domingo, 1 de abril de 2012

1o de abril


E eis que me coube escrever a coluna de 1o de Abril. Infelizmente, a data vem a calhar para se tratar da interminável fábrica de sonhos e mentiras que se tornou o Flamengo, não só na administração atual. Um clube com uma história centenária, recheada de estórias que construíram a fama e a força que o clube ainda tem hoje, mas que se esforça e muito para destruir. 
Abaixo, algumas afirmações que já não são mais verdadeiras para nossa tristeza e reflexão:


"O Flamengo é uma nação"

A verdade é que o Clube de Regatas do Flamengo tem um time de futebol que deu origem a uma nação. E essa nação é desprezada pela instituição. A direção e os conselhos não têm nenhum interesse na participação da torcida além do seu comparecimento ao estádio e da compra de camisas. Torcedor não vota. Sua voz só é ouvida quando interessa aos dirigentes politicamente. A expressão nacional do Flamengo tem a ver com o carisma do clube conseguido nos primórdios do futebol. O Flamengo não tinha campo e se tornou popular porque não excluía o povo. Numa época em que todos os clubes grandes buscam novos mercados, o Flamengo não tem nenhuma consideração com seus torcedores não-sócios ou que vivem fora do Rio. E tem pelo menos 80% da sua torcida fora do Rio de Janeiro.


"O Flamengo é um clube acostumado a grandes conquistas"

Passamos 17 sem ganhar um título brasileiro, 14 se contarmos a copa do Brasil de 2006. Vencemos apenas três competições internacionais nos últimos 30 anos (Libertadores e Mundial 81 e Mercosul 99) e continuamos dando a elas prioridade igual a que damos ao campeonato carioca. Somos o maior campeão brasileiro graças a uma geração que conquistou 3 títulos em 4 anos. Isso não é a regra, é a exceção. Hoje, a mentalidade que dirige o clube o encaminha para o apequenamento, para o regionalismo. Seguindo nessa direção, continuaremos sendo o maior vencedor do estadual, e só. Enquanto valorizamos batalhas épicas contra Volta Redonda e Boavista, os outros grandes clubes se focam nas competições nacionais e internacionais.

"Craque o Flamengo faz em casa"

Ficamos tempos sem revelar bons jogadores até a geração atual, que venceu a copa SP de juniores no ano passado. Nesse hiato tivemos o zagueiro Juan, o goleiro Julio César e só. Podemos citar o Renato Augusto que é até um bom jogador mas está longe de ser um craque. Nesse tempo desaprendemos completamente como se faz a transição entre a base e os profissionais, colocando diversos jogadores como novos Zicos e jogando os caras na fogueira. Chegamos ao cúmulo de trocar Reinaldo, Adriano e mais uma grana pelo Vampeta!!!!! Quantas promessas se perderam nas lutas contra o rebaixamento no início dos anos 2000? Quantos jogadores vendemos de maneira proveitosa nos últimos 20 anos? 


"A maior torcida do mundo faz a diferença!"

Houve um tempo em que o torcedor do Flamengo ia ao estádio ver o espetáculo no campo e nas arquibancadas. Adversários no passado distante e próximo reconheciam que o Flamengo jogava com 12, que os torcedores nunca desistiam, nunca paravam de cantar e apoiar e que a relação entre o time, a torcida e a camisa era diferente de todos os outros clubes. Hoje as torcidas organizadas vão ao estádio cantar suas próprias "glórias", que matam cem, que dão porrada. Após cantar suas músicas ficam na arquibancada se auto-glorificando "Que torcida é essa?", como se ainda fizesse diferença. Essa torcida é uma que hoje se cala quando vê seu time descomprometido em campo. É uma torcida que cobra de jogadores jovens que erram um passe contra o resende em macaé mas não cobra de quem ganha mais de 1 milhão de reais por mês pra fazer orgia de 5 dias e andar em campo. É uma torcida que, durante um jogo de Libertadores, grita o nome de um jogador que mal consegue pisar no chão com o pé esquerdo e tem contrato com um rival e está inscrito por outro time na mesma competição. É uma torcida que vai ao estádio cantar músiquinhas copiadas de outras torcidas e deixa de lado o grito de MENGO, que sempre apoiou as nossas campanhas vitoriosas.


"No Rio, a liderança do Flamengo é indiscutível"

Hoje, o Flamengo não é o clube mais poderoso do Rio apesar de receber mais dinheiro da televisão e de ter uma grande parceria com a Olimpykus (costurada na gestão anterior). Faltam um patrocinador master e uma política coerente de contratações. Pior do que isso, nas reuniões de clubes, o Flamengo não tem mais a postura questionadora e de vanguarda de outros tempos, votando - por motivos políticos - sempre com os interesses da cbf e da ferj. Chegamos ao absurdo de ver o clube se posicionar contra a diminuição do número de clubes do campeonato estadual, que todos sabem ser deficitário justamente pelo excesso de jogos contra times pequenos e entre eles. 

Hoje, existe no Rio um clube que joga pra ganhar, que tem um time vibrante e que sabe priorizar as competições principais e que, com todos os problemas de estatuto, montou um departamento de futebol profissional que trabalha e dá resultado. Este clube tem um presidente atuante eleito por um grupo de torcedores que se envolveu na política do clube tirando do poder as patotas políticas que devastaram durante anos a instituição. Esse clube não é o Flamengo, mas um de seus maiores rivais. Isso é inadmissível!


"Nos so queremos o nosso Flamengo de volta" By Teofilo Mitchell

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