Nesta quinta feira foi empossado como novo presidente do
Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, encerrando oficialmente um dos períodos
mais sinistros da rica história do clube. Muito já foi discutido a respeito da
esperança e da euforia crescentes nos corações da Nação e cada um tem as suas próprias expectativas. Hoje eu
gostaria de colocar aqui nesta coluna um pouco do que eu espero nesse 2013, que
para mim marca o início de uma reconstrução do clube, de sua marca e de seus
valores.
Tenho para mim que esse processo não será dolorosamente
longo, mas também não vai ser uma coisa rápida e muito menos simples. O início,
me parece, será especialmente complicado. Temos de cara as questões das penhoras,
um problema grave e que tende a inviabilizar contratações e reformas
estruturais que são urgentes no clube. Setores como TI dependerão da montagem
quase do zero de uma estrutura de ponta e isso custa dinheiro, assim como as
demais obras de manutenção nas quais não podemos esquecer da reconstrução do
ginásio incendiado pouco antes das eleições.
Os diretores terão que fazer um pequeno malabarismo,
atacando em paralelo os aspectos judiciais que vem estrangulando o clube e a
busca por novas receitas indiretas, com permutas e composições para que
parceiros do clube banquem investimentos e reformas no primeiro momento. Um
clube como o Flamengo, numa das regiões com metro quadrado mais caras do Brasil
não deve ter problemas em conseguir parceiros interessados em oferecer serviços
associados ao nome do clube em troca de investimentos na sede social por
exemplo. Podemos imaginar restaurantes, academias de ginástica ou mesmo um
investimento de grande porte como o ginásio poli-esportivo que foi apresentado
pelo Alexandre Wrobbel. São exemplos de parceirias gerando receitas diretas e
indiretas para o Flamengo num primeiro momento aliviando o garrote das penhoras
além de ampliar o valor e o interesse de novos sócios em freqüentar a sede do
clube.
O retorno da credibilidade do clube como participante sério
do mercado de futebol é algo que espero quase que imediatamente da gestão EBM.
Na verdade é algo que já vem acontecendo desde o início do processo de
transição e que ficou flagrante na negociação pelo Robinho. Entendo a atitude
tomada pela cúpula do futebol como um recado mandado diretamente para todo o
mercado. Especialmente para empresários que anteriormente se locupletavam da
incompetência dos antigos dirigentes, e que abriam negociações através da mídia
se dizendo “emissários do Flamengo”. A nota oficial que encerrou o assunto
antes que se tornasse uma novela mostrou como as coisas vão funcionar daqui por
diante. Nesse ponto, já estou bastante satisfeito com o que vem sendo feito, já
que era algo que eu (e a grande maioria dos freqüentadores deste Buteco) sempre
critiquei em relação ao Flamengo.
Para os esportes olímpicos eu espero alguma coisa de
positivo como fruto de parcerias com empresas mas acho que ainda não vai
acontecer em 2013. A nova diretoria tem um plano muito interessante baseado nos
planejamentos de Minas e Pinheiros mas creio que para alavancar receitas que
banquem boas equipes vai ser necessária a tal certidão negativa de débitos para
o Flamengo poder receber recursos das leis de incentivo ao esporte. Mas temos
um excelente time de basquete, um dos melhores do Flamengo que vi jogar. Desde
2009 o Flamengo vem montando times que,
se não são campeões, dão orgulho de ver jogar. Minha impressão como torcedor
eventual de basquete é que esse time tem boas chances de levar o NBB e
certamente vai ser campeão estadual pela nona vez, até porque não tem
adversários.
E deixei por último o futebol, que é o carro chefe do clube,
motivo pelo qual estamos todos os dias compartilhando as geladas virtuais do
Buteco do Flamengo. Penso que a temporada 2013 não vai ser uma temporada fácil,
principalmente nesse início. Acabamos de levar mais uma pernada de um rival,
perdendo um dos poucos jogadores que se salvaram nesse pífio 2012 e ainda não tivemos
notícias sobre as esperadas dispensas dos medalhões.
Acho que o Flamengo pode partir de uma base montada no ano
passado. Temos dois bons zagueiros que se entrosaram e talvez recebam o reforço
do Alex Silva. Quanto a este, não sabemos em que condições físicas está nem
como será recebido pelo elenco após a deserção no ano passado. Temos também o
bom Cáceres para primeiro volante e acho fundamental que o Muralha passe a ser
titular. Contando o goleiro Felipe já é meio time com uma zaga sólida e uma
cabeça de área com marcação e boa saída de bola. O resto do time precisa de
reforços, especialmente nas duas laterais – que não temos – e no ataque.
Acredito que agora em 2013 já possamos ver uma definição
clara de estilo de jogo do Flamengo. A nova diretoria segue os preceitos do
livro “A bola não entra por acaso” e isso é um dos pilares esportivos do livro.
Funciona para guiar contratações e dispensas além de devolver a identidade do
time, algo que fez muita falta ao longo da última “gestão”.
Espero que o Pelaipe possa incutir no grupo a mentalidade
copeira do grêmio já que o Flamengo terá mais chances de obter uma vaga na
libertadores através das copas do Brasil ou Sul-Americana. Vale lembrar que
avançar na primeira automaticamente exclui o clube da segunda e para isso vamos
precisar do último aspecto que quero abordar nessa longa coluna que é o estádio
onde o Flamengo vai jogar.
Hoje não sei dizer se quero que o Fla volte a jogar
imediatamente no Maracanã. Mas espero que isso seja definido rapidamente. Pelo
que andei lendo e ouvindo, acho que vamos ter um 2013 de Engenhão, e penso que
isso pode ser bom para pressionar o estado na hora de uma negociação séria pelo
Maraca. É realmente um dilema insolúvel para mim. O torcedor quer ver as
pilastras do velho Mario Filho pintadas de preto e vermelho e o escudo do
Flamengo em toda parte do estádio, inclusive no campo. Mas o cidadão acha isso
absurdo, afinal trata-se de um bem público pelo qual todos os contribuintes
pagaram igualmente independente do time para o qual torcem. É complicado mesmo
e acho que, se conseguirmos deixar a paixão de lado, dá um baita debate.
Para encerrar, gostaria mesmo é de desejar a cada visitante do
Buteco um excelente réveillon e um 2013 com muita paz, saúde e serenidade. Que
cada um de nós possa voltar a cantar ao mundo inteiro a alegria de ser
Rubro-Negro.
Abraços a todos, SRN e um Feliz Ano Novo!