terça-feira, 1 de maio de 2012

Cruzando Dados



O assunto deste post iniciou por acaso ao ler uma pesquisa que não achei na internet, do InstitutoGPP, mas que foi publicada no confiável site Teoria dos Jogos, no inicio de Abril. Depois lembrei de pesquisas feitas por mim, na faculdade de Ciências Sociais na UFRJ, que utilizavam dados da prefeitura e algumas do Governo do estado. Então foi unir a “fome com a vontade de comer”. Como numa pesquisa acadêmica, muitas vezes, por mais que você forneça (e tenha) as hipóteses e um provável resultado, a própria pesquisa é que conduz o caminho, pela primeira vez aconteceu comigo, em um post, este. Os dados da Cidade do Rio de Janeiro são oficiais, sendo fornecidos na página eletrônica da prefeitura do Rio de Janeiro e/ou IBGE. Decidi tentar entender porque o trabalho de relacionamento do Flamengo com seus torcedores é tão fraco, e pior ainda na cidade do Rio de Janeiro e no Estado, nem contemplando o restante dos torcedores pelo Brasil e pelo mundo. As questões que volta e meia estão presentes são a respeito do tipo de relacionamento com a torcida/consumidores/clientes/parceiros que sempre estiveram ao lado do clube, mas hoje parecem alijadas do mesmo, porque acho importante o cruzamento entre regiões da cidade (o mesmo para o estado) x populações para que se saiba exatamente quantos torcedores do Flamengo existem em cada lugar.

A pesquisa estará dividida em 12 regiões (8 da cidade e outras 4 no estado): Litorânea, que chamarei de Sul/Entorno do clube (Copacabana, Lagoa, Botafogo, Rocinha); Centro Norte (Tijuca, Vila Isabel); Leopoldina (Ramos, Penha, Irajá, Ilha do Governador, Maré, Complexo do Alemão, Vigário geral); Norte (Méier, Inhaúma, Jacaré, Madureira, Anchieta, Pavuna); Central (Portuária, Paquetá, Santa Tereza, Rio Comprido, São Cristóvão); Jacarepaguá (+ Cidade de Deus); Bangu; Oeste (Barra, Santa Cruz, Guaratiba, Realengo, Campo Grande, Pavuna, Anchieta); No Estado, Baixada Fluminense (Nilópolis, São João de Meriti, Caxias, Guapimirim, Magé, Mesquita, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Itaguaí, Queimados, Paracambi, Seropédica, Japeri); Periferia Norte, estado, que chamarei de Oceânica/Ponte (São Gonçalo, Niterói, Maricá, Itaboraí, Tanguá); Interior I - Sul Fluminense + Região Serrana (Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Areal, São José do Vale do Rio Preto, Sapucaia); e por Ultimo Interior II - Norte Fluminense, Noroeste Fluminense e Baixada litorânea (Região dos lagos e entorno).





A cidade do Rio de Janeiro tem 6,3 milhões de habitantes, 3.017.700 torcedores do Flamengo aproximadamente, com a população distribuída em 41,5% na zona oeste, 38,0% na zona norte e 20,5% da população estão nas zonas sul e central. Restringindo-me a região administrativa VI, que circunda o bairro da Lagoa, região da Gávea esta tem exatamente, segundo o Censo 2010, 167.774 habitantes. Juntando ainda as regiões administrativas IV (Botafogo), V (Copacabana) e XXVII (Rocinha) são mais 470.279 habitantes, num total de 638.053 pessoas. Não é pouco ter apenas 9.000 sócios? Sim! Mesmo neste universo, a proporção de sócios por habitante é de 1:70, repito somente habitantes e não torcedores do clube. Pela pesquisa, o Flamengo teria na Zona sul da cidade, citada como região litorânea, aproximadamente, 220.128 torcedores, em uma proporção de 24,5 torcedores para cada sócio. Considerando baixar esta proporção para que o clube social tenha 15 torcedores por sócio o clube trabalharia com 14.675 sócios, aproximadamente 50% a mais, nada mal para um clube social. Pensando valores, com um preço médio de R$ 105,00, que é quanto paga um sócio contribuinte patrimonial (o sócio contribuinte aluno paga R$ 80,00/mês mais o valor da modalidade, e, a modalidade mais barata é o Remo com dois treinos semanais por R$36,00) teria a quantia de R$ 1.540.875,00 por mês, 18.490.500,00/ano. Quase o dobro dos nove milhões e meio de reais arrecadados em 2011, segundo balanço publicado. Segundo balanço publicado. no estado são 15.180.636 pessoas, dos quais 7.185.000 são torcedores. Para uma observação mais completa vamos à tabela:
O Flamengo deveria se espalhar pela cidade, com quiosques do clube, lojas credenciadas e relativamente grandes em pontos estratégicos da cidade, sendo possível até lojas do próprio clube, que venderiam produtos oficiais, ingressos, mas ingressos de todas as modalidades do clube, como basquete e fazendo pacotes para incentivar aos esportes olímpicos, do tipo compre um produto e conheça o atleta X, tarde de autógrafos com o atleta Y, valor, parcerias ao longo do tempo se capitalizando e mostrando que está perto de seu maior patrimônio, sua torcida, aproximar o Flamengo dela, e com este modelo, num segundo momento espalhar pelo Brasil em uma rede de franquias. Para atingir ao público deve se “chegar perto” para abastecer, criar uma rede, com presença em regiões de muitos torcedores e alcançar os outros consumidores. Pelo que escrevi, com uma proporção aproximada de loja para cada 200.000 torcedores aproximadamente, 35 lojas bem distribuídas, 35 pontos de venda de Flamengo.

Existem outas alternativas como as escolinhas, a marca, os aparelhos esportivos, os jogos, Museu, a loja ou as lojas! Lojas para o clube poderiam representar a “saída do buraco” e com todos os dados descritos acima, poderia se pensar em lojas FlaConcepts de tamanho reduzido, lojas de porte menor, reduzido com no máximo 150 m² (a Megaloja da Gávea tem 1.300 m² e é a terceira maior do mundo, para clubes de futebol), a distribuição seria de uma loja para cada 250.000 torcedores na região. Falta competência para gerar não só mais conforto, mas também, outros sócios, com programas de adesão, mesmo com as obras de ultimo ano de mandato, um clássico da política brasileira. Como é uma instituição privada, poderia ao menos cobrar o estacionamento, condicionando a custos dentro do clube, como compras na Fla Concept, visitas ao Museu que está sendo construído ou até mesmo nos bares do clube, com nota fiscal, obviamente.

Numa cadeia produtiva pensada, num circulo virtuoso, seria natural uma aproximação de novos consumidores. Um trabalho mais interessante seria aproveitar toda essa base de dados e implementar o sócio torcedor, que viria preferencialmente de fora da região do entorno do clube e estimular o morador da zona sul à ser sócio do Flamengo; redefinir, conceituar, dividir o estado do Rio de Janeiro em zonas. O clube conhece a seus sócios? Conhece seu público? Porque não amplia seu quadro social? Como já disse em muitos posts, não sou da área (Marketing, comércio e relacionamento) e penso, e o Flamengo tem profissionais para isso, não pensa porque? Nunca pensaram antes? Se pensaram, com qual finalidade? Todos somos parte desta instituição e diria com segurança que nós torcedores gostaríamos de contribuir com o crescimento do clube, mas alguns poucos, que são exatamente os que decidem, infelizmente, nem sempre querem somar para o clube, sim para si e para os “seus”.

Ressalto novamente que o “pesquisa” diz apenas sobre a cidade e o estado do Rio de Janeiro, lugar onde o clube deveria dominar aos dados, e que com os 7.185.000 de pessoas no estado que torcem para o Flamengo sem barreiras entre a paixão e seus apaixonados, diferente do que ocorre hoje, onde inclusive as torcidas organizadas fazem um papel de entremeio entre a nação e o clube, e pior de maneira errada, e quem deveria cortar isso é o clube, e não o faz, inclusive porque tem ex-presidente de torcida organizada, presidindo conselho do clube, e as relações que já eram promíscuas entre clube e organizadas agora ficam obtusas, obscuras. Por tais motivos como a “mordaça” em cima das torcidas organizadas, muitos torcedores acabam por se distanciar do Flamengo. Atualmente, o clube se fecha na Gávea, pouco se importando com o “resto”.


O que pode se apreender da tabela são os números da cidade + região metropolitana e do interior I + Interior II. É uma tabela básica, sem muitas complicações e aprofundamento, mas dela pode se cruzar mais dados ainda, se quiser projetar algo, seja mais audacioso ou mais contido. A disposição das lojas pode ser: uma na Tijuca; Ilha do Governador e Bonsucesso; Madureira e Méier; Centro (talvés mereça duas, uma no "perímetro" Cinelândia/Castelo e outra no "perímetro" Central/Saara); Jacarepaguá; Bangu; duas na Barra da Tijuca, Santa Cruz, Campo Grande e Realengo; No interior do estado duas em São João de Meriti,  duas em Duque de Caxias, duas em Nova Iguaçu, uma  Belford Roxo, uma em Itaguaí; duas em São Gonçalo, duas em Niterói; uma em Volta Redonda,  Angra dos Reis, Petrópolis e Nova Friburgo; uma em Cabo Frio, Macaé, Araruama e duas em Campos. Voltando a parte importante, mas triste, o balanço publicado neste final de semana, demonstra que o Flamengo trata muito mal a quem deveria ser prioridade, sua torcida e por isso, rende tão mal, nos cofres, ocasionando reflexos no campo. Como brilhantemente Émerson Gonçalves relata em seu texto, Flamengo continua devendo, mas a sua torcida, acordemos! Aproveitemos os números, que hoje são favoráveis (tamanho e potencial de consumo), mas no futuro o Flamengo pode ter perdido torcida para Corinthians e Santos, inclusive aqui dentro, pois fazem bom trabalho e tem potencial, se deixarmos, para isso Rubro Negros de todo o Mundo, Uni-vos!

Ubique, Flamengo!
Somos Flamengo, Vamos Flamengo!