segunda-feira, 11 de junho de 2012

Chazinho com o Joel

Buongiorno, Buteco! Enfim, a primeira vitória no Campeonato Brasileiro e algum alívio, embora a atuação oscilante e errática ainda nos traga muitas dúvidas quanto ao futuro. O alívio proporcionado pelos três pontos e pela subida na tabela, contudo, levaram o técnico Joel Santana a pedir "uma colher-de-chá", ou seja, que fossem amenizadas as críticas. Ora, e não é que ele tem razão? Na exata extensão das suas palavras, ou seja, uma colher-de-chá, e não de sopa, porque não há motivos para empolgação ou relaxamento, nem tampouco para esquecimento. Contudo, como costumo comemorar as pequenas vitórias e sou um eterno otimista, sempre acreditando que o Flamengo desperta de cenários de terra arrasada e arranca para as mais inesperadas e gloriosas conquistas, vejo, primeiramente, na mudança de escalação de um time lento, previsível, obsoleto e recheado de jogadores decadentes, como foi quarta-feira, para um time mesclado com jogadores mais jovens, como foi no sábado, como um primeiro passo para sairmos do estado em que nos encontramos. Fiquei tão feliz com o que reputo motivo da primeira vitória que resolvi convidar o Joel não para uma colher, mas para um bule inteiro de chá aqui no Buteco nesta segunda-feira. Porém, como ele próprio andou falando e fazendo muita besteira, não tive outra alternativa senão escolher um sabor amargo para o chá: será o boldo, apropriado para desarranjos intestinais. Remédio amargo para um dos piores males, meu caro Joel, o boldo encarna o velho ditado popular "o que arde cura, o que aperta segura", e vamos agora conversar um pouco sobre o que se passou e o que se passará no Flamengo daqui por diante:

1) Defesa e os 10 Dias: Joel, meu caro, durante aquele "recesso" de 28 (vinte e oito) dias sem jogos oficiais, você demorou 10 (dez) para entrar em campo e treinar o time. Dizem por aí que você ficou vendo vídeos, mas então conte pra gente: foi o Spielberg que produziu o DVD do Wellington Silva? E o Magal, que não foi você que contratou? Por que você dispensou o Júnior César, que está longe de ser um jogador brilhante, mas pelo menos consegue suportar a pressão de atuar por uma equipe grande? E essa zaga, Joel? Protegida já é um problema; desprotegida então... Beleza, o chileno está com a seleção, o novo reforço não chegou, eu sei. Mas converse com o patrão, o Zinho. Anote aí na prancheta. Tem que trazer zagueiro e lateral esquerdo, e outro reserva para a direita. E tome um golinho do chá. Vamos ao próximo item.

2) Volantes: pois é, Joel. A linha de zaga, protegida, já seria fraca; agora, desprotegida... Olhe, você anda muito desanimado, de farol baixo. Seu forte sempre foi conquistar o elenco e fazê-lo jogar pra você. Com essa postura não conseguirá coisa alguma. Além disso, o perfil do elenco é de jogadores jovens, inclusive volantes. Como você espera fazer o Muralha e o Luiz Antonio marcarem desse jeito? Cadê o Papai Joel? Amaral, Joel? Os velhos decadentes? Aonde a gente vai chegar com esse pessoal? Você está falando sério? Vira de uma vez essa chícara pra ver se passa a alucinação.

3) SubstituiçõesJoel, o patrão disse em alto e bom som que "acabou a bagunça". Então nenhum jogador pode crescer pra cima de você por suas opções táticas e técnicas, certo? Isso vale para escalação e substituições, ora! Tudo bem, sábado as coisas estavam no limite extremo, qualquer marolinha e você ia pro saco, eu entendo, mas convenhamos: metade do segundo tempo, e você faz toda aquela engenharia só pro Renato Abreu não sair do time e mete o cara na lateral esquerda? Joel, Joel, ai, ai, ai. Anote aí na prancheta: conversar com o patrão. Respaldo para substituições e barrações. Tome mais um golinho...

4) Meias: Joel, que cheiro é esse? Parece chulé!? Ah, você não usa meia nem no sapato? Ah, tá, você odeia meias mesmo, de todos os tipos, né? Puxa... Por que isso, hein? Não te deixavam entrar com meia entrada no cinema quando era estudante? Falando sério, você viu como em vários momentos do jogo de sábado o time se ressentiu de articulação no meio de campo? Como em vários momentos perdeu em ritmo, volume de jogo? Joel, o Ibson é um ótimo volante, mas não é meia. O cara é um ícone da raça, do amor à camisa, da dedicação em campo, mas isso tudo não o tornará o articulador de jogadas que o time precisa. Anote aí na prancheta: conversar com o patrão pra trazer o meia titular, dar mais chances pro Gringo e olhar com carinho o Adryan e o Matheus, tratando-os como o Papai Joel, dando uma chance no final dos jogos. Tome mais um pouco do chá. Prometo que a próxima será a última.

5) Ataque: Joel, não é culpa sua o que aconteceu com o Diego Maurício (que, na minha opinião, alternou bons momentos com outros de completo desligamento do jogo no sábado, mas foi importante em pelo menos um gol) e com o Negueba. Ano passado, nessa época mesmo, eles entravam no segundo tempo naquele time chato e modorrento do Luxemburgo e mudavam os jogos, levando o Flamengo às vitórias. O Flamengo chegou ao final do primeiro turno encostado no Corinthians, futuro campeão, dessa forma. Depois a coisa degringolou. Esses jogadores, Joel, assim como o Muralha, o Luiz Antonio e o Thomaz, são jovens, e é exatamente por isso, você sabe muito bem, que perdem a cabeça facilmente e precisam de orientação. Você pode ser o cara a dá-las e, com a ajuda do Zinho, colocá-los na linha e fazê-los jogar bola. Esses jogadores podem te tirar do buraco; aquele time de showbol de quarta-feira não. Mas claro, o Flamengo ainda precisa de reforços no setor. Anote aí na prancheta para conversar com o patrão.

Agora, Joel, se você não quer fazer nada disso, continuar emburrado ou dar entrevistas choramingando, escalar ou não substituir jogador pra não arrumar problema, entupir o time de volantes e não fazer o trabalho de orientação, aposta e respaldo que precisa ser feito com os jovens, tenha dignidade e respeito com a torcida rubro-negra e peça para sair, e sem a multa rescisória.

Acabou o chá e, sinto muito, aqui não servimos cachaça.

Bom dia e SRN a todos.