segunda-feira, 8 de novembro de 2010

De Volta à Calculadora

Bom dia, Buteco! Por aqui, em Brasília, o dia amanheceu nublado, chovendo. Dá vontade de nem levantar da cama. Desânimo total. Bem, segunda-feira passada, eu escrevi aqui, neste mesmo espaço, substituindo o meu amigo Patrick, que contava com os três pontos do jogo de ontem, contra o "freguês" Atlético/PR (em jogos no Rio de Janeiro). Cá estou novamente, substituindo o amigo Patrick (que, ainda no exterior, não conseguiu "achar" o jogo ontem e por isso se viu novamente sem condições de escrever a coluna, mas volta semana que vem), mas dessa vez para tentar explicar uma derrota e dizer que a situação parece ser de desespero, porém ainda não devemos nos desesperar.

Primeiro, o campeonato. Ao contrário das edições anteriores, eu vejo na desse ano uma característica diferente: é que, nas anteriores, os times que estavam próximos à ZR, ou na própria, a essa altura, ou seja, nas rodadas finais, disparavam a ganhar de todo mundo, inclusive de quem estivesse no topo da tabela, e com isso o número da pontuação mínima para permanência na Série A subia bastante. Foi assim que o Coritiba caiu com 45 pontos em 2009, entrando pela primeira vez na ZR na última rodada (!). Trágico destino, sem dúvida, e ninguém quer repeti-lo, claro.

Esse ano parece ser diferente. Reparem que os times que estão mais próximos à ZR, e que não é o caso do Flamengo, que permanece com incríveis, porque poucos, 3% (três por cento) de chances de cair, não conseguem ganhar de ninguém, e por isso a ZR permanece a quatro pontos de distância ou, quando menos, a uma rodada de distância ou de "segurança".

Outro aspecto interessante, e que tem se mostrado razoavelmente uniforme em relação às equipes nas últimas rodadas, e particularmente na última, é que as do topo, que brigam pelo título ou Libertadores, não tem perdido seus jogos para as do pelotão debaixo, que brigam para fugir da ZR, sendo o mais comum a vitória dos times do pelotão de cima sobre os do pelotão debaixo.

Bem, o que quero dizer com isso é que temos dois confrontos diretos, contra dois adversários diretos na luta contra a fuga da ZR, nas duas próximas rodadas, e que, com seis pontos, ou seja, duas vitórias, acredito que a permanência na Série A em 2011 estará garantida.

Os dois últimos jogos serão, o primeiro, contra uma equipe que muito provavelmente ainda estará disputando o título, o Cruzeiro, e, embora seja no Rio de Janeiro, será difícil vencer, embora nunca impossível, e o último jogo será fora de casa, contra o Santos, na Vila Belmiro. O Santos já está classificado para a Libertadores e não disputa mais o título. É, do pelotão de cima, o time que mais vacila contra os que estão mais abaixo, mas é, até pela juventude de seus atletas, uma equipe de comportamento completamente imprevisível. Enfim, é melhor não deixar as coisas para a última hora, se é que vocês me entendem...

De qualquer modo, gostaria de deixar claro que, na minha opinião, não é momento de se desesperar. E digo o porquê explicando como vi o jogo de ontem.

O jogo

Taticamente, vi o tal losango que o Patrick, titular da coluna de segunda-feira, tanto defenestra. Maldonado um pouco mais recuado, Willians pela direita e Renato Abreu mais pela esquerda, os três como volantes. Guilherme Negueba era o meia mais avançado e passou o primeiro tempo caindo pelos lados do campo. Contudo, foi o Atlético/PR um pouco mais agudo, levando o Lomba a fazer pelo menos duas ótimas defesas, embora o domínio tenha sido do Flamengo.

O lance do Maldonado foi inexplicável. Foi coisa de zagueiro de várzea. Não serei eu, contudo, a crucificá-lo. Devo lembrar a quem eventualmente esteja com a memória fraca o que ele representa e pode ainda representar nessa reta final. Devo lembrar ainda o quanto ele jogou o resto da partida. Todo mundo erra e fica aqui o meu perdão ao chileno. Eu conto contigo e confio em você, Maldonado.

No segundo tempo parecia que o Flamengo iria ao menos empatar. E é nesse ponto que eu gostaria de chamar os amigos a uma reflexão. Não vi em momento algum o time desesperado, não vi em momento algum qualquer bagunça tática na equipe, que "girou" o jogo o tempo todo, sendo que lateral foi lateral, meia foi meia, atacante foi atacante o tempo todo.

Os destaques negativos, em termos de atuações individuais, para mim, foram o Juan e o Deivid, simplesmente horrorosos, medonhos. Gostei muito do Marquinhos, que entrou no segundo tempo. O menino Negueba é talentoso, mas parece que ainda falta um pouco mais de força física para suportar uma sequência de jogos no futebol profissional brasileiro de primeira divisão. Diego Maurício alternou bons e maus momentos, mas realmente me agrada a forma como ele não se omite e tenta as jogadas. Ficou claro, contudo, que o Luxemburgo não optou, sob o aspecto técnico, pelo melhor jogador na escalação no início da partida. Em condições ideais, o menino é titular absoluto desse time.

É preciso ainda destacar a atuação individual do goleiro do Atlético/PR, que fez uma defesa milagrosa numa conclusão do Diego Maurício. E realmente houve vários erros de finalização. O resultado não condiz com o que foi o volume de jogo e de chances criadas pelo Flamengo, mas todos sabemos que o Futebol flerta entre a Justiça e a Injustiça há muito tempo e nunca se decide entre as duas irmãs Karamazov...

Gostaria de finalizar que é essa organização tática que o time possui que me faz acreditar em bons resultados especialmente nas próximas duas rodadas. Creio que o momento seja de apoio e de tranquilidade. Não é hora de aumentar a pressão que a posição na tabela naturalmente está a exercer sobre os jogadores.

Bom dia e SRN a todos.