não satisfez aos legítimos anseios da galera, o que poderia ser do conhecimento do marketing do clube se realizasse a uma simples pesquisa junto à nação;

Enfim, hoje à noite tem jogo contra o Bangu, em Volta Redonda. Vencer ou vencer é para onde nos empurra a tabela da Taça Rio em função dos últimos resultados. Espera-se que Jorginho não entre novamente com "n" volantes nesse típico confronto para atuar com um cabeça de área, dois meias e três atacantes, e voltando a insistir com a garotada.

O Estadual não serve apenas para ganhá-lo, e sim, também para renovar e preparar o time para as futuras competições durante o ano. Um tempo que não pode ser perdido.

SRN!