quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Os Desafios no Caminho do Urubu

Bon Giorno, Buteco! Depois de um bom tempo, pudemos usufruir de uma pausa no meio da semana para reflexão, e o time para treinar. Essa pausa trouxe a oportunidade que eu esperava para escrever sobre o que se passou nessa fase de classificação na Taça Guanabara e o que podemos esperar nos futuros próximo e remoto. Bem, eu acho que é tarefa difícil apontar os defeitos, sem parecer cri-cri ou chato, quando o time tem um aproveitamento excelente como o que apresentou até aqui - seis jogos, seis vitórias; dezoito pontos conquistados; primeira colocação do grupo praticamente conquistada, salvo catástrofe daquelas poucas vezes vista na história do futebol. Mas eu acho que o time, apesar de ter melhorado extraordinariamente desde o ano passado, apresenta problemas que, se não corrigidos, impedirão as conquistas que a torcida tão almeja, o que, diante dos reforços contratados, acarretará uma das maiores decepções dos últimos tempos. Então, começarei com o que interessa, descartando a partida contra o Resende, na qual o Flamengo parece que simplesmente cumprirá tabela, o Luxemburgo fará experiências e tentará dar ritmo de jogo ao Ronaldinho Gaúcho e ao Thiago Neves.

Fla-Flu na Semifinal da Taça Guanabara - não estou precipitando nem adivinhando. Olhem a tabela. Está decidido. Então não perderei tempo e já adianto, talvez criando polêmica, que, se houver favorito, é o Fluminense. (Aguardo as pedras) Desculpem-me, pois eu sei que, para a maioria da torcida do Flamengo, é o adversário que faz aflorar com mais intensidade o sentimento de rivalidade futebolística, mas a verdade é que tem um time pronto, taticamente bem montado e definido, e também com alta qualidade técnica. Ontem tropeçou em casa, mas contra um Argentinos Juniors forte, que não parece ter vindo à Libertadores apenas para fazer figuração. O bom disso tudo é que em Fla-Flu jamais há favorito, mas eu não gosto de tapar o sol com a peneira e preciso lembrar que o nosso time está em formação, o treinador ainda não encontrou a escalação ideal, os reforços de maior investimento ainda não chegaram aos seus estados físico e técnico perfeitos e, amigos, temos problemas sérios na zaga e no comando do ataque. Por outro lado, é apenas um jogo, e em noventa minutos, ainda mais num clássico decisivo, tudo pode acontecer, todos sabemos disso.

O Esquema Tático - quem acompanha o Buteco talvez já tenha lido o que eu escrevi a respeito da melhor forma de aproveitar o Ronaldinho Gaúcho. Pois então vou aproveitar essa oportunidade para dizer, mais uma vez, que não adianta escalar volantes que não sabem dar um passe e ainda por cima deixá-los subir ao ataque para armar o jogo. Mas deixarei os volantes para falar um pouco mais abaixo. Antes disso, gostaria de polemizar mais um pouco e perguntar a vocês: Thiago Neves, Ronaldinho Gaúcho e Bottinelli podem jogar juntos? Vejam bem, o nosso "Carrossel" de 1981 girava com quatro jogadores que tinham características de armadores (Zico, Adílio, Tita e Lico), mas eram outros tempos e aquele time podia se dar ao luxo de jogar apenas de forma cadenciada e ponto final. Agora, estamos em 2011, Século XXI, e o que quero saber é se o Ronaldinho Gaúcho ainda tem condições de jogar em velocidade pela ponta, se o Thiago Neves tem condições de fazer o mesmo pelo outro lado, pois alguém precisa fazer isso, certo? O Bottinelli parece ser o ideal para jogar centralizado, mas se um dos outros dois não puder jogar pela ponta, o trio pode desafinar, ou não? Só mesmo adversários de qualidade, jogos de grande porte, como o Fla-Flu da semifinal da Taça Guanabara, poderão nos ajudar a dar a resposta.

Os Volantes - repetindo as colunas anteriores: sem volantes que saibam distribuir o jogo, as jogadas já nascem tortas, o time fica lento, o Ronaldinho Gaúcho não será aproveitado, pois obviamente receberá a bola marcado por trezentos volantes do outro time, e ainda por cima dirão que ele está saindo à noite, que amarelou, que não é profissional, etc. Não, não, não tenho a pretensão de ressuscitar o Barcelona de 2004, mas não é demais, por outro lado, imaginar o Flamengo, o C. R. Flamengo tendo um time que jogue pra frente com onze jogadores que tratem a bola com intimidade, sem errar passes. Eu tenho 41 anos e tenho a perfeita dimensão do tamanho do meu clube e o que eu estou pedindo não é nada demais. A propósito, para cada cruzamento que o Willians dá para o Negueba empatar um jogo, quantos contra-ataques ele arma para o adversário? E quando esse adversário for qualificado, numa competição como a Copa do Brasil ou o Campeonato Brasileiro?

Zaga - Algo precisa ser feito, e com urgência. Welinton e David Braz são bons zagueiros, mas para a reserva; se usar muito, gasta e aí complica. Jean é algo que, sinceramente, eu não encontro parâmetro, explicação. E o Angelim, bem, é caso para o X Files, porque ele ser a quarta opção nesse grupo é trabalho para o Mulder e a Scully, se é que vocês me entendem...Lateral Esquerda - Egídio e Rodrigo Alvim? Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come... Para o Anderson ainda é cedo. Precisamos de um titular para a posição.

Maldonado - o nosso querido chileno ainda tem condições físicas de jogar no nível de 2009, antes de sua contusão? A conferir, pois em 2010 isso não aconteceu. E quem está escrevendo isso aqui, com dor no coração, é um grande fã.

Renato Abreu - essa coluna é a minha "coluna de despedida" do assunto "Artilheiro do Século". Não, eu não surtei, mas eu também não tenho vocação pra vitrola, gravador ou papagaio (pelos termos, nota-se que não sou exatamente um adolescente). É que o tema será recorrente esse ano, haja vista que o Luxemburgo parece determinado a encontrar um lugar cativo para ele, Renato, no time. Arrisco dizer que o Ronaldinho Gaúcho irá para o banco de reservas, mas não o Renato Abreu. Tenho algo contra o Renato Abreu? Não. Como inclusive já escrevi em colunas anteriores aqui no Buteco, tenho gratidão a um jogador que sempre honrou e suou o Manto Sagrado, ainda por cima sendo o que mais marcou gols pelo clube nesse século. Porém, se o Petkovic, que é o Petkovic, que ajudou a formar duas gerações de torcedores sendo protagonista de dois títulos inesquecíveis e importantíssimos na gloriosa História do Clube, eu não poupei, dizendo que era o momento de sair, por que não farei o mesmo com o Renato Abreu? Pois eu repito, e pela última vez: o Renato Abreu não tem condições de jogar no Flamengo; não no Flamengo que se pretende formar, do nível de jogadores como os que foram contratados esse ano, pois seu nível técnico, que não lhe permite acertar um passe, o desqualifica para tanto. É uma pena, mas, como tudo na vida, acabou ou já deveria ter acabado.

Ataque - o Deivid, contra adversários do nível de quarta ou quinta divisão do campeonato brasileiro, tem feito gols. Aguardemos contra adversários de maior nível. A questão que gostaria de pontuar, antes de me despedir de vocês, é que, num time com características como as que o Flamengo está apresentando, ou seja, com muitos armadores de jogadas, precisa de um centroavante que seja "o cara", como foi o Adriano em 2009, que, sozinho, deu conta do recado. O cara tem que ter mobilidade, dar alternativas, e resolver. Sem isso, o Flamengo terá que ensaiar muitas jogadas para que outros jogadores possam concluir a gol, por que a bola não baterá no poste toda hora e não será toda hora que a direção que ela tomará será a do fundo das redes.

É isso, galera. Fiquem com Deus.

Bom dia e SRN a todos.