segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Nunca Espere Pelo Melhor

Buongiorno, Buteco! Nesta segunda-feira espremida de carnaval, resolvi falar um pouco sobre o sentimento de ser Flamengo em tempos de angústia como o que vivemos. A ideia veio após uma intervenção do repórter Eric Faria, da Rede Globo, durante a transmissão de Lanús x Flamengo, na última quarta-feira, na qual ele relatou os dizeres de uma das faixas da "hinchada" do Lanús: "Nunca espere pelo melhor". Um grande amigo cruzeirense, fanático por futebol como eu, disse-me que jamais ouvira algo tão pessimista. Eu concordei, porém fiquei comovido, e daí vieram, em série, muitas reflexões. Em primeiro lugar, convenhamos, os caras ganharam um título na vida. Um. Uno. One. Aliás, a data de conquista desse título é de tal modo sagrada que é objeto de outra faixa, esta com os dizeres: "Uma data que jamais será manchada." Parem para pensar um pouco nisso, um pouquinho só, e tentem se imaginar torcendo para um time desses. Raros são os anos em que o Flamengo não ganha ao menos um estadual, certo? Já para o Lanús e sua "hinchada" não ganhar nada é o normal, o corriqueiro, circunstância, porém, que não diminui nem um pouco o amor que esses torcedores sentem por seu clube. Fiquei com pena dos caras. Vocês não?

Além disso, confesso que cheguei a me sentir como um "mal acostumado", como se fosse um "riquinho mimado" reclamando do meu time milionário que, apesar do futebol medíocre, ainda saiu com um 1x0 no placar contra o time de pobres-coitados que nunca ganha nada! A boa (ou má, depende do ponto de vista) notícia é que essa "crise existencial" já passou, pois, afinal de contas, é "cada um no seu quadrado", certo? E que culpa tenho eu de torcer para o clube fuderosástico, de maior torcida do mundo, no qual absolutamente tudo ganha proporções gigantescas e exageradas? Quem tem propensão ao masoquismo futebolístico pode torcer pelo Lanús, ou para um dos vários Lanús brasileiros que estão por aí, como o Botafogo (hahahahahahahaha!) ou o Atlético/MG.

Bem, na verdade eu dei essa volta toda para dizer a vocês que a frase "Nunca espere pelo melhor", para mim, dentro do futebol, passou a ter um significado muito bonito, de abnegação, de entrega ao amor pelo seu time, e que tocou fundo o meu coração. E quero dizer a vocês que, depois do que vi na quarta-feira e depois de tudo o que aconteceu no Flamengo até aqui neste ano de 2012, e que me fez lembrar dos "anos de chumbo rubro-negros" (segunda metade da década de 90 até a primeira metade da primeira década deste século), resolvi que, daqui até o final do ano, o meu lema será exatamente esse: "Nunca espere pelo melhor". E de fato não esperarei. Não esse ano. Não com essa diretoria, não com esse técnico, não com esses jogadores de meio de campo, não com esse bronheteiro que suga as energias do clube como um vampiro, não com esse todo contexto. Torcerei por dever de ofício. E não esperarei pelo melhor.

A Panela e a Base

Mal o novo treinador chegou e já começou a montar a sua panela, como nas outras quatro oportunidades em que treinou o Flamengo, com o mesmo discurso bobo, como se fôessemos idiotas, porém com desculpas as mais esfarrapadas, cada vez piores. O Flamengo é um clube realmente curioso. Parece fadado a seguir uma sina, talvez uma maldição, que vem desde o desmanche natural da "Geração Zico", pois todas as vezes em que uma geração vencedora surge da base ela é mal aproveitada e dizimada quando da subida para os profissionais. Diego Maurício, de tão perseguido por Luxemburgo, o Destreinador, parece ter perdido o rumo; Thomaz foi metralhado psicologicamente na reta final do campeonato e desde então não se encontrou novamente; Lorrain nunca tem chances, pois, afinal de contas, joga na mesma posição que um certo veterano insubstituível (e nada mais digo!); Luiz Antonio, pelo visto, é a quinta opção de volante do novo treinador, e Muralha talvez (vejam bem, talvez) seja a sexta (!). Já o eleito como "xodó" do treinador é justamente o atleta que não joga bem há mais ou menos, calculo, uns sete meses, quase uma gestação - Negueba. Gostaria de frisar que reputo a Negueba valiosa contribuição para essa vaga na Libertadores pelo ótimo primeiro turno que fez ano passado pelo Brasileiro; mas a verdade, nua e crua, é que desde o segundo semestre de 2011 que não joga absolutamente nada. Por algum motivo que desconhecemos caiu nas graças de Joel Santana.

O caso de Muralha talvez seja o mais emblemático e revoltante de todos porque, dentre todos esses jovens, se há um que foi regular e terminou o ano passado jogando e rendendo bem foi ele. Aliás, Muralha foi jogado aos leões pelo antecessor de Joel Santana, o inominável Destreinador Vanderlei Luxemburgo, estreando no pior momento do Flamengo na competição, quando passou uma longa sequência sem vitórias. Firmou-se assim mesmo, sendo destaque em várias partidas, talvez a melhor delas a goleada sobre o Cruzeiro no Engenhão por 5x1.

Não há justificativa plausível para o seu ocaso atual, senão o desperdício proposital e lesivo aos interesses do clube de um jovem talento.

Já é difícil ter que aturar um futebol defensivo, obtuso e feio de tantos volantes; pior ainda quando esses volantes ainda são os errados. Enfim, será um longo ano, no qual não será uma sábia escolha esperar pelo melhor.

Bom dia e SRN a todos.