sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A fábrica que não pára!

De vez em quando os gênios que elaboram o calendário do futebol brasileiro nos presenteiam com uma semana sem jogos do Flamengo. E isso é um saco, ainda que às vezes acabe nos fazendo bem, já que nos permite dar um tempo nos questionamentos, nas reclamações e nas divagações tentando compreender a mente insondável dos treinadores rubro-negros. É útil, entretanto, para dar tempo a nós torcedores de nos questionarmos sobre outros fatores, além das quatro linhas, que interferem no desempenho dos jogadores e nos humores das arquibancadas.

Dentre as diversas coisas que me incomodam na gestão do Flamengo, tem uma que realmente se destaca: o fluxo incessante de notícias ruins, crises, micos e fatos inacreditáveis que são divulgados em portais, jornais, tweets e outras mídias quase que diariamente. É como um emissário submarino furado que jorra m.#@4 o dia inteiro. Isso já era ruim na época do presidente anterior e foi levado as últimas consequências pela atual diretoria. Já virou até piada entre os comentaristas e colunistas rubro-negros que todos os dias somos "presenteados", em média, com 3 notícias ruins de diferentes intensidades indo do péssimo ao catastrófico.

Um dos motivos para isso é a ausência (ou inoperância) de uma assessoria de comunicação competente, capaz de filtrar as informações divulgadas. Sem controle, a exposição do clube que deveria funcionar como um atrativo acaba por afungentar possíveis parceiros com medo do impacto negativo que determinadas notícias podem ter sobre suas marcas. Como exemplo, penso no caso do goleiro que, ao ser preso, foi fotografado de algemas usando camisa de treino do clube com todos os seus patrocinadores expostos nas páginas policiais do Brasil inteiro.

Outro motivo é que não existem regras estipulando punições para aqueles que falam sobre assuntos estratégicos, negócios ou mesmo contratações que acabam não se concretizando por causa destes vazamentos. Qualquer setorista passa o dia nas depenências do clube entrevistando "raposas felpudas", jogadores, médicos, dirigentes e qualquer um que possa falar alguma coisa do clube.  O Flamengo toma prejuízos técnicos e financeiros por causa dos linguarudos e nada acontece. Exemplo clássico disso foi a não contratação do Felipão em 2010 por causa de uma entrevista concedida pela presidente do clube, que melou o negócio.

E uma última parcela de responsabilidade sobre a produção inesgotável da fábrica de notícias podres rubro-negra é nossa, dos torcedores que consumimos avidamente tudo que vem do clube sem nenhum critério. Todo dia saem notícias sobre o que o Adriano fez ou deixou de fazer, sobre a pizza que o Adryan comeu ou sobre as lágrimas de crocodilo da presidente. Qualquer idiotice que contenha a palavra Flamengo recebe milhares de clicks e page views, aumentando a visibilidade de jornalistas que não tem nenhum compromiso com o clube, os torcedores ou ao menos com a informação que estão publicando.

O pior dessa exposição excessiva é que faz com que os setoristas precisem ficar correndo atrás de "notícias" para colocar no ar e atingir suas metas -sempre crescentes - de page-views e clicks. Assim, mesmo quando tudo está correndo bem, é necessário encontrar (ou fabricar, especialidade da nossa mídia) uma crise, uma polêmica, uma "reportagem investigativa" para atiçar a curiosidade e o apetite dos torcedores-consumidores que fazem tudo para conseguirem novas informações sobre a última polêmica ou trapalhada da diretoria.

Se o Flamengo realmente deseja voltar ao patamar de grande clube do Brasil e disputar mercados internacionais, precisa realmente aprender a cuidar da sua imagem. A não ser que o objetivo seja virar um Obina entre os grandes clubes. Um time que tem tudo pra ser ótimo, mas não passa de uma entidade folclórica, capaz de alternar grandes feitos com jogadas dignas de pena.

abraços a todos e SRN!