sexta-feira, 17 de agosto de 2012

As tais oscilações


Assim que o Flamengo venceu a primeira partida sob seu comando, o técnico Dorival Jr fez questão de por um freio nas esperanças da torcida: "O time ainda vai oscilar!" Sábias palavras para tentar controlar uma euforia natural em uma torcida que andava carente até do mais básico que deve ser apresentado por um time de futebol. O problema é que, em se tratando do Flamengo, a distância entre a euforia e o oba-oba tende a ser quase nenhuma e então o treinador foi bastante inteligente ao preparar a Nação para entender um time ainda em formação.

Vi muita gente exaltando a evolução da equipe após as duas vitórias consecutivas contra dois times bastante fracos e confesso que eu mesmo cheguei a me aventurar no simulador de resultados para ver se uma reação seria possível com uma boa sequência de jogos. O time pareceu mais coeso, disciplinado e consciente em campo. Vimos que a saída de bola agora tem um direcionamento, buscando as laterais ao invés dos chutões Joelianos que devolviam a bola para novo ataque dos nossos adversários. Vimos os volantes auxiliando os laterais e esses os pontas para a criação de jogadas e muitas outras coisas que não víamos há tempos sendo executadas por caras com a camisa do Flamengo. Mas a evolução do time carecia de um teste contra um adversário mais forte e quando enfrentamos um time grande fora de casa, pudemos ter uma boa noção do quanto realmente avançamos e do que esperar das tais oscilações sobre as quais o treinador avisou a torcida.

O time do Flamengo manteve a postura mesmo encontrando dificuldades contra um adversário bem postado na defesa, só que a expulsão idiota complicou tudo. Ali foi possível perceber que ainda falta maturidade para boa parte do time e confiança para crescer nas partidas nos momentos desfavoráveis. Logo após o duplo impacto da expulsão+gol que levamos o time ficou completamente perdido e desarticulado por alguns momentos e nunca chegou a se recuperar totalmente no aspecto emocional da partida. Me questiono sobre o por quê de um sujeito com experiência internacional, duzentos anos de carreira, sendo uns 130 no Flamengo como o Ibson, agir de uma forma tão estúpida. Penso que caras como ele e o Leo Moura, que se acostumaram com um Flamengo frouxo e tolerante com a indisciplina tática e profissional, talvez estejam tendo um período difícil nesse momento em que o Zinho e o Dorival fizeram o nível de cobrança subir. Espero que isso acabe funcionando como um tipo de seleção natural, forçando os que não se enquadrarem a ficar para trás ou buscar novos ares como aconteceu com o Diego Maurício que foi realizar o sonho de jogar num time recém-promovido a primeira divisão da Rússia, Ucrânia ou algo do gênero.

Sobre a situação do jogo, haviam duas escolhas possíveis a meu ver, que seriam a recomposição do meio para tentar buscar um empate ou a tentativa de uma reorganização do posicionamento para observar o comportamento do time com um a menos. É claro que estou apenas supondo que o Dorival tenha optado pela segunda - na verdade existem bem mais que duas opções - e achei interessante ver a tentativa de mudança no posicionamento do Thomas e do Negueba no início do segundo tempo buscando recompor o espaço no meio. Ainda que não tenha dado muito certo, valorizo o fato de os caras estarem cumprindo ou tentando cumprir uma função tática dentro do campo ao invés de correr aleatoriamente atrás da bola como um time de garotos de 10 anos em aula de educação física na escola.

Ainda que, na minha opinião, o técnico tenha cometido um erro na escalação do time optando pela entrada do Ibson e deslocando o Luiz Antônio para 1o volante - eu teria optado pelo Muralha e mexido minimamente na estrutura do time - acho que ainda estamos numa fase de experiências com o elenco. Uma triste constatação, considerando todo o tempo que foi jogado fora com o Joel Santana no comando, mas que deve servir como parâmetro para que analisemos o time jogo a jogo constatando (ou não) algum tipo de evolução. A vantagem é que poderemos também avaliar o time e o elenco a cada jogo observando carências e potencialidades para que, na virada para a próxima temporada, o Flamengo possa se reforçar de forma pontual e eficiente, formando novamente um grande time para vencer os campeonatos em disputa.

Domingo teremos uma nova prova para o emocional da garotada Flamenga. O Clássico dos Milhões em um momento em que o adversário tem um time formado há mais tempo, entrosado e forte vai nos permitir observar se Wellinton realmente evoluiu com treino e observação, se o Negueba vai mesmo consolidar essa postura ousada e produtiva e se o Leo Moura ainda quer alguma coisa com o futebol profissional ou se realmente chegou o momento de ele passar o bastão. Somos franco-atiradores, e por isso temos que ir pra cima deles. Vamos Mengão!

abs e SRN!