quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Gigante Adormecido!


O Gigante adormecido!

Saudações Caros Butequeiros Rubro-Negros. Depois do resultado de domingo, parece-me que não disputamos mais o título. Foi daquelas derrotas, pelo momento e pela forma, que demorarão muitos anos para ser digerida. Fica aquele sentimento de que dava prá conseguir algo melhor no campeonato. Só nos resta o sabor amargo do pior tipo de frustração que existe: aquela em que você sabe que é capaz, mas mesmo assim não consegue seu objetivo.

Caros Butequeiros, hoje pensei em prosearmos sobre algo que para nós é líquido e certo, e que as estatísticas ajudam a comprovar: que o Mengão é o maior de todos e o time a ser batido, sempre. Fiz um levantamento sobre os maiores públicos em casa de cada time no campeonato brasileiro, excetuando os clássicos, e o resultado mostra que o Mengão é disparado o grande time brasileiro e que mais fomenta a rivalidade. Isso, em todo o mundo, só acontece com os maiores.

Os quatro grandes de São Paulo têm como o maior público em casa os jogos contra o Flamengo. São Paulo, 63.871, o recorde do campeonato. Corinthians, 35.392. Palmeiras, 33.575. E Santos, na Vila, 12.968. O Santos fez alguns poucos jogos no Pacaembu e em um deles teve um público superior ao do jogo contra o Flamengo. Mas na Vila, onde o Santos fez a maioria absoluta dos seus jogos, temos o maior público. Os paulistas demonstram com clareza quem é o time a ser batido por eles, o jogo que dão maior importância. Fato é que todos eles têm o Flamengo como o grande rival de fora de São Paulo.

Indo para o sul verifica-se que temos o maior público contra o Grêmio, aproximadamente 40.000, e o segundo maior público contra o Inter, 28.752. Contra Avaí e Figueirense temos os dois maiores públicos, respectivamente, 12.692 e 18.265. Atlético-PR temos o segundo, 19.032, e Coritiba ainda não jogamos, mas não deverá ser muito diferente.

No nordeste temos o maior público contra o Bahia, 32.157 e o segundo contra o Ceará, 18.245. O Ceará só tem um jogo com público maior, o encerramento do primeiro turno contra o Bahia, e por menos de uma centena de torcedores.

Em Minas temos o segundo maior público do Cruzeiro, 14863. Atlético-MG, por circunstâncias, provavelmente, conjunturais é o único time de todo o campeonato que não temos o primeiro ou o segundo maior público. Já o América, jogando em Sete Lagoas, tem seu maior público também no jogo contra o Mengão, 7.475. O América fez um jogo em Uberlândia contra o Santos e lá teve o seu maior público do campeonato. Mas nós podemos imaginar como seria um jogo do Flamengo contra o América em Uberlândia; muito provavelmente casa lotada e com ingressos esgotados com antecedência.

Resta-nos, ainda, jogar contra o Atlético-Go fora de casa, além do já citado jogo contra o Coritiba. E, certamente, bateremos mais um recorde de público.

Caros Butequeiros, essa é a tônica em quase todos os anos. Estando bem ou mal no campeonato, jogos contra o Flamengo movimentam as torcidas adversárias. Todo mundo faz “final” contra a gente. Não tem jogo mole para o Mengão. Ninguém joga uma partida contra o Flamengo para cumprir tabela.

Tendo isso como algo dado, surge outra constatação. Um clube tão grande, e tão odiado pelos rivais pelo Brasil afora, não pode nunca estar frágil. Todos querem nos vencer mais do que a qualquer outro. Isso exige que, sempre, devemos estar fortes para enfrentar essa condição. Ganhar do Flamengo, para alguns, como o Grêmio no último domingo, por exemplo, pode significar a salvação de toda uma campanha ridícula.

O frustrante é saber que o Flamengo atual, na sua organização e estrutura, não tem condições de se portar de acordo com as necessidades impostas pelo seu tamanho. É um gigante adormecido. Nas últimas três décadas nos apequenamos e passamos a ser alvo fácil para todos os nossos adversários. Sabemos que somos os maiores, e os adversários também, mas estamos enfraquecidos e não nos comportamos como tal. Não temos condições para tanto.

Obrigatoriamente, para enfrentarmos essa rivalidade nacional e a gana que todos os outros têm de nos vencer, deveríamos ser o clube mais poderoso do país, em poder econômico e estrutura. Mas estamos muito longe disso. Temos um poder econômico inferior ao de muitos clubes médios e a infra-estrutura é melhor nem comentar; perdemos para a maioria dos times da série A e B.

A situação atual do Flamengo é curiosa, quase inexplicável. Praticamente o mundo todo sabe do nosso tamanho, principalmente os adversários, menos quem dirige e comanda o clube. Se isso não mudar, continuaremos sendo saco de pancadas nos Olímpicos e nos Couto Pereiras da vida, o que, para uma instituição da grandeza do Flamengo, é uma piada de péssimo gosto. Estamos cansados de saber que o Flamengo é um gigante e, passou da hora, de acordar e passar a se comportar como tal.