sexta-feira, 15 de março de 2013

Ninguém esperava?


Nesta quarta-feira, apenas 1500 testemunhas foram assistir ao jogo do Flamengo no Engenhão. Será que esse número foi uma grande surpresa para alguém? Alguma mente brilhante esperava coisa diferente de um jogo que não valia nada, numa quarta-feira às absurdas 22h com transmissão na TV aberta? Todo mundo sabe que os jogos contra os times pequenos não têm em si mesmos apelo nenhum. E é igualmente conhecido o pouco apreço dos torcedores cariocas pelo Engenhão. Então por que o Flamengo compactuou com isso?

O jogo originalmente seria no sábado às 18:30, sem local definido, e foi alterado a pedido da TV que não tinha nenhuma partida de clube carioca para exibir no seu horário de futebol. A federação atendeu prontamente e marcou o jogo para o Engenhão, provavelmente com a anuência dos clubes. Inevitável perguntar como o Flamengo concordou com tal disparate. Era claro como a água que caiu na cidade que o jogo seria um fracasso retumbante de público. Isso sem falar no dano intangível de mostrar em rede nacional um flamengo decadente jogando num enorme estádio vazio. Porque não diminuir o prejuízo jogando em um estádio menor como Moça Bonita, ou talvez em Volta Redonda ou Macaé?

Vale comentar que mesmo no velho Maracanã, o jogo não teria apelo, principalmente com ingressos mais caros. É provável que ao invés de jogar para 1500 pessoas num estádio para 40 mil, tivéssemos um público de 3mil num estádio para 80 mil. Com ou sem chuva, não faria muita diferença, talvez 20% ou nem isso. E no novo Maracanã, que em comum com o antigo só vai ter a localização, talvez tivéssemos um prejuízo financeiro ainda maior.

Os jogos contra os times pequenos nunca despertaram interesse nas torcidas e isso ficou mais evidente quando a TV aberta começou a passar os jogos locais. Piorou quando os jogos das 21:30 passaram para 21:45, 21:50 e agora 22h por conta das transmissões de novelas e outras bestialidades abomináveis. Ocorre que, seja para ver um jogo do carioca contra um pequeno ou uma partida da Libertadores, o abnegado torcedor que resolve ir ao estádio chega em casa de madrugada mesmo tendo que acordar no dia seguinte para ir trabalhar. Infelizmente, os clubes têm um longo contrato com a televisão e ainda por muito tempo deixarão seus torcedores sujeitos a esses horários absurdos.

Mas toda ação causa uma reação e, naturalmente, o torcedor parou de ir ao estádio para assistir o jogo pela TV. Além de mais barato e confortável, a prática inclusive foi incentivada pelo VP de marketing do Flamengo em entrevista recente como alternativa aos altos preços dos ingressos. E isso acaba valendo mesmo para os jogos sem TV aberta uma vez que qualquer botequim de esquina pode comprar o pay-per-view e oferecer ao torcedor a experiência do jogo de futebol assistido confortavelmente, perto da sua casa, com direito à cerveja gelada.

Mas e o clube? E a torcida que faz a diferença? É uma boa pergunta a ser feita aos dirigentes. Ano após ano vemos os estádios cheios na Inglaterra, na Alemanha, na Espanha e agora também em São Paulo, nos jogos do Corínthians. A única coisa que eles têm que nós não temos é um bom trabalho de marketing e fidelização do torcedor. O tema foi exaustivamente abordado durante a campanha eleitoral e é conduzido por um dos mais populares membros da nova diretoria. Infelizmente, até o momento, esse departamento rubro-negro ainda não parece ter saído da inércia, como mostram as pífias ações do aniversário do Zico e a divulgação do cadastro rubro-negro.

As contas continuam chegando, os adversários se movimentando e o relógio não para de andar. É preciso gerar novas receitas, atrair o torcedor, potencializar o resgate da alegria que inflou as esperanças da torcida na virada do ano. O basquete começou a perder e o futebol também e com isso está se desmanchando o escudo que protegia a diretoria de críticas mais fortes. Vamos torcer para que o marketing rubro-negro consiga virar esse jogo.

abraços a todos e
SRN