sábado, 20 de outubro de 2012

Coluna do Bcb



                                                     Bom dia amigos do Buteco,


Abaixo reproduzo, com algumas modificações, um comentário que fiz em resposta à coluna do Luiz Filho na última terça feira, dia 16.

Agradeço aos amigos, em especial ao Rocco e a Leila, pela sugestão e incentivo para postar o comentário, e ao Rocco, Gustavo e toda a galera do Buteco pela gentil cessão do espaço. Obrigado a todos.

Espero que gostem e principalmente que suscite boas discussões.
Em relação à coluna do Luiz, acho que ela tem várias partes que precisam ser analisadas de forma independente.

A primeira, que diz que a bagunça dentro do campo é reflexo da bagunça fora dele é exata, assim como a que diz que os erros de arbitragens ocorrem no futebol para todos, um dia você é prejudicado e no outro beneficiado. Ok.
Por outro lado o complemento que urge o torcedor a se mostrar "grande", não reclamar desses erros, ou o popular "mimimi" e se mostrar útil, bem, nessa parte não concordo. 
A parte em relação a reclamar da arbitragem discordo integralmente: arbitragem no Brasil é terra de ninguém e absolutamente suscetível a pressões externas. Não adianta o Flamengo ficar nessa de que é grande demais para reclamar, para entrar nesse jogo de pressão por que a realidade é outra. Você não vai para um duelo de pistolas com um estilingue, tem que dançar conforme a música e no futebol o direito de reclamar é não só livre como por vezes necessário.

O Flamengo precisa descer do salto de se achar o escolhido dos deuses, o que tudo pode, o que apanha sem reclamar. Por sinal, não gosto da frase chavão que muitos usam e usaram, a famosa "Isso aqui é Flamengo, porra!". O que isso quer dizer? Eu acho uma frase sem sentido, mais um brado para os deuses para que tentemos acreditar que somos maiores do que somos no momento, como aquele milionário falido que conta vantagens que não tem mais.

A realidade do Flamengo hoje é que somos um clube estruturalmente de segunda linha, ou terceira, como administração somos a piada do Brasil e como time somos ordinários. Reclamar só não faria sentido se alguém achasse que o Flamengo não é vencedor por que as arbitragens impedem o Flamengo de obter algo maior, o que todo mundo sabe não ser o caso.

Quanto a ser útil, concordo, desde que fique claro o que é ser útil.
Acho que no século XXI já deveria estar mais do que superada o que considero um clichê que é esse mantra que fala que "lugar de torcedor é no estádio", como se fosse uma guerra religiosa ou algo assim (e não acho que o Luiz tenha dito isso, estou extrapolando do ponto dele).
Penso que o torcedor contribui literalmente como quiser, até por que, salvo engano, ainda não temos estádios que caibam 40 milhões de pessoas. Acho que o cara pode morar a 50 metros de distância do Engenhão ou Maracanã e não querer ir ao jogo, preferir acompanhar de outra forma, e outros podem sair de Rio Branco no Acre para assistir e ambos são igualmente rubros negros e úteis.

Um clube que tem Patrícia Amorim como dirigente, que é protagonista de vexames semanais, não pode exigir literalmente nada de seu torcedor. O torcedor ama o Flamengo, mas não é otário.

Acho ainda que outro clichê que precisa entrar em desuso é o famoso e antigo "nada do Flamengo, tudo pelo Flamengo". Eu não estou disposto a ter uma relação assim, como torcedor. Exijo do Flamengo ao menos respeito, digo mais, reconhecimento a mim como torcedor, consumidor e frequentador, ainda que aleatório, dos estádios, pois penso na minha relação com o clube como uma relação  de mão dupla, é dando que se recebe e o Flamengo de hoje não nos dá nada.

O ser humano discute Deus, religião, direito, justiça, relações humanas, filosofia, enfim, basicamente tudo, mas deve aceitar as coisas que acontecem no futebol de maneira impassível, automática? Isso é ser torcedor, aceitar tudo por que se ama o clube? Alguém faz isso em relação a qualquer coisa na vida?
Gostar do Flamengo não significa que o sócio tenha a obrigação de sair de Manaus, por exemplo, para vir ao Rio votar, que o torcedor tenha que ir aos estádios sem acomodações mínimas, sem ter um time minimamente decente, que tenha que aceitar tudo.
O torcedor faz a sua parte tem tempo, cada um do seu jeito. Está mais do que na hora do clube fazer a sua.

SRN.
Bcb.