sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A simplicidade de ser apenas um torcedor


Outro dia, um amigo comentou comigo que neste ano de 2013 o Flamengo  tem dado mais alegrias aos seus torcedores fora das quatro linhas. Isso é quase verdade, já que o time de Dorival Jr. vem dando calafrios ao torcedor cada vez que tem sua escalação (ou uma substituição) anunciada e que há diretoria vêm colecionando acertos e vitórias em sequência na administração do clube. Mas a tese do meu amigo vai por terra quando lembro que ao redor da quadra de basquete também há quatro linhas, dentro das quais o Flamengo segue arrasador, esmagando adversários, um depois do outro.

Assim como a maioria dos amigos do Buteco, acompanho futebol há muitos anos e isso, algumas vezes, me cobra o preço de não conseguir curtir um jogo sem antever erros óbvios de jogadas por causa de mau posicionamento, ou deficiências de fundamento. Muitas vezes, sem sequer percebermos, estamos avaliando a maneira do time jogar antes mesmo de torcer pela vitória do Flamengo.

Em contraponto, apesar de gostar muito de basquete, não acompanho com tanta frequência nem com a mesma atenção que dou ao futebol. Não entendo nada de táticas, posicionamento e sei menos do que gostaria sobre as regras, o que é ou não falta e por aí vai. Por este motivo, assistir as partidas deste time do Flamengo se tornou uma experiência muito interessante, a de voltar a simplesmente torcer e vibrar com o Flamengo.

Chegar cedo ao jogo, ver as redondezas cheias de pessoas com Mantos Sagrados de todas as épocas e tipos, entrar na fila para comprar ingresso e assistir ao jogo na arquibancada de cimento abarrotada. Impossível não lembrar das tardes de Maracanã há muito perdidas para a modernização do estádio. Os cantos da torcida, mesclando músicas novas e, finalmente, resgatando as antigas dava o tom da partida fazendo tremer as arquibancadas do Tijuca. Dentro das quatro linhas, o time completava o quadro exatamente como devia. Jogando com intensidade, misturando técnica, disposição e muita raça, incendiando a torcida e sendo empurrado por ela para cima do adversário. Para coroar, o resgate de uma antiga tradição do grande Flamengo dos anos 80: jogamos o segundo tempo atacando para o lado onde a torcida atrás da meta adversária, espremia o adversário entre a arquibancada enlouquecida e um time sedento pela vitória.

Na saída do ginásio, pensei o quanto é bom torcer por um time do Flamengo que joga para ganhar, com intensidade e aplicação tática o jogo todo. Não pude deixar de me questionar se um dia voltaremos a ver isso acontecendo nos gramados e nos modernos estádios com suas cadeirinhas retráteis. Um pouco abaixo das arquibancadas vi o presidente Bandeira de Mello e me lembrei de suas declarações na apresentação do futebol, quando mencionou que até meses atrás estava na arquibancada gritando pelo Mengão. Mesmo dando entrevistas e separado da torcida pelas grades da tribuna, por alguns minutos, o presidente Rubro-Negro também deve ter podido relembrar os tempos em que era apenas um torcedor.

abraços e SRN!