domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um Time Sem Cara

Na última quarta assistimos uma das mais medonhas escalações dos últimos tempos e pior, vimos o time do Flamengo jogar como se fosse um clube da 5a divisão do estado do rio, acovardado e encurralado em seu próprio campo. Não estávamos enfrentando o Barcelona de Messi, nem o Santos de Pélé, nem o Botafogo de Garrincha. Jogávamos contra um clube mediano da argentina, desfalcado de dois de seus principais jogadores.

É um cenário difícil de aceitar para um time que se notabilizou por amedrontar os adversários por sua postura incisiva e ofensiva, pelo jogo aberto, quase soberbo, por vezes inconsequente exibido por diferentes gerações, de Dida a Zico. Quantas vezes,muitos de nós não viram no Maracanã, o Flamengo partindo no segundo tempo irresistivelmente para o campo de ataque espremendo os adversários entre o time dentro do campo e a torcida nas arquibancadas lotadas do lado esquerdo das cabines? Muitas vezes com a defesa completamente aberta, mas sedento da vitória que saciaria o desejo de jogadores e torcedores, obtivemos vitórias impossíveis tanto com esquadrões de craques quanto com heróis improváveis como Rodrigo Mendes, Roger Guerreiro ou Magno.

Em todas elas, mesmo nas derrotas, tivemos em comum não apenas a entrega dos jogadores e a raça, de que tanto falamos, mas sempre a postura, a dignidade de ser Flamengo. Hoje, lamentavelmente chegamos ao momento em que o time vai a campo se considerando inferior ao adversário, pensando apenas em se defender para empatar ou perder de pouco. E isso mesmo tendo mostras de reconhecimento da imprensa e de jogadores argentinos dizendo que se preparavam para enfrentar o maior time do Brasil.

O time hoje reflete a maneira como o clube vem tratando sua história e suas tradições. Desde 2010 temos visto ídolos inquestionáveis sendo desrespeitados e times frios com jogadores descompromissados, que jogam quando querem e não se importam com a presença ou ausência da torcida. Um time que tem a cara de um clube que cada vez menos se parece com aquilo que sempre representou. Que muda de cara ao sabor das marés e das conveniências políticas cada vez que um novo grupo assume a direção. E acaba por não ter cara nenhuma. Ou pior, apenas a cara de pau de mentir e se desmentir publicamente.

Nada faz mais mal ao Flamengo do que não se comportar como Flamengo.

A esperança de dias melhores fica apenas nos torcedores rubro-negros. Aceitamos que o Flamengo jogue mal, aceitamos até times ruins. Mas jamais aceitaremos um Flamengo covarde e amendrontado! Porque isso, em hipótese alguma, ele nunca foi e nunca será!

SRN e bom carnaval a todos

Guilherme de Baere