Nesta quarta-feira, apenas
1500 testemunhas foram assistir ao jogo do Flamengo no Engenhão. Será que esse
número foi uma grande surpresa para alguém? Alguma mente brilhante esperava
coisa diferente de um jogo que não valia nada, numa quarta-feira às absurdas
22h com transmissão na TV aberta? Todo mundo sabe que os jogos contra os times
pequenos não têm em si mesmos apelo nenhum. E é igualmente conhecido o pouco apreço dos torcedores cariocas pelo Engenhão. Então por que o Flamengo
compactuou com isso?
O jogo originalmente seria
no sábado às 18:30, sem local definido, e foi alterado a pedido da TV que não
tinha nenhuma partida de clube carioca para exibir no seu horário de futebol. A
federação atendeu prontamente e marcou o jogo para o Engenhão, provavelmente
com a anuência dos clubes. Inevitável perguntar como o Flamengo concordou com
tal disparate. Era claro como a água que caiu na cidade que o jogo seria um
fracasso retumbante de público. Isso sem falar no dano intangível de mostrar em
rede nacional um flamengo decadente jogando num enorme estádio vazio. Porque
não diminuir o prejuízo jogando em um estádio menor como Moça Bonita, ou talvez
em Volta Redonda ou Macaé?
Vale comentar que mesmo no
velho Maracanã, o jogo não teria apelo, principalmente com ingressos mais
caros. É provável que ao invés de jogar para 1500 pessoas num estádio para 40 mil,
tivéssemos um público de 3mil num estádio para 80 mil. Com ou sem chuva, não
faria muita diferença, talvez 20% ou nem isso. E no novo Maracanã, que em comum
com o antigo só vai ter a localização, talvez tivéssemos um prejuízo financeiro
ainda maior.
Os jogos contra os times
pequenos nunca despertaram interesse nas torcidas e isso ficou mais evidente
quando a TV aberta começou a passar os jogos locais. Piorou quando os jogos das
21:30 passaram para 21:45, 21:50 e agora 22h por conta das transmissões de
novelas e outras bestialidades abomináveis. Ocorre que, seja para ver um jogo
do carioca contra um pequeno ou uma partida da Libertadores, o abnegado torcedor
que resolve ir ao estádio chega em casa de madrugada mesmo tendo que acordar no
dia seguinte para ir trabalhar. Infelizmente, os clubes têm um longo contrato
com a televisão e ainda por muito tempo deixarão seus torcedores sujeitos a
esses horários absurdos.
Mas toda ação causa uma
reação e, naturalmente, o torcedor parou de ir ao estádio para assistir o jogo
pela TV. Além de mais barato e confortável, a prática inclusive foi incentivada
pelo VP de marketing do Flamengo em entrevista recente como alternativa aos
altos preços dos ingressos. E isso acaba valendo mesmo para os jogos sem TV
aberta uma vez que qualquer botequim de esquina pode comprar o pay-per-view e
oferecer ao torcedor a experiência do jogo de futebol assistido
confortavelmente, perto da sua casa, com direito à cerveja gelada.
Mas e o clube? E a torcida
que faz a diferença? É uma boa pergunta a ser feita aos dirigentes. Ano após
ano vemos os estádios cheios na Inglaterra, na Alemanha, na Espanha e agora
também em São Paulo, nos jogos do Corínthians. A única coisa que eles têm que
nós não temos é um bom trabalho de marketing e fidelização do torcedor. O tema foi
exaustivamente abordado durante a campanha eleitoral e é conduzido por um dos
mais populares membros da nova diretoria. Infelizmente, até o momento, esse departamento
rubro-negro ainda não parece ter saído da inércia, como mostram as pífias ações
do aniversário do Zico e a divulgação do cadastro rubro-negro.
As contas continuam
chegando, os adversários se movimentando e o relógio não para de andar. É
preciso gerar novas receitas, atrair o torcedor, potencializar o resgate da
alegria que inflou as esperanças da torcida na virada do ano. O basquete
começou a perder e o futebol também e com isso está se desmanchando o escudo
que protegia a diretoria de críticas mais fortes. Vamos torcer para que o
marketing rubro-negro consiga virar esse jogo.
abraços a todos e SRN
abraços a todos e SRN