terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Por um Carioqueta do Século XXI


Minha implicância com os estaduais tem razão de existir e os clássicos de 2013 demonstraram isso. Bastou dois bons jogos, apenas dois, nesse torneio falido (rentável com o dinheiro da TV, mas sem público e desimportante para o restante da temporada) para comprovar que neste modelo atual, os estaduais são ridículos. O Cariocão deve ser intenso e recheado de clássicos, como foi outrora. Neste capitalismo vigente e selvagem a empresa que não evolui, morre, mas porque no futebol não pode ser assim? A questão não é matar América, Bangu e outros de grande tradição regional, mas fazer com que se estruturem, que mantenham as tradições com a modernidade exigida pelo negócio futebol. Sem a atual diretoria da CBF, de pensamento tacanho e prejudicial ao futebol, aos clubes, vejo que o retrógrado, porém tradicional Campeonato Carioca de futebol poderia ser totalmente reformulado. O presidente da entidade máxima do futebol no Brasil (Marin medalhinha) teve a petulância de dizer que pela "rivalidade regional" é mais importante um São Paulo x Mirassol do que um São Paulo x Flamengo ou Cruzeiro.

Atualmente, o estadual enfraquece o grande e mata o pequeno, esta é a realidade, pois os clubes de menor investimento sonham com "o jogo" contra o grande e este quando chega no modelo atual traz apenas 10.000 pagantes (isso aconteceu num Flamengo x Vasco). Darei minha “contribuição” ao Cariocão, que agrada a boa parte dos torcedores, “trazendo” este deficitário e monótono campeonato para o Século XXI. Para ele, pela CBF estão separadas 23 datas que ficam condensadas e mal distribuídas, terminando no meio do mês de Maio. Um absurdo, já que espreme o Campeonato Brasileiro no segundo semestre. Certamente, no cenário atual do futebol nacional estas datas não serão alteradas mesmo, seria bem vinda uma melhor utilização, com os grandes clubes ganhando dentro e fora de campo, mesmo que não tenham a força politica necessária para isso (hoje, por que não querem), tendo os clubes pequenos peso maior nas decisões do que os grandes. O ideal seria uma pressão dos clubes de massa com repercussão imediata da imprensa e torcida, em cima da federação estadual. Minha ideia é a seguinte:

  • Oito clubes na fase principal, com os grandes dentro (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo), classificando-se quatro pequenos dentre os atuais 16 (então 12). Esse torneio classificatório seria iniciado em Junho/Julho do ano anterior e terminaria em dezembro (na primeira semana). A maior vantagem de se ter 8 clubes é a possibilidade de se apresentar SEIS CLÁSSICOS por turno do campeonato. Nenhum outro campeonato regional do Brasil (exceto em SP) tem esta possibilidade de apresentar como espetáculo um Flamengo x Fluminense; Flamengo x Vasco; Flamengo x Botafogo; Fluminense x Vasco; Fluminense x Botafogo; Vasco x Botafogo decidindo um turno, ou seja no mínimo 12 clássicos durante o torneio, todos decisivos. Assim, não existiriam divisões por grupos, sim partidas onde todos os clubes se enfrentam em turno e returno, partidas de ida-e-volta;
  • Após cada turno, semifinais e final em jogo único, com os quatro melhores de cada turno fazendo duas semifinais com as seguintes regras: O 1° x 4° e o 2° x 3°, com vantagem do empate na prorrogação para o clube que obteve melhor campanha, com a partida final em jogo único, uma regra diferente.
  • Com isso posto, daria uma vantagem adicional para as melhores campanhas de cada turno. Se a diferença entre o primeiro colocado e o quarto colocado for maior do que seis pontos, o líder passaria diretamente para a final do turno. Se o segundo colocado tiver um vantagem maior do que três pontos para o terceiro colocado, também passaria para a final diretamente. Caso esta vantagem não exista, uma semifinal será disputada entre o segundo e o terceiro colocado. Exemplo: Flamengo 21 Pts., Vasco 18, Fluminense 15, Botafogo 13. O Flamengo iria direto para a decisão e o Fluminense faria uma Semifinal com o Vasco, com vantagem para o Vasco pela melhor campanha.
  • Se os dois primeiros colocados do turno na contagem dos pontos corridos passarem diretamente para a decisão, haverá um vácuo (descanso) nas datas das semifinais de turno, jogando a final em partida única com vantagem do empate na prorrogação para o clube de melhor campanha em data já preestabelecida para a decisão, caso houvessem as semifinais. Exemplo: Flamengo 21 Pts., Vasco 18, Fluminense 14, Botafogo 13. Final do turno: Flamengo x Vasco em um jogo vantagem para o Flamengo pela melhor campanha.
  • Em qualquer hipótese o turno seria decidido entre o campeão da fase classificatória e o segundo, mesmo que exista grande vantagem entre ambos. Exemplo: Flamengo 21 Pts., Vasco 14, Fluminense 10, Botafogo 10. Final do turno Flamengo e Vasco, sem as semifinais.
  • O campeão do turno e campeão do returno decidem o campeonato em em dois jogos. Se um mesmo clube vencer os dois turnos será considerado o campeão estadual automaticamente. Com todos estes dados postos, teríamos 20 partidas (datas) muito mais interessantes do que as 23 atuais e com os 16 clubes, que hoje jogam no mínimo 15 partidas, poderiam ter no modelo ao menos 14 jogos. Estes (clubes menores) certamente ficariam muito mais fortes técnica e economicamente tendo dois jogos a mais com cada grande e partidas a menos com pequenos que atrapalham.
  • Como pode-se perceber, não haveria rebaixamento, apenas entre os pequenos na fase de classificação anterior, ou seja todos os 12 times seriam da 1ª divisão estadual, com apenas quatro se classificando para a fase final. Para os oito não classificados restariam um campeonato paralelo ao "estadual dos grandes" onde dois deles iriam jogar na segunda divisão e os outros jogariam no segundo semestre a possibilidade de disputar com os grandes no ano seguinte, num ciclo constante.

Todos os aspectos anteriores fariam com que os pequenos se preparassem mais e crescessem junto com os grandes, para os torneios nacionais, pois a necessidade de profissionalização e estruturação, seria evidente, porém duradoura. O Rio de janeiro tem 7 vagas na Copa do Brasil e no modelo proposto, os quatro classificados brigariam por três vagas, com apenas o ultimo deles ficando de fora do torneio nacional. Ótimo! A meritocracia sendo implantada diretamente nas federações (na do RJ). Doze disputariam a chance de jogar com os grandes (ou 1/3) e depois os quatro classificados disputariam três vagas (3/4), o que no total daria uma vaga para cada quatro equipes, como é atualmente, porque os 4 grandes estão garantidos pelo ranking da CBF, só que com muito mais visibilidade e renda.

Proporia também o alongamento das datas do estadual, privilegiando o campeonato nacional. Como? Com a Taça Guanabara sendo disputada nos meses de Fevereiro e Março, transformando se efetivamente no inicio das atividades do futebol no Brasil e a Taça Rio alongada até Maio, se possivel com datas no meio da semana, mas não necessariamente. A decisão do estadual seria jogada no começo de Junho. Assim o campeonato principal, o Brasileirão, começaria no inicio do mês de Abril, não no fim de Maio, o que faz dos meses de Agosto, Setembro e Outubro um inferno, com seis ou sete rodadas por mês, sem contar partidas por torneios continentais e a "nova Copa do Brasil". Com os pequenos jogando pela chance de disputar com os grandes no inicio do ano posterior, por meio de um torneio disputado no segundo semestre, traria atividade à eles o ano todo, não o desemprego após o estadual como ocorre atualmente em boa parte dos clubes pelo pais.

O Estadual pode ser interessante, apesar de ser atualmente deficitário, faz parte de nossa cultura e não deveria ofuscar o brilho do campeonato mais legal e competitivo do mundo, o Brasileiro, que fica espremido no segundo semestre. Como consequência e um prêmio visando casa cheia, deveria atrair ao público de renda menor com ingressos populares, atrelando o ingresso mais caro ao Campeonato Brasileiro e a Taça Libertadores. As dicas dadas aqui poderiam ser utilizadas e adaptadas a qualquer estadual, principalmente em relação ao calendário, porque é possivel se fazer um bom "pacote", com o "novo estadual" reformulado, refundado! Que venha ao Século XXI, Carioqueta!

FLAMENGHIEUBIQUE!