E é justamente a fé que move o torcedor. Nós, torcedores do Flamengo, vivenciamos ilusões em conjunto. A ilusão que determinada formação é a melhor, a ilusão que determinado jogador está dando tudo de si e concentrado, a ilusão que o treinador faz plenamente o seu trabalho sem se ocupar com questões alheias ao rendimento ótimo do time. E por estas ilusões mesmo enquanto confrontam a realidade, nós erguemos bandeiras, insistências e até debatemos como se verdades fossem. Mas como determinar a verdade de uma opinião formada apenas na observação externa e no conhecimento empírico de futebol? Como esta suposta verdade pode ser confrontada com outras supostas verdades?
Uma formação não testada, por exemplo, enquanto não transformada em realidade pode ser a ilusão da formação perfeita. E enquanto não é testada pode, ao longo do tempo, se transformar em mito caso a situação presente não apresente resultados positivos e a ânsia de vê-la em ação aumente. E dentro destes mitos, ilusões de cada um da torcida, o treinador tem as suas próprias. Construídas através das experiências de trabalho, acúmulo de cargas positivas ou negativas que traz de outros times, e opinião formada sobre determinados jogadores e formações táticas. Tudo isto, juntando a carga de responsabilidade que carrega, o faz cego, surdo e mudo às interferências externas. Estas zumbem em seu ouvido, mas não o influenciam a ponto de revolucionar seus conceitos enquanto em pleno campo de trabalho.
Por isto, amigos, temos que ter consciência que o que defendemos em se tratando do time de futebol, no qual o emocional também fala muito forte, é muitas vezes ilusão. A realidade está em campo, no jogo, no treinamento, no vestiário, e, paradoxalmente no conjunto das ilusões do treinador e elenco. Quando a torcida consegue entrar em sintonia com este conjunto e passa a compartilhar o mesmo sentimento, a ilusão se torna realidade e o time pode crescer em campo obtendo melhores resultados. Este é o mistério da fé.
