segunda-feira, 3 de setembro de 2012

(Mais Um) Choque de Realidade

Buongiorno, Buteco! Pegando emprestado o título da coluna de sexta-feira, do amigo Guilherme De Baère,  constato que o Flamengo, infelizmente, parece estar cultivando o perigoso hábito de tomar sucessivos choques de realidade nas recentes partidas. Após o empate em casa contra o rebaixável Sport Recife, todos esperávamos uma partida digna contra o Internacional em Porto Alegre. Afinal de contas, após a desastrosa partida contra o São Paulo, no Morumbi, o Flamengo jogou seis partidas e tomou apenas dois gols. Houve inegável evolução do sistema defensivo, embora, é verdade, em detrimento do número de gols marcados, mas o time pareceu estar mais organizado e sólido, o que pareceu valer a pena, como que se uma coisa compensasse e justificasse a outra. Mas veio a partida de ontem, contra o Internacional, e a casa está novamente bagunçada, de pernas para o ar, dando a impressão de ser a hora de rever vários conceitos. Observem, amigos, que a derrota começou a se desenhar antes da bola rolar, pelos seguintes motivos:

1) Esquema tático: há tempos vem se falando nas redes sociais que o esquema adotado por Dorival, o mais utilizado no mundo atualmente, inclusive na Europa, não prescinde de pelo menos um meia, adiantado, ofensivo, encostando nos três atacantes, que, por sinal, são efetivamente atacantes quando o time ataca, ou seja, entram na área, chutam em gol, etc. Dorival vem tentando reinventar a roda nesse ponto. Nas primeiras partidas, tudo bem, era justificável, mas já deveria ter testado o time com um meia, até porque as atuações têm demonstrado essa carência.

2) Esquema tático (2): é normal o treinador querer fixar uma formação, um time titular, mas em geral isso ocorre quando se encontra a formação ideal, indiscutível, o que evidentemente não é o caso. Enfim, não havia motivos para não testar mais jogadores no meio e nas pontas, ou seja, nas funções de Renato/Ibson, Luiz Antonio, Negueba e Thomás. Errou Dorival ao insistir apenas nos mesmos jogadores, ainda que nesse esquema tático. Por isso mesmo as substituições não surtiram efeito no jogo de ontem. Contra uma forte equipe fora de casa, pagou-se o preço pela insistência em jogadores que já não vinham rendendo e pela falta de testes de outros, especialmente no meio.

3) Avaliação do adversário: há times que podem jogar todas as partidas com o mesmo esquema, independentemente do adversário. O time de 1981 era assim, pois era capaz de se impor pouco importando o nível dos jogadores adversários ou do esquema tático. O time atual está muito distante daquela realidade.  Óbvio, né? Pois Dorival errou feio ontem nesse ponto. O Internacional entrou em campo, no meio e ataque, com jogadores de muito maior qualidade técnica e com mais experiência, inclusive internacional, e tinha também peças de reposição no banco a seu dispor. A diferença entre as equipes no meio de campo era visível nas escalações, em número de peças e em qualidade, o que posteriormente foi confirmado em campo. Dorival superestimou o time do Flamengo e subestimou o Internacional em seus próprios domínios, levando além do possível o seu esquema tático e as respectivas limitações, tanto em relação aos atletas que escalou, quanto a sua própria disposição em campo.

4) Escolha de peças: Ibson vem jogando mal sistematicamente e sequer é substituído. Luiz Antonio também vem sendo omisso no meio. Leonardo Moura há tempos vem demonstrando que não tem mais condições de jogar na defesa e ontem deu apenas mais uma prova disso. Ramon é muito fraco defensivamente e precisa de cobertura quando avança, o que não pode ser feito pelo lento González. Os dois pontas precisam ser melhor orientados a entrar mais na área, além de ser mais incisivos, pois têm sido praticamente nulos na parte ofensiva. E, em relação aos jovens, está sendo feito um rodízio com pouca inteligência e na base de critérios incompreensíveis, pois, visivelmente, alguns, como Adryan, estão em estágio nitidamente mais avançado que outros, como Mattheus. Além disso, enquanto Adryan tem poucas oportunidades, e Muralha, um dos mais talentosos, e que brilhou em alguns momentos no ano passado e tem mais experiência do que outros, jamais é escalado, Mattheus é lançado na fogueira. Na minha opinião, deveria jogar quem está em melhores condições. Simples. Por que isso não é feito?

5) O time continua a carecer de articulação e jogadas ensaiadas. Antes, por ser mais ofensivo, marcava mais gols, até pela improvisação dos atletas e pela postura mais ofensiva; hoje, é bem menos perigoso para os adversários.

Com a bola rolando, vimos o Internacional dominando o meio de campo. O Flamengo chegou a equilibrar a partida, desperdiçar uma chance incrível e logo após marcar um gol, mas quando Leonardo Moura literalmente pipocou em uma dividida, permitindo o cruzamento para a área, e Ramón falhou bisonhamente, veio o empate do Internacional e o time não se encontrou mais em campo, desmoronando completamente no aspecto pscicológico. Já no primeiro tempo foi possível observar a completa omissão em campo de dois dos jogadores de meio - Ibson e Luiz Antonio - o que levava Cáceres a jogar sozinho no setor. O Internacional virou o jogo facilmente e desceu para o vestiário com toda a tranquilidade.

Veio a segunda etapa e a manutenção de Ibson revelou-se um grande erro. Demonstrando o habitual estrelismo, num ataque de egocentrismo e irresponsabilidade tentou bater uma falta em cima do argentino D'Alessandro, logo após a linha do meio de campo, tendo porém entregado a bola nos pés de outro jogador do Inter, que iniciou o contra-ataque e lançou Forlán, que driblou o frágil Welinton e marcou o terceiro. Depois ainda veio o quarto, com Damião superando facilmente González dentro da área.

A atuação do time ontem demonstra que alterações deverão ser feitas para conseguir o equilíbrio entre obter mais articulação no meio sem perder a consistência defensiva. Não há mais justificativa para manter um time sem armação no meio de campo e com dois pontas abertos que não agridem o adversário. Mas como fazer isso? Seria mantendo o esquema atual e alterando as peças ou adotando outro esquema tático?

Não vou fugir da raia. De início, e sem prejuízo de, no final do ano, mandar todos os velhos do elenco embora, meu time seria Felipe, Welington Silva (porque marca) ou Luiz Antonio (mas só se marcar; senão é banco mesmo), González, Thiago Medeiros e Ramón (porque não tem outro); Cáceres, Muralha, Leo Moura (nuca mais como lateral e mais aberto pela ponta; acho que acerta um passe, ao contrário do Negueba) e Adryan (pelo meio!); Vagner Love e Liedson (caindo mais pela esquerda no ataque).

E você, amigo (a) do Buteco?

No lugar de Dorival, o que você faria? Qual seria o seu time?

Bom dia e SRN a todos.

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