quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entre os reis do empate o que era mais provável acontecer? Empacou!

Rodrigo Romeiro

Saudações Caros Butequeiros Rubro-Negros. Vínhamos de numa sequência de vitórias fantásticas. Uma virada improvável contra o América, com um gol no final. Outra vitória suada, fora de casa, contra o São Paulo, também com gol próximo ao final do jogo. E, a mais inacreditável delas, a virada contra o Fluminense, com dois gols depois dos 40 minutos do segundo tempo. Quando parecia que o time estava morto e enterrado, depois de uma incrível série de 10 jogos sem vitórias, renascemos das cinzas, vencendo partidas dificílimas e contra adversários, com exceção do América, considerados favoritos. Tudo indicava que a maré tinha mudado e, diante de uma tabela um pouco menos complicada nos próximos jogos, voltaríamos à disputa pelo título.


Mas isso aqui é Flamengo porraaaa. E, claro, nada, nunca, segue uma ordem lógica e se desenrola de forma racional. Mesmo sem Ronaldinho, ontem enfrentamos um Palmeiras esfacelado, com uma baita crise interna e com indícios de que muitos jogadores adversários jogariam com má vontade. Uma sonora goleada era esperada, inclusive para decretar a queda do Felipão. A rodada toda favorecia, Corinthians e São Paulo tropeçavam em casa, e uma simples vitória nos levaria ao terceiro lugar, empatados em pontos com o segundo colocado, e a um mísero pontinho do líder.


Porém, o final feliz não veio, como todos queriam acreditar, mas quem é Flamengo nunca espera, mais uma vez, empatamos, ou melhor, empacamos. Palmeiras e Flamengo são os reis do empate e nada mais emblemático do que os confrontos entre ambos no Brasileirão terem acabado como começaram. Morreram ontem abraçadinhos. Para o Flamengo a briga pelo título parece improvável, menos pela tabela e mais pelo futebol. E para o Palmeiras, a briga pela Libertadores, agora, parece impossível.


Aquela virada contra a aristocracia tricolor foi a redenção do povo, de forma abrupta, inesperada e que aflorou toda a falta de esportividade de quem não consegue ver o mérito do feito fantástico realizado pelo outro. Parecia impossível, mas fomos lá e fizemos. Já contra o Palmeiras, realizamos novamente o que parecia impossível, não ganhamos. Vejam, Caros Butequeiros, que não era um Palmeiras qualquer; era um Palmeiras que não tinha concentrado, em que jogadores fizeram motim na véspera do jogo, do qual o craque do time está definitivamente afastado e com um time titular, individualmente, medonho.


Empacamos e fica cada vez mais nítido que esse time do Flamengo tem uma característica marcante, que já é notória e histórica no clube, a de realizar feitos inacreditáveis, para o bem e para o mal. Uma coisa incompreensível prá mim é como o time pode ter o melhor ataque do campeonato, sendo que tem enormes dificuldades para criar chances de gol. Não só de criar, mas também de colocar a bola prá dentro. Não consigo entender. Olho a tabela e vejo: Flamengo, 48 gols, melhor ataque do campeonato. Vejo os jogos e concluo: como o time tem dificuldades de dominar os adversários, de criar chances de gol, de pressionar, de se impor, de contra-atacar, de fazer gols quando precisa. Esse é mais um paradoxo rubro-negro.


As variações táticas e os resultados delas também me intrigam. Ontem jogamos com o modorrento esquema com três volantes no primeiro tempo. Resultado: um gol inacreditavelmente perdido pelo Flamengo e uma chance claríssima para o Palmeiras. No segundo tempo, o terceiro volante foi sacado (erroneamente, pois tinha que sair o Renato) e um terceiro atacante entrou no time. Resultado: jogo equilibrado novamente, um gol prá cada lado.


Não gosto de três volantes, mas as peças que temos para substituí-los também não me convencem, principalmente as de ataque, e não vejo o time crescendo tanto de produção quando um deles é sacado. Mas, por uma questão de coerência histórica com as nossas tradições ofensivas, acredito que o terceiro volante deve ser limado do time, o quanto antes. Botinelli ontem não foi tão mal e encaixaria como uma luva no lugar do Renato. Luxemburgo, o homem bate falta de longe também, vira o jogo também, demonstrou liderança ao dizer ao Tiago neves que aquela era dele e corre mais do que o veterano. Que tal?


Não perdi a fé, Caros Butequeiros. Quem é Flamenguista acredita até o fim, sempre. Mas está claro que o time parece não ter os requisitos mínimos para ser campeão. O mais básico deles é abater as galinhas mortas em momentos decisivos. Ontem enfrentamos um arremedo de time profissional e motivação para a vitória não nos faltava. Mas, mais uma vez, de forma inacreditável, empacamos.