segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Desafio de Dorival

Buongiorno, Buteco! Para mim, as derrotas mais difíceis de serem assimiladas são as do tipo de ontem, que deixam fora de qualquer discussão a fraqueza do elenco de jogadores e as poucas alternativas e saídas que tem o Flamengo no campeonato. A derrota de ontem doeu porque o mostrou um Flamengo incapaz de agredir o adversário. Durante boa parte da partida, o Flamengo teve posse de bola, até domínio do meio de campo; tocou, tocou, tocou, chegando até mesmo até a grande área do São Paulo, mas não se mostrava capaz de dar um chute a gol, o que era o mesmo do que rigorosamente nada. E quando o adversário nos atacou, encontrou uma defesa fraca que, seja por conta de falhas individuais ou coletivas, cedeu o gol por quatro vezes, mas poderia ter sido mais. Essa foi a história do jogo nos dois tempos. As mudanças promovidas no intervalo em nada modificaram o panorama da partida ou a postura do time em campo.

No primeiro tempo, o São Paulo já havia levado perigo na bola aérea, precisamente a cobrança de escanteio pelo lado direito da nossa defesa, esquerda do ataque deles. O problema, para o Flamengo, dessa jogada é que Ibson estava marcando Luis Fabiano, fisicamente muito maior, e Camacho o outro jogador, com quase o dobro do seu tamanho, que se posicionava junto com Luis Fabiano no segundo pau. Na primeira jogada, Ibson simplesmente parou, Camacho foi sobrepujado facilmente, houve o cabeceio mas Paulo Victor defendeu com o corpo. Na segunda cobrança, já no final da primeira etapa, repetiu-se o mesmo quadro, com os mesmos jogadores, dessa vez Paulo Victor saiu mal e Luis Fabiano marcou o segundo gol. Um pouquinho antes, numa bola perdida no meio, Maicon deu um chute despretensioso quase da intermediária e Paulo Victor havia acabado de entregar o primeiro gol. O primeiro tempo morno, quase sem oportunidades de gol para ambos os lados, com o Flamengo tendo o domínio aparente do meio de campo, terminou assim, abruptamente, com a defesa presenteando o São Paulo com dois gols.

O segundo tempo expôs de forma acachapante a incapacidade do Flamengo de reagir, de agredir, de atingir  o objetivo de qualquer equipe que entra em campo para disputar esse esporte: marcar gols. Expondo-se mais em busca deles, tudo o que o Flamengo conseguiu foi repetir o futebol do primeiro tempo, mas deixando a defesa com menos proteção. Por isso ocorreram vários contra-ataques do São Paulo, que poderia ter conseguido um placar ainda mais elástico. O certo é que, exposta, a defesa do Flamengo é extremamente vulnerável, a começar por seu zagueiro mais experiente, González, que se mostra simplesmente incapaz de ganhar uma disputa de bola fora da área, tamanha a sua lentidão. Foi assim que se construiu a jogada do terceiro gol do São Paulo, o que, ao meu ver, não exime de responsabilidade Welinton, que deixou Luis Fabiano livre, leve e solto, nem Paulo Victor, que pareceu intimidado, pulando para não chegar na bola. E foi também em outro contra-ataque que Jadson transformou a vitória do São Paulo em goleada.

No saldo, ninguém se sobressaiu. Entre veteranos e jovens, todos jogaram igualmente mal, num preocupante nivelamento no mais baixo patamar da mediocridade.

Não vou pedir escalação nem afastamento de ninguém. Amanhã tem treino, sem folga. O novo treinador chegou determinado a colocar o pessoal para trabalhar e parece ter respaldo. É hora da torcida "ombrear" com o treinador e deixá-lo trabalhar, até porque, no quadro atual, ele terá que tirar água de pedra.

Acredito que é hora do treinador, no chamado "olho-no-olho", ver com quem pode contar nesse elenco; quem quer levar o Flamengo pra frente. E para isso, amigos, e na situação em que nos encontramos, a idade é um fator irrelevante. Por isso darei total respaldo às decisões que Dorival Júnior tomar.

2004 Revisited?


Júlio César, China, Júnior Baiano, André Bahia e Roger (Athirson); Da Silva (Douglas Silva), Júnior (Jônatas/Róbson), Ibson e Zinho; Felipe (Jean) e Dimba (Whelliton/Fabiano Oliveira/Dill).

Lembro-me bem desse elenco. Analisando especialmente as duas últimas partidas do Flamengo, vejo enormes semelhanças entre os dois times: medalhões com altos salários e currículos, os quais porém não rendiam proporcionalmente ao investimento; o time dominava vários jogos com um toque de bola completamente improdutivo, no melhor estilo "enceradeira"; a falta de padrão tático; a presença de jogadores no elenco sem a menor condição de jogar sequer num time de Série A, quanto menos no Flamengo; algumas "pratas-da-casa" supervalorizadas e sendo tratadas como craques e, na prática, agindo como jogadores mimados e sem comprometimento com o clube. Zinho no time, hoje executivo do futebol, tentou trazer Felipe, que com ele jogava na época; Ibson, que com os dois formava o meio/ataque, já foi incorporado à equipe.

Vejo também algumas diferenças: aquele elenco teve bala para fechar um campeonato estadual em cima do Vasco da Gama e chegar a uma final de Copa do Brasil (perdida de forma vexatória, é verdade); o elenco atual apenas coleciona vexames em nível estadual, nacional e internacional desde o início da temporada. A geração de "pratas-da-casa" é bem mais promissora, porém igualmente mais jovem e com maior possibilidade de ser queimada no meio do furacão que é essa crise que vem varrendo a Gávea.

No último jogo, com uma goleada sobre o Cruzeiro em Juiz de Fora, por 6x2, e na bacia das almas nos salvamos do rebaixamento.

Ah, e tem outra coisa: no gol tinha o Júlio César. Paredão. Lembram?

Bom dia e SRN a todos.