sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Que venha 2013


Nesta quinta feira foi empossado como novo presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, encerrando oficialmente um dos períodos mais sinistros da rica história do clube. Muito já foi discutido a respeito da esperança e da euforia crescentes nos corações da Nação e cada um  tem as suas próprias expectativas. Hoje eu gostaria de colocar aqui nesta coluna um pouco do que eu espero nesse 2013, que para mim marca o início de uma reconstrução do clube, de sua marca e de seus valores.

Tenho para mim que esse processo não será dolorosamente longo, mas também não vai ser uma coisa rápida e muito menos simples. O início, me parece, será especialmente complicado. Temos de cara as questões das penhoras, um problema grave e que tende a inviabilizar contratações e reformas estruturais que são urgentes no clube. Setores como TI dependerão da montagem quase do zero de uma estrutura de ponta e isso custa dinheiro, assim como as demais obras de manutenção nas quais não podemos esquecer da reconstrução do ginásio incendiado pouco antes das eleições.

Os diretores terão que fazer um pequeno malabarismo, atacando em paralelo os aspectos judiciais que vem estrangulando o clube e a busca por novas receitas indiretas, com permutas e composições para que parceiros do clube banquem investimentos e reformas no primeiro momento. Um clube como o Flamengo, numa das regiões com metro quadrado mais caras do Brasil não deve ter problemas em conseguir parceiros interessados em oferecer serviços associados ao nome do clube em troca de investimentos na sede social por exemplo. Podemos imaginar restaurantes, academias de ginástica ou mesmo um investimento de grande porte como o ginásio poli-esportivo que foi apresentado pelo Alexandre Wrobbel. São exemplos de parceirias gerando receitas diretas e indiretas para o Flamengo num primeiro momento aliviando o garrote das penhoras além de ampliar o valor e o interesse de novos sócios em freqüentar a sede do clube.

O retorno da credibilidade do clube como participante sério do mercado de futebol é algo que espero quase que imediatamente da gestão EBM. Na verdade é algo que já vem acontecendo desde o início do processo de transição e que ficou flagrante na negociação pelo Robinho. Entendo a atitude tomada pela cúpula do futebol como um recado mandado diretamente para todo o mercado. Especialmente para empresários que anteriormente se locupletavam da incompetência dos antigos dirigentes, e que abriam negociações através da mídia se dizendo “emissários do Flamengo”. A nota oficial que encerrou o assunto antes que se tornasse uma novela mostrou como as coisas vão funcionar daqui por diante. Nesse ponto, já estou bastante satisfeito com o que vem sendo feito, já que era algo que eu (e a grande maioria dos freqüentadores deste Buteco) sempre critiquei em relação ao Flamengo.

Para os esportes olímpicos eu espero alguma coisa de positivo como fruto de parcerias com empresas mas acho que ainda não vai acontecer em 2013. A nova diretoria tem um plano muito interessante baseado nos planejamentos de Minas e Pinheiros mas creio que para alavancar receitas que banquem boas equipes vai ser necessária a tal certidão negativa de débitos para o Flamengo poder receber recursos das leis de incentivo ao esporte. Mas temos um excelente time de basquete, um dos melhores do Flamengo que vi jogar. Desde 2009 o  Flamengo vem montando times que, se não são campeões, dão orgulho de ver jogar. Minha impressão como torcedor eventual de basquete é que esse time tem boas chances de levar o NBB e certamente vai ser campeão estadual pela nona vez, até porque não tem adversários.

E deixei por último o futebol, que é o carro chefe do clube, motivo pelo qual estamos todos os dias compartilhando as geladas virtuais do Buteco do Flamengo. Penso que a temporada 2013 não vai ser uma temporada fácil, principalmente nesse início. Acabamos de levar mais uma pernada de um rival, perdendo um dos poucos jogadores que se salvaram nesse pífio 2012 e ainda não tivemos notícias sobre as esperadas dispensas dos medalhões.

Acho que o Flamengo pode partir de uma base montada no ano passado. Temos dois bons zagueiros que se entrosaram e talvez recebam o reforço do Alex Silva. Quanto a este, não sabemos em que condições físicas está nem como será recebido pelo elenco após a deserção no ano passado. Temos também o bom Cáceres para primeiro volante e acho fundamental que o Muralha passe a ser titular. Contando o goleiro Felipe já é meio time com uma zaga sólida e uma cabeça de área com marcação e boa saída de bola. O resto do time precisa de reforços, especialmente nas duas laterais – que não temos – e no ataque.

Acredito que agora em 2013 já possamos ver uma definição clara de estilo de jogo do Flamengo. A nova diretoria segue os preceitos do livro “A bola não entra por acaso” e isso é um dos pilares esportivos do livro. Funciona para guiar contratações e dispensas além de devolver a identidade do time, algo que fez muita falta ao longo da última “gestão”.

Espero que o Pelaipe possa incutir no grupo a mentalidade copeira do grêmio já que o Flamengo terá mais chances de obter uma vaga na libertadores através das copas do Brasil ou Sul-Americana. Vale lembrar que avançar na primeira automaticamente exclui o clube da segunda e para isso vamos precisar do último aspecto que quero abordar nessa longa coluna que é o estádio onde o Flamengo vai jogar.

Hoje não sei dizer se quero que o Fla volte a jogar imediatamente no Maracanã. Mas espero que isso seja definido rapidamente. Pelo que andei lendo e ouvindo, acho que vamos ter um 2013 de Engenhão, e penso que isso pode ser bom para pressionar o estado na hora de uma negociação séria pelo Maraca. É realmente um dilema insolúvel para mim. O torcedor quer ver as pilastras do velho Mario Filho pintadas de preto e vermelho e o escudo do Flamengo em toda parte do estádio, inclusive no campo. Mas o cidadão acha isso absurdo, afinal trata-se de um bem público pelo qual todos os contribuintes pagaram igualmente independente do time para o qual torcem. É complicado mesmo e acho que, se conseguirmos deixar a paixão de lado, dá um baita debate.

Para encerrar, gostaria mesmo é de desejar a cada visitante do Buteco um excelente réveillon e um 2013 com muita paz, saúde e serenidade. Que cada um de nós possa voltar a cantar ao mundo inteiro a alegria de ser Rubro-Negro.

Abraços a todos, SRN e um Feliz Ano Novo!