segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUER ANDAR DE CARRO VELHO?




Quando o Flamengo entrou na briga pelo Ronaldinho, todos os rubro-negros tinham a certeza de que era um caso de recuperação para o futebol. Quase peça rara de museu. Mas, é um ídolo do futebol mundial, e ídolos são bem-vindos na Gávea, e muito bem tratados pela Nação.

Quando você compra um carro-velho sabe que está adquirindo uma mercadoria usada, com defeitos e desgastes, camuflados por guaribadas para valorizá-lo. Sabe do risco de conduzi-lo para trajetos mais longos, em que os defeitos ficarão evidentes, e poderão deixá-lo, enguiçado, no meio do percurso. Conserta uma coisa aqui, aparece outra ali. De vez em quando, anda valente, em outras não sai nem da garagem.
Então, longe de mim querer o craque do Milan, ou o menino talentoso que despontou no Grêmio. Mas, domingo, Ronaldinho poderia ter se empenhado, um pouco mais, até mesmo pela resposta que deveria dar à torcida do seu ex-clube, que fez de tudo para ofendê-lo, e desequilibrá-lo. O R10 tentando mostrar indiferença, e frieza, pareceu sentir o efeito causado pelas provocações dos gremistas. Muitas vezes, penso que se o Ronaldinho tivesse um pouco mais de seriedade em campo, seria muito mais jogador do que é.
Por faltar essa seriedade, é que o Dentuço nunca terá aquela liderança moral de alguns jogadores, atitude que é elevada a uma potência enorme no Flamengo, e na sua torcida, capaz de transformar o time numa máquina letal, em campo. Por favor, considerem que não falo do Renato Abreu, que foi dormir com mais uma bola entre as pernas.
Domingo, com a falência do time, faltou esse jogador. No nosso elenco há vários jogadores em final de carreira, mas nenhum conseguiu impedir essa vergonha no Olímpico. Pois, foi uma vergonha entregar o jogo do jeito que foi feito. O destreinador substituiu, mais uma vez, muito mal! Não é capaz de fugir do seu esquema renitente, recorrente e decadente.
Tenho uma teoria cruel para a manutenção do Renato Abreu em campo, a despeito de sua atuação ser boa ou ruim. É uma vingança, típica de folhetim, do Luxemburgo, pela reserva eterna que amargou, do Capacete. Por ter, sobretudo, um futebol medíocre. Ele, como vilão temível, mantém um jogador sem a menor qualidade como titular absoluto do Flamengo, para vingar-se do passado humilhante que sofreu no clube. Sente-se vingado, e desafia com uma risada sinistra qualquer herói, pode ser até o Super-Henrin, a mudar a sua maquiavélica atitude, fazendo sofrer toda uma Nação.
Assim como O Insubstituível, o elenco é velho, parando na esquina, necessitando, urgentemente, de uma transfusão de sangue jovem que o reanime. O primeiro tempo do jovem Thomás mostrou o bem que tal medida pode trazer para o nosso time.
O comandante é um treinador velho, superado, que se agarra às suas convicções e conduz o Flamengo como a um carro velho sem força de ultrapassagem, jogando a seta para o lado direito da pista, facilitando a chegada dos outros times à zona projetada por ele, e a diretoria, como o objetivo final da estrada. Nosso pára-brisa começa a embaçar, enquanto nosso retrovisor está ficando tenso.
Temos peça de reposição que nos reconduzam a um ritmo mais forte, emperrado por peças desgastadas. Tanto desprezo e falta de paciência com a garotada, fazendo supor um amadurecimento gradual é suspeito. É no fogo bem mais forte que se forja o aço bom.
Fico estarrecido quando leio, ou escuto dizerem que o Luxemburgo livrou o Flamengo do rebaixamento, ano passado. Ao que consta, o único clube que o Vanderlei livrou da segundona foi o Atlético-MG, quando saiu do comando técnico do Galo mineiro. No Mais Querido, o Luxemburgo conquistou, dos treze jogos disputados em 2010, dez suados pontos! E, não encontrou o Flamengo na zona de rebaixamento!
A diretoria é velha, na mentalidade. Reacionária, impediu as reformas do Galinho, logo depois, permitindo o arrendamento do futebol do clube por um aventureiro, fincando um boneco de bolo confeitado, no departamento, para sugerir a presença dos interesses do clube.
A presidente? O que falar? Quem imaginaria o Márcio Braga proferindo: "A Libertadores é o pôjeto"? Vejam bem, a Libertadores, meramente, e não a conquista da mesma!
A torcida? Está velha? Esquematizada? Que torcida é essa?
O Flamengo está velho, corroído, e nunca teve um aporte financeiro como esse atual, para montar uma estrutura de treinamentos, e um elenco que honrem as nossas tradições. Mas, essa grana vai dissolver-se, nos arranjos políticos e empresariais, sem que o Flamengo receba os totais benefícios.
Não vou entrar, por enquanto, no mérito da permanência de alguns jogadores no clube, para o ano que vem. Só espero que considerem a lógica eficaz do custo-benefício, inclusive, para a comissão técnica. Porém, qualquer julgamento que for aplicado, deve levar em conta a permanência do treinador. O treinador, que este ano renovou o contrato de Fernando Rincón, prepara o asilo do Renato Abreu por mais dois anos! E já ameaçou "mandar renovar" com o Angelim. O Flamengo não é um clube de previdência esportiva, seus objetivos sociais são outros, e suas ambições de caráter competitivo, no futebol, que é o seu carro-chefe, devem ser do tamanho da sua grandeza. Precisa, urgentemente, tornar-se uma instituição contemporânea, sem perder o seu passado de glórias.
SRN!