terça-feira, 3 de abril de 2012

Ruído ou corroído?



Neste ano de 2012 o Flamengo anda me sacaneando, exceto e inclusive, no fatídico jogo contra o Olímpia, no Rio. Só tenho visto as partes ruins dos jogos, incrível. O do ultimo domingo não fugiu a regra, cheguei para assistir ao jogo (no intervalo) e já estava dois a zero, dois gols de Vagner Love, até aí tudo bem. Começa o segundo tempo e o sufoco, pressão do outrora grande, mas atualmente minúsculo e virtual rebaixado, o simpático Bangu e me ocorre a pergunta de um milhão de dólares: Quem manda no Flamengo? Porque digo isso? Pelo fato da semana, a “barração” do Botinelli do jogo, quando Vagner Love falou aos quatro ventos para o treinador tirá-lo e pôr o Magal no jogo, e pior disso tudo é que foi feito IMEDIATAMENTE. Sabemos que o Joel não manda em nada mesmo, e dentro de campo os jogadores, que fazem o que querem.

Em todos os níveis desde a presidência até o comandante do campo é uma bagunça, numa desorganização reinante. Haja vista, desde Janeiro, para não ir muito longe, vemos os problemas se sucedendo: viagem a Potosí, insubordinação de jogadores, demissão de Luxemburgo, contratação de Joel, entre outras polêmicas. O que se apreende disso tudo é que não se sabe, ou não se vê quem manda no clube. A presidência é permissiva, pusilânime e confusa, tudo acaba por se tornar uma cortina de fumaça para que se encaixe mais e mais indicados políticos de pouca competência. O departamento de futebol segue a mesma linha. O planejamento inicial feito por Luxemburgo, um de seus acertos, foi jogado no lixo. Não há mais prioridade entre o defasado e retrógrado estadual e a gigantesca e prestigiosa Libertadores, para clube não faz diferença, mas o pior disso tudo é que a qualidade do futebol, por incrível que possa parecer, caiu.

Poderia até reclamar de incompetência, que na verdade nem sei se é, mas Patricia Amorim manda no Flamengo, sim, ela e os jogadores, isso é cristalino! O treinador e os diretores estão a mercê da presidenta e dos jogadores, e no Clube de Regatas do Flamengo a politicagem rasteira é quem manda. Não adianta ficarmos nos iludindo, pensando que há incompetência porque não há. Parece haver um projeto para que o clube permaneça no limbo que se encontra hoje, até porque isso beneficia a alguém, que não os torcedores (hoje dormentes), no “presidencialismo de coalizão”, sintético do país, criado aqui e reproduzido à perfeição no clube, infelizmente.

Conversando com um primo, sobre os limites de um atleta profissional de alto nível, já que ele foi um atleta olímpico do atletismo, sendo quarto colocado em Barcelona 1992, é preparador físico e professor universitário, concluí rapidamente que os atletas detém todo o poder no Flamengo (manipulam de diversas maneiras, como fazer declarações demagógicas, dando carrinhos vazios, dancinhas ridículas em comemoração de gols...). Sobre os limites do corpo, rendimento, repouso e lesão, ele Sérgio Matias, me explicou:

Para a melhor performance de um atleta de alto nível, que treine diariamente é extremamente necessário o repouso, evitando qualquer tipo de lesão. O corpo padece porque há um limite de rendimento pleno (que cada indivíduo possui) e acima deste limite, a possibilidade de lesão é concreta. Estas lesões podem ser provocadas pelo próprio corpo, que é um sistema integrado e inteligente, para que se tenha um repouso forçado, ou seja, lesões musculares forçam a parada do organismo, pois são provocadas por sobrecarga. O descanso é fundamental não apenas em nível competitivo, e sim em toda atividade deste atleta, pois o excesso de atividades em geral afetam o nível de performance diretamente, não permitindo que o mesmo atinja todo seu potencial real em competição. Simplificando, se a vida for desregrada com seu instrumento de trabalho, o corpo, é impossível que se alcance o rendimento máximo, mesmo que se treine para isso, pois existem outros fatores que contribuem para o desempenho do corpo como um todo, inclusive tecnicamente”.

Pois bem, a conversa era inicialmente sobre basquete e atletismo, e também um curso que ele pretende ministrar, mas apliquei aqui ao mundo do futebol. Com tantas festinhas em sequencia, queda de rendimento no segundo tempo dos confrontos, mesmo em começo de temporada, fica claro quem manda. Os atletas não estão aguentando o ritmo de viagens, treinos, jogos e festinhas; além disso alguns escondem-se do jogo em algumas situações, talvez por não conseguir aumentar a intensidade durante a própria partida. Por tradição, no Flamengo o cara se arrebenta e pede para sair, mas o que tem ocorrido não é isso, os caras preferem se arrastar o tempo inteiro. Não falo apenas de Ronaldinho, ele é o exemplo maior, o mal exemplo, existem outros, inclusive por características de personalidade, individual. Uma coisa parece certa, mesmo com os gatos presentes (sócios, diretores e funcionários) os ratos estão fazendo a festa. Da presidência ao porteiro o Flamengo é um grande queijo suíço que vem de armazém antigo com dono distraído, com extrema qualidade, cheio de buracos e fornecendo alimento para quem o destrói!

Somos Flamengo, Vamos Flamengo!