quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sete passes de letra



1. Rodolfo - O passe de calcanhar, marcando um encontro do Rafinha com a bola dentro da grande área do Botafogo, é arte de artista que sabe o que faz e tem personalidade para tentar pintar o quadro elaborado com inspiração, ousadia e perspicácia. Daqui a 50 anos, os netinhos do companheiro Melo contarão, com letras douradas, esse lance no então "Alfarrábios dos Melinhos". Homenagens à parte, esse garoto, recém-lançado corajosamente pelo treinador Dorival Júnior, não se intimidou com suas novas responsabilidades no time de profissionais do Flamengo e vem subindo de produção a cada jogo, com categoria e lucidez, sendo junto com Rafinha, as melhores entre todas as novidades de 2013 do time titular na Taça Guanabara, os que demonstram ampla aclimatação ao novo status quo adquirido. Gostaria de adicionar à dupla o prata da casa Baggio, mas este ainda não foi apresentado ao distinto público flamenguista;

2. Rafinha - Deve ter perdido uma das aulas do professor Zico sobre comportamento dentro da grande área já que, sem ângulo para a finalização fatal, deixou de oferecer ao lateral João Paulo a oportunidade de quebrar a virgindade de gols jogando pelo Flamengo, quando optou por chutar em vez de rolar a bola para o meio da área, onde o companheiro encontrava-se completamente à vontade para estufar os barbantes alvinegros, ampliando o escore para 2 a 0;

3. Hernane - O brocador teve o seu contrato renovado por 3 anos, o que muita gente boa, amante do futebol virtuoso, considerou longo demais para quem faz gol de canela no melhor estilo Dadá Maravilha, aquele que segundo suas próprias palavras "parava no ar para cabecear e mandar a bola para o fundo das redes". Lembro da triste ex-presidente quando afirmou num momento de bagunça administrativa, completamente oposto do atual, que "Enquanto a bola estiver entrando...". Pois é, renovar o contrato do centro-avante era preciso, não há como um dirigente deixar ir embora do clube quem está fazendo gol, já que gol feio tem o mesmo peso no placar que uma pintura de Messi. O que se pode discutir, realmente, é o prazo do compromisso, mas sempre haverá a possibilidade de uma negociação, numa fase inspirada do atacante, com lucros para o Flamengo;

4. Cáceres - Seedorf bem que tentou, usando toda a sua inteligência e categoria, que não são poucas, municiar os atacantes do Botafogo no último confronto de domingo. Só não contava com a extraordinária atuação do paraguaio em sua marcação, o que ofereceu ótima proteção à zaga do Flamengo, a qual ganhou mais tranquilidade com a performance desse gringo valente e volantão. Não faz muito o meu gosto esse tipo de jogador que desarma o adversário e não passa bem a bola, e me permitam a bravata de afirmar que, no meu currículo de torcedor, tenho volantes que desarmavam com elegância, armavam com classe e concluíam em gol com extrema categoria, casos de Andrade no próprio Flamengo e de Falcão na inesquecível selemáquina de 1982;

5. Muralha - Recuso-me a acreditar que um dos motivos da devolução, pelo Atlético Goianiense ao Flamengo, desse garoto tenha sido o "alto percentual de gordura do jogador". Digam-me que é mentira de quem divulgou essa matéria, revelem aos rubro-negros que um hacker roubou a senha do PC desse jornalista para publicar essa barbaridade, esse relaxamento inadmissível num jovem que mal iniciou "marrentamente" sua carreira no futebol. Lamentável!

6. Dorival Júnior - Bastou a sua simples inserção numa estrutura minimamente profissional para que o seu trabalho começasse a desabrochar, transformando o ex-bando de 2012 num time, numa equipe de futebol com jogadas ensaiadas tais como: triangulações, jogadas pelas duas pontas, alternadamente, marcação e bom posicionamento nos rebotes defensivo e ofensivo, características marcantes e consequentes dos treinamentos realizados com seriedade e competência. Está ainda longe do ideal, pois não se transforma uma trupe desordenada num conjunto afinado em 45 dias, mas ficou visível tais predicados nos primeiros sete jogos da Taça Guanabara;

7. José Carlos Dias - O ex-VP do Fla-Gávea pediu demissão do cargo que ocupava em consequência de divergências, eventos normais no âmbito de qualquer gestão, com outro dirigente, Clément Izard, e os açodados falaram em crise no clube, buscando criar confusão dentro de uma situação imediatamente decidida e contornada por quem tem a caneta na mão, o presidente Eduardo Bandeira de Mello. O "Cheirinho" é uma daquelas pessoas aglutinadoras nas relações inter-pessoais e sempre se mostrou competente desde o início da última administração do Marcio Braga, virtudes que o levaram a ser convidado para participar da atual diretoria, mesmo pertencendo a outra chapa nas eleições passadas. Seus esclarecimentos divulgados no dia de ontem mostram que é "gente com gente dentro". Democraticamente, o espaço está aberto para a versão do Clément, que também merece exercer o básico direito de divulgar a sua versão dos fatos, caso queira, já que foi citado nesse imbróglio. De resto, vida que segue, o importante, conforme muitas vezes frisado aqui pelos amigos, é a busca do Norte Verdadeiro da Instituição e o adequado modelo de gestão adotado, e não as pessoas que um dia passarão.

SRN!